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"Sleeping point"

Quantas acções devo comprar? Decerto já colocou essa pergunta a si mesmo. Essa é uma das questões essenciais para o sucesso de qualquer investidor e que muitas vezes é menosprezada.

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Quantas acções devo comprar? Decerto já colocou essa pergunta a si mesmo. Essa é uma das questões essenciais para o sucesso de qualquer investidor e que muitas vezes é menosprezada.


Ter uma posição demasiado grande é um dos erros básicos que alguns investidores cometem. Basta um mau negócio para que uma grande parte do seu capital se perca e que todo o seu esforço vá por água abaixo. Alguns dirão que, em caso de sucesso, o capital multiplica-se muito mais rapidamente, mas gosto sempre de relembrar que, depois de uma perda de 50% do seu capital, é necessário um ganho de 100% para retornar aos valores iniciais.


No entanto, ter uma posição demasiado pequena também é contraproducente, não apenas pelo desgaste mental que o "trading" sempre representa e que necessita de ser compensador financeiramente mas sobretudo pelo facto das comissões, geralmente, assumirem um peso maior quanto mais pequeno é o volume negociado. Além disso, psicologicamente é difícil ver uma acção seguir o rumo que antecipámos mas, pelo facto de termos assumido uma posição pequena demais, praticamente não beneficiarmos disso.


Em qualquer dos casos, é sempre preferível ter uma posição que peque por defeito do que por excesso. Jesse Livermore, um dos mais interessantes e polémicos "traders" da história dos mercados, introduziu um conceito muito curioso a que apelidou de "sleeping point." Segundo ele, nenhum investidor deverá ter uma posição tão grande que faça com que tenha problemas em dormir.


Por mais metafórica que esta expressão de Livermore possa ser, a verdade é que alguns investidores têm insónias por força da sua preocupação com o mercado. Esse é um claro sinal de que têm uma posição maior do que deveriam ter e que, por isso, a melhor decisão será reduzi-la. Não tenho qualquer problema em assumir que, a dada altura da minha vida como "trader", acordava a meio da noite preocupado com o que seria o dia seguinte. Curiosamente, deu origem ao meu pior negócio de sempre, não apenas pelo facto do mercado não me dar razão mas, sobretudo, porque a minha exposição era tão grande que um pequeno deslize acabou por me custar muito caro, mesmo tendo razão antes do tempo. Ter razão antes do tempo pode ser fantástico em algumas coisas, mas em bolsa pode ser fatal.


Nestes casos, o risco de perder torna-se ainda maior pelo facto de o investidor estar pressionado pela dimensão da sua posição. A racionalidade perde força no íntimo de cada investidor que começa a deixar-se levar cada vez mais pelas emoções. É nestas alturas que os grandes erros se cometem e as grandes perdas acontecem.


Ou seja, não é só a questão matemática que está em causa nesta problemática da dimensão da posição, mas também o aspecto psicológico que é fulcral para o sucesso de qualquer investidor. E a ultrapassagem do "sleeping point" provoca estragos na confiança e no sangue frio de qualquer investidor, com consequências nefastas para a sua carteira.


Por mais absurdo que possa parecer, considero muitas vezes ser mais importante a definição da quantidade de capital que um investidor coloca num determinado negócio do que a definição dos locais de entrada e saída.


Não lhe dou fórmulas mágicas para decidir qual a quantidade óptima da sua próxima posição no mercado. Isso depende do seu perfil de risco, da volatilidade dos activos em questão e do seu grau de confiança em cada negócio. Ninguém é possuidor da receita milagrosa nesta matéria, mas se acorda a meio da noite a pensar naquela posição que tem em aberto no mercado, mal acorde faça um favor a si próprio - reduza a sua posição.

 

 

Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui


Analista Dif Brokers
ulisses.pereira@difbroker.com

 

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