Opinião
O preço de saldo na OPA sobre o BPI
O mais curioso em todo este processo é que é aconselhado aos accionistas a não venderem porque o preço é baixo.
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Tiro o chapéu a Fernando Ulrich e à sua equipa pela forma como conseguiram responder, formalmente e em comunicado, à OPA lançada pelo CaixaBank sobre o BPI. A tarefa não era fácil e, se fosse possível, a administração do BPI não se teria pronunciado sequer.
Foram coerentes, dizendo que o preço é baixo. Mas adoçaram o relatório, dizendo que a OPA é " oportuna e amigável". Podemos discutir se é amigável ou não mas, vinda do accionista que detém mais de 40%, compreende-se perfeitamente. Oportuna foi uma palavra muito bem escolhida porque esta OPA pode ajudar a resolver questões complicadas do banco, nomeadamente a questão angolana. Mas eu acrescentaria a palavra "oportunista" porque aproveitou a legislação aprovada pelo Governo para o final dos direitos de votos para assumir o controlo da empresa, a um preço muito, muito baixo.
Apesar da forma astuta como foi redigido o comunicado, o facto de termos tido o voto contra de quatro administradores mostra bem como cada um está a defender os interesses de quem representa. O facto de não termos lido uma palavra sobre se os administradores venderiam ou não na OPA provoca um silêncio ensurdecedor, sinalizando que o preço é ridículo.
O mais curioso é que neste comunicado praticamente é aconselhado aos accionistas a não venderem porque o preço é baixo, apesar de a OPA ser boa para o banco. Não é estranho. Com facilidade, o CaixaBank conseguirá a maioria necessária para controlar o BPI. Não precisa de convencer os pequenos accionistas. E só subirá o preço se quiser mesmo ficar com uma esmagadora maioria. Caso contrário, manterá este preço de saldo.
Tiro o chapéu a Fernando Ulrich e à sua equipa pela forma como conseguiram responder, formalmente e em comunicado, à OPA lançada pelo CaixaBank sobre o BPI. A tarefa não era fácil e, se fosse possível, a administração do BPI não se teria pronunciado sequer.
Apesar da forma astuta como foi redigido o comunicado, o facto de termos tido o voto contra de quatro administradores mostra bem como cada um está a defender os interesses de quem representa. O facto de não termos lido uma palavra sobre se os administradores venderiam ou não na OPA provoca um silêncio ensurdecedor, sinalizando que o preço é ridículo.
O mais curioso é que neste comunicado praticamente é aconselhado aos accionistas a não venderem porque o preço é baixo, apesar de a OPA ser boa para o banco. Não é estranho. Com facilidade, o CaixaBank conseguirá a maioria necessária para controlar o BPI. Não precisa de convencer os pequenos accionistas. E só subirá o preço se quiser mesmo ficar com uma esmagadora maioria. Caso contrário, manterá este preço de saldo.
Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui
Analista Dif Brokers
ulisses.pereira@difbroker.com
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