Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Os empresários não são burros

O Governo tem de pensar em diferentes formas de dinamizar a economia com base nos incentivos fiscais.

Ainda não consegui entender como é que o Governo pensa revitalizar a economia, quando não desiste de procurar todas as formas possíveis e imaginárias de retirar dinheiro às empresas pela via dos impostos. Outra coisa que não entendo é até que ponto o Governo pensa que Portugal agora passou a ser uma ilha estanque, que não permite a circulação de capitais ou a deslocalização de empresas para fugir à subida de impostos. Tendo por base que somos livres de gerir as nossas empresas, como queremos e de forma legal, podendo evitar os sucessivos aumentos de impostos, não sei a que conduz esta estratégia.


O IRC continua em discussão quanto à sua reforma. E espero, sinceramente, que venham a ser tomadas boas decisões, porque uma vez mais temos alternativas. Países dentro da União Europeia a transaccionar em euros com benefícios fiscais altamente competitivos, não é algo que não exista e pode aliciar muitas empresas a deslocalizarem-se se o Governo continuar a pressionar com os impostos.


Qual o resultado desta cadeia de más decisões se não for feita uma reforma do IRC competitiva para o País, atraindo investimento externo para além do interno? Os portugueses é que vão pagar a factura. Aqueles que já não podem com mais encargos, famílias, que ouço todos os dias, que pertenciam à classe média e que agora têm vergonha de dar a conhecer que recorrem ao banco alimentar.


Temos de ser responsáveis perante as nossas decisões e dívidas e devemos cumprir com o seu pagamento, mas não é apenas incrementando impostos que se resolve o problema, porque no fim alguém terá de pagar e esse alguém é sempre o mais fraco. Enquanto a União Europeia não estiver regulada de forma a que os países-membros beneficiem em conjunto, e para si próprios, da economia europeia, com incentivos que atraiam outros continentes a investir, será um jogo de cada um por si e salve-se quem puder. Actualmente, vivemos uma "desunião europeia", ao contrário do que necessitamos, sendo que a solução do problema tem de começar precisamente por aqui, pois os diferentes estados da União Europeia têm diferentes interesses e cada um luta por aquilo que mais lhe convém, não estando preocupado com o estado-membro seu vizinho. Mas até com isto vamos aprender, quando há membros da União, como a Alemanha, a sofrerem com a recessão dos restantes membros, tal como Portugal sofre com a recessão em Espanha. É uma cadeia que, se não se une, destrói-se rapidamente.

 

Em resumo, o Governo tem de pensar em diferentes formas de dinamizar a economia com base nos incentivos fiscais, aprendendo com outros países que já o fazem e que crescem a dois dígitos, em grande parte devido aos investidores externos. É isso que nos falta, pois o investidor interno já viu a sua capacidade de investimento muito reduzida. Uma prova das más políticas de angariação de receita foi a sua descida no ano passado, que justifica que o caminho certo não é o de apertar mais o cinto às empresas e aos portugueses. Bem pelo contrário, o rumo deverá ser o de captar mais investimento com benefícios fiscais para, mais tarde, recolher os frutos através do IRC e do IRS do bom trabalho que se realizou ao longo do ano. Para isto, é preciso saber e ter coragem para fazer.

 

 

 

Envie para o "e-mail" jng@negocios.pt as suas questões, dúvidas ou experiências sobre "Os empresários não são burros"

*Fundador e líder executivo da Zonadvanced - Grupo First

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio