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Não querem fechar a bolsa?

Um mercado onde se torna claro que há accionistas de primeira e de segunda não é o local mais apetecível para se investir.

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Há uma semana que as acções do BPI se encontram suspensas - uma eternidade nos mercados. Não censuro a decisão da CMVM em suspender os títulos enquanto não forem prestadas informações esclarecedoras sobre o pretenso (tenho de utilizar esta palavra pois ele não é conhecido) acordo entre o CaixaBank e Isabel dos Santos. Mas é inaceitável que uma cotada deixe os seus accionistas sem informação relevante todo este tempo.

Alguém imagina isto acontecer numa das principais empresas da bolsa americana? Obviamente que não. O país iniciou uma contagem decrescente sobre a data-limite para a resolução do problema BPI mas, a partir do momento em que anunciaram o fim do impasse, as preocupações terminaram. Infelizmente, muitos continuam a querer negociar as acções em bolsa e não o podem fazer. Além disso, os pequenos accionistas gostariam de saber o que se passa na empresa da qual são proprietários e, pelos vistos, há informações que só estão ao alcance dos grandes accionistas.

Um mercado onde se torna claro que há accionistas de primeira e de segunda não é o local mais apetecível para se investir. São estas pequenas facadas que vão destruindo a credibilidade de uma bolsa que precisa de atrair investidores e não afastá-los. O país continua preocupado com a economia, com as empresas e vai-se esquecendo de se preocupar com uma bolsa anémica que, na maior parte das economias desenvolvidas, é peça-chave no funcionamento e financiamento das economias.

Já repararam na reacção dos agentes políticos à possibilidade de o Novo Banco ser vendido em bolsa? Para alguns, parecia que Satanás tinha descido à Terra, disfarçado de mercado de capitais. Dizem alguns políticos que a dispersão em bolsa pode impedir qualquer tipo de controlo sobre os futuros accionistas do banco. É fantástico como depois de tudo o que aconteceu em termos de (des)controlo sobre o sector bancário em Portugal, alguém ache que um banco ser vendido em bolsa pode impedir um controlo efectivo sobre os seus accionistas. Em que mundo viveram estes senhores?

Ao invés de medidas que tentem revitalizar a bolsa, torná-la atractiva para os investidores estrangeiros, torná-la fonte de financiamento para start-ups, o que vejo é uma constante demonização do mercado de capitais, uma tentativa de o responsabilizar por tudo o que de mau acontece e, um dia destes, ainda vamos ver alguém sugerir o encerramento da bolsa portuguesa.

Para já, fechada apenas para os accionistas do BPI que continuam à espera que alguém os informe sobre o que está a acontecer na sua empresa. Sim, há quem parece ter-se esquecido de que as empresas são dos accionistas.

Comente aqui o artigo de Ulisses Pereira

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Analista Dif Brokers
ulisses.pereira@difbroker.com



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