Opinião
Decisões difíceis
A típica reacção de um empreendedor quando a sua empresa não consegue alcançar resultados positivos, é aguentá-la ao máximo.
Na nossa vida temos sempre de tomar decisões, tanto a nível pessoal como profissional, porém umas são mais difíceis que outras, e como empreendedor há duas decisões que na minha opinião são as mais difíceis, a de fechar a empresa quando esta não é rentável, e a de despedir colaboradores para salvar a mesma.
Começando pela primeira, a típica reacção de um empreendedor quando a sua empresa não consegue alcançar resultados positivos, é aguenta-la ao máximo na expectativa que cheguem melhores tempos. Pode ser uma decisão acertada ou não, tudo depende do capital que este tem disponível para esperar por melhores tempos, e não do endividamento arriscado. Esperar que uma empresa tenha resultados positivos não é uma má decisão, pois dificilmente uma empresa começa imediatamente a dar resultados e muitas startups só chegam a alcançar resultados positivos ao fim de 3 ou mais anos. A questão está em planear adequadamente como conseguimos superar os tempos difíceis, ou seja ter capital suficiente para tal, tentando não enveredar pela opção do endividamento que é sempre a mais arriscada, tanto a nível profissional como a nível pessoal. Ao construímos uma empresa há sempre riscos, mas esses devem ser ponderados e devemos analisa-los da forma mais sincera possível, pois muitas vezes iludimo-nos a nós próprios. O ideal é sempre traçar um cenário que pensamos que seja o realista, e um outro pessimista, e dimensionar o capital necessário para o pessimista de forma a proteger-nos daquele que poderia vir a ser um possível mau cenário.
Mesmo assim, e mais cedo do que pensamos podemos chegar ao cenário pessimista, por isso é sempre bom termos um plano B para estes casos.
Obviamente há empresas que não são mesmo viáveis, nem com vários cenários de salvação, e quanto a essas temos de saber tomar a decisão difícil que é a de assumir o insucesso e fecha-la. Como já disse em anteriores artigos, fracassar numa empresa não deve ser visto como vergonhoso para o empreendedor, mas sim como um reforço na sua aprendizagem como empreendedor. O errado seria não tomar a decisão de a fechar.
Por outro lado existem as empresas que estão a progredir mas que num determinado momento da sua vida necessitam de executar restruturações para se adaptarem às exigências do mercado. Ou precisam de reduzir nos recursos humanos, ou substitui-los por outros pela exigência de uma forte mudança de estratégia.
Este é também um dos momentos difíceis para um empreendedor. Pessoalmente não gosto de pôr um colaborador no desemprego se sei que dificilmente, e mais nos tempos que correm, consegue arranjar emprego, mas às vezes temos de pensar que temos igualmente o dever de salvar o resto da empresa para salvar muitas outras famílias que dela também dependem.
Às vezes não é apenas o custar despedir por estas razões, mas também o admitir que a pessoa não é rentável para a empresa. Ficamos sempre com a sensação que aquela pessoa, como sabe muito de determinado assunto, será difícil ou trabalhoso substitui-la, mas na verdade ninguém é insubstituível. Quando chega o momento de reorganizar temos de o fazer custe o que custar, caso contrário podemos correr o risco de afundar a empresa e causar um problema de maior escala. O que temos de fazer é agilizar os processos dentro da empresa para que a rotação dos colaboradores seja possível e fácil. É quase como um PC que tem toda a nossa informação e que nos custa mudar por isso. Se tudo estiver guardado num servidor remoto, e não localmente no PC, a substituição do mesmo será muito mais fácil. Pôr em prática estes processos é fundamental.
2. Estabeleça processos na sua empresa de forma a que ela fique dinâmica e flexível perante as mudanças exigidas pelos mercados.
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*Fundador e líder executivo da Zonadvanced - Grupo First