Opinião
A agenda política
Um político revela-se quando, parecendo estar à mercê da oposição, desaparece do lugar do sacrifício anunciado e surpreende os opositores.
Um político revela-se quando, parecendo estar à mercê da oposição, desaparece do lugar do sacrifício anunciado e surpreende os opositores. Miguel Relvas mostrou esse instinto quando chegou à Comissão parlamentar que o queria ouvir sobre a extinção da Movijovem e a fusão do IPJ com o IDP. Sun Tzu dizia que: "a suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar". Relvas refez a tese: não lutou e deixou o PS a lutar consigo próprio devido a uma montanha de facturas não contabilizadas que atirou para cima da mesa. A notícia passou a ser outra: as facturas e não a fusão e a extinção. A confusão, tipificada por um Laurentino Dias que chegou a ser acusado de ser secretário de Estado do Desporto, exemplifica também os labirintos insondáveis do universo dos Institutos do Estado. Independentemente dos estilhaços que esta bomba poderá causar (até no actual Governo), o que é notório é que a forma como foi atirada revela um corte radical com a estratégia de criação da agenda política que era típica do consulado Sócrates. Não havendo dinheiro para se prometer a festa, os foguetes e o piquenicão, o novo Governo optou por uma táctica onde os factos políticos criados causam a perturbação nos cépticos ou nos opositores. Como a constelação estatal deve estar cheia de garrafinhas de mau cheiro destas imagina-se o que poderá surgir daqui em diante. Mas esta acção do ministro dos Assuntos Parlamentares mostra que há quem seja hábil na definição da agenda política. Especialmente numa altura em que o PS está em banho-maria e a oposição de rua ainda está a desenhar os cartazes.
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