Opinião
A China e a volatilidade dos mercados no arranque de 2016
Por entre o abrandamento da China e o seu maior impacto nos mercados emergentes, também existem oportunidades para os investidores que procuram rendimento.
Com os receios acerca do abrandamento económico da China, os mercados têm tido um início de 2016 volátil. No entanto, com os mercados financeiros chineses ainda relativamente fechados aos investidores internacionais, que impacto tem o Império do Meio para aqueles que investem à procura de rendimento? A influência da China é agora sentida em todo o mundo, particularmente onde foi um driver essencial do crescimento, como nos países emergentes exportadores de matérias-primas. Contudo, como o crescimento da procura chinesa de matérias-primas abrandou, muitas empresas mineiras foram afetadas. Isto deixou muitos com problemas para enfrentar um mundo com matérias-primas a preços mais baixos, com os dividendos pagos aos investidores a serem ameaçados.
No entanto, por entre o abrandamento da China e o seu maior impacto nos mercados emergentes (ME), também existem oportunidades para os investidores que procuram rendimento. Como aumentaram os receios quanto ao impacto da China na saúde do universo dos ME, muitos ativos relacionados foram alvo de fortes vendas, e o valor das divisas dos ME registaram declínios acentuados. Dentro da dívida local de mercados emergentes (DME), por exemplo, os investidores podem agora beneficiar com as rendibilidades atrativas - quer nominais quer reais - enquanto a dimensão de depreciação das divisas assegura uma margem de segurança daqui para a frente.
China, deflação e bancos centrais
O maior impacto que a China tem nos investidores que procuram rendimento é talvez através da sua influência nas taxas de juro. Alguns investidores preocupam-se com o fato da China estar a procurar desvalorizar a sua divisa, impulsionando deste modo artificialmente a procura externa dos seus bens. Isto ajuda a resolver o problema de excesso de capacidade de produção na China e faz descer a taxa de inflação nos mercados desenvolvidos. Por sua vez, isto reduz o ímpeto dos bancos centrais para aumentar as taxas, com os investidores a terem pois de reconsiderar a sua posição no que se refere à duração.
Embora isto seja um risco de que continuamos cientes, não é o nosso caso base. Na verdade, pensamos que é a inflação, e não a deflação, que deveria preocupar os investidores. Esta está já a aumentar à medida que os efeitos das quedas passadas dos preços das matérias-primas saem dos cálculos de inflação. Caso haja pressões do crescimento dos salários, a inflação poderá aumentar mais rapidamente do que o previsto, forçando os bancos centrais a inverter as políticas acomodatícias ou a aumentar as taxas de juro mais rapidamente que o previsto. Neste contexto, os ativos tais como os empréstimos, que têm uma taxa variável, podem proteger os investidores.
O dilema do rendimento deve-se ao oriente
Durante o mês passado, as notícias acerca da China e do Japão serviram para realçar o dilema do rendimento que os investidores centrados no rendimento atualmente enfrentam. Com os receios acerca da China a dominarem os mercados em janeiro, muitos procuraram os títulos de dívida pública de elevada qualidade como refúgio. No entanto, a adoção de taxas de juro negativas por parte do Banco do Japão realça as fracas rendibilidades oferecidas pelos ativos de rendimento tradicionais. Embora o impacto imediato possa não ser significativo, o fato de ter adotado um nível inferior ao mínimo (de uma taxa de juro zero) irá fazer baixar as rendibilidades ("yields") dos títulos de dívida pública ao longo de toda a curva de rendimentos. Houve quem argumentasse que a adoção de taxas de juro negativas pelo Banco do Japão e pelo BCE abre caminho para taxas de juro muito mais baixas numa futura crise, o que irá agravar ainda mais o dilema do rendimento que os investidores estão a enfrentar.
Apesar de não termos qualquer exposição aos títulos de dívida pública japoneses, a nível global as "yields" dos títulos de dívida pública continuam baixas. Vemos portanto as nossas aplicações de rendimento tradicionais como uma forma de proteção da carteira, com oportunidades nos ativos Híbridos e de Crescimento (Growth) a servirem para aumentar o nível geral de rendibilidade da carteira.
Uma política monetária mais expansionista na China é positiva para o "high yield" asiático
Apesar do 'maturity wall' estar iminente, o "high yield" asiático tem-se mostrado resistente nos últimos meses, ajudando a diluir o impacto da volatilidade noutros lados. Representando aproximadamente metade do mercado de "high yield" asiático, a China é uma componente regional importante, com os emitentes chineses a beneficiarem com um ambiente mais favorável à medida que o banco central reduz as taxas de juro. Os emitentes chineses estão a aproveitar esta situação para se refinanciarem a custos mais baixos, bem como para redenominarem a sua dívida em dólares para yuans.
Embora isto seja positivo para o setor, continuamos a acreditar que o "high yield" norte-americano oferece as maiores oportunidades para os investidores que procuram rendimento, beneficiando com as avaliações atrativas, um 'maturity wall' alargado e o crescimento económico dos EUA.
Os dividendos estão sob pressão?
Continuamos com uma posição neutral no que se refere às ações, utilizando a fraqueza atual para aumentar nos empréstimos e nas obrigações "high yield". Embora os dividendos dos setores relacionados com as matérias-primas estejam sob pressão devido aos preços baixos do petróleo e das matérias-primas, este cenário negativo não é necessariamente replicado noutros setores de ações.
Existem fortes oportunidades para os investidores no rendimento entre as empresas asiáticas que pagam dividendos, que têm um potencial significativo para aumentarem os seus dividendos com o decorrer do tempo. Neste sentido, a China é particularmente importante. Na China, muitas ofertas públicas de venda iniciais são efetuadas por empresas detidas pelo Estado, que estabeleceu que as empresas podem começar imediatamente a pagar dividendos. Esta medida ajudou a tornar a China numa das regiões com maior crescimento de dividendos da Ásia.
Apesar de termos uma exposição específica às empresas asiáticas que pagam dividendos, as nossas aplicações em infraestruturas estão concentradas nos mercados desenvolvidos. Continuamos otimistas quanto a esta classe de ativos, que proporciona uma diversificação útil às classes de ativos tradicionais. Na verdade, isto ajudou a proteger a carteira durante um mês de janeiro volátil.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
No entanto, por entre o abrandamento da China e o seu maior impacto nos mercados emergentes (ME), também existem oportunidades para os investidores que procuram rendimento. Como aumentaram os receios quanto ao impacto da China na saúde do universo dos ME, muitos ativos relacionados foram alvo de fortes vendas, e o valor das divisas dos ME registaram declínios acentuados. Dentro da dívida local de mercados emergentes (DME), por exemplo, os investidores podem agora beneficiar com as rendibilidades atrativas - quer nominais quer reais - enquanto a dimensão de depreciação das divisas assegura uma margem de segurança daqui para a frente.
O maior impacto que a China tem nos investidores que procuram rendimento é talvez através da sua influência nas taxas de juro. Alguns investidores preocupam-se com o fato da China estar a procurar desvalorizar a sua divisa, impulsionando deste modo artificialmente a procura externa dos seus bens. Isto ajuda a resolver o problema de excesso de capacidade de produção na China e faz descer a taxa de inflação nos mercados desenvolvidos. Por sua vez, isto reduz o ímpeto dos bancos centrais para aumentar as taxas, com os investidores a terem pois de reconsiderar a sua posição no que se refere à duração.
Embora isto seja um risco de que continuamos cientes, não é o nosso caso base. Na verdade, pensamos que é a inflação, e não a deflação, que deveria preocupar os investidores. Esta está já a aumentar à medida que os efeitos das quedas passadas dos preços das matérias-primas saem dos cálculos de inflação. Caso haja pressões do crescimento dos salários, a inflação poderá aumentar mais rapidamente do que o previsto, forçando os bancos centrais a inverter as políticas acomodatícias ou a aumentar as taxas de juro mais rapidamente que o previsto. Neste contexto, os ativos tais como os empréstimos, que têm uma taxa variável, podem proteger os investidores.
O dilema do rendimento deve-se ao oriente
Durante o mês passado, as notícias acerca da China e do Japão serviram para realçar o dilema do rendimento que os investidores centrados no rendimento atualmente enfrentam. Com os receios acerca da China a dominarem os mercados em janeiro, muitos procuraram os títulos de dívida pública de elevada qualidade como refúgio. No entanto, a adoção de taxas de juro negativas por parte do Banco do Japão realça as fracas rendibilidades oferecidas pelos ativos de rendimento tradicionais. Embora o impacto imediato possa não ser significativo, o fato de ter adotado um nível inferior ao mínimo (de uma taxa de juro zero) irá fazer baixar as rendibilidades ("yields") dos títulos de dívida pública ao longo de toda a curva de rendimentos. Houve quem argumentasse que a adoção de taxas de juro negativas pelo Banco do Japão e pelo BCE abre caminho para taxas de juro muito mais baixas numa futura crise, o que irá agravar ainda mais o dilema do rendimento que os investidores estão a enfrentar.
Apesar de não termos qualquer exposição aos títulos de dívida pública japoneses, a nível global as "yields" dos títulos de dívida pública continuam baixas. Vemos portanto as nossas aplicações de rendimento tradicionais como uma forma de proteção da carteira, com oportunidades nos ativos Híbridos e de Crescimento (Growth) a servirem para aumentar o nível geral de rendibilidade da carteira.
Uma política monetária mais expansionista na China é positiva para o "high yield" asiático
Apesar do 'maturity wall' estar iminente, o "high yield" asiático tem-se mostrado resistente nos últimos meses, ajudando a diluir o impacto da volatilidade noutros lados. Representando aproximadamente metade do mercado de "high yield" asiático, a China é uma componente regional importante, com os emitentes chineses a beneficiarem com um ambiente mais favorável à medida que o banco central reduz as taxas de juro. Os emitentes chineses estão a aproveitar esta situação para se refinanciarem a custos mais baixos, bem como para redenominarem a sua dívida em dólares para yuans.
Embora isto seja positivo para o setor, continuamos a acreditar que o "high yield" norte-americano oferece as maiores oportunidades para os investidores que procuram rendimento, beneficiando com as avaliações atrativas, um 'maturity wall' alargado e o crescimento económico dos EUA.
Os dividendos estão sob pressão?
Continuamos com uma posição neutral no que se refere às ações, utilizando a fraqueza atual para aumentar nos empréstimos e nas obrigações "high yield". Embora os dividendos dos setores relacionados com as matérias-primas estejam sob pressão devido aos preços baixos do petróleo e das matérias-primas, este cenário negativo não é necessariamente replicado noutros setores de ações.
Existem fortes oportunidades para os investidores no rendimento entre as empresas asiáticas que pagam dividendos, que têm um potencial significativo para aumentarem os seus dividendos com o decorrer do tempo. Neste sentido, a China é particularmente importante. Na China, muitas ofertas públicas de venda iniciais são efetuadas por empresas detidas pelo Estado, que estabeleceu que as empresas podem começar imediatamente a pagar dividendos. Esta medida ajudou a tornar a China numa das regiões com maior crescimento de dividendos da Ásia.
Apesar de termos uma exposição específica às empresas asiáticas que pagam dividendos, as nossas aplicações em infraestruturas estão concentradas nos mercados desenvolvidos. Continuamos otimistas quanto a esta classe de ativos, que proporciona uma diversificação útil às classes de ativos tradicionais. Na verdade, isto ajudou a proteger a carteira durante um mês de janeiro volátil.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.