Opinião
Livros de gestão: o melhor de 2015
Terminado o ano, aqui fica a lista daquelas que para o colunista foram algumas das leituras mais compensadoras de 2015. Para começar, "Leadership BS" de Jeffrey Pfeffer (Harper Business).
Pfeffer ensina em Stanford e tem-se dedicado nos últimos anos a estudar as organizações tal como elas são. Neste livro desmonta aquilo que designa como a indústria da liderança. A obra é por vezes contraditória, mas beneficia de um ponto de partida claro. Torna-se por isso uma leitura poderosa mesmo quando se dela discorda. O livro tem intenções, digamos, performativas, mas é uma leitura obrigatória para os que se interessam pela liderança.
Em 2015, regressou também aos livros Kathleen Eisenhardt com "Simple Rules" (Houghton Mifflin) em coautoria com Donald Sull. Trata-se de um resumo e extensão do trabalho dos autores sobre regras simples. Eis o ponto: muitos sistemas apresentam vitalidade e organização precisamente porque usam poucas, e não muitas, regras. Como qualquer utilizador de uma burocracia sabe, sistemas com muitas regras não são necessariamente sistemas muito organizados. Excesso de regras não resulta em superorganização. Os autores ajudam a explicar porquê e apresentam pistas para a ação.
Um dos mais interessantes gestores do nosso tempo foi Steve Jobs. "A Transformação de Steve Jobs" (Saída de Emergência) ajuda a perceber porquê. Era Jobs um génio ou um louco? Ambos. Foi um grande líder ou o chefe que não queremos ter? Provavelmente os dois. Parece resultar deste livro que, apesar das falhas, Jobs aprendeu a melhorar-se como líder. Um dos responsáveis por essa mudança terá sido Ed Catmull, fundador da Pixar, cujo dono foi Jobs. "Criatividade" (Clube do Autor), de Catmull, ajuda a compreender melhor quer a Pixar quer Steve Jobs. A liderança, conclui-se, é mais uma jornada de crescimento do que uma matéria inscrita nos genes. Dois livros de gestão que se lêem como romances.
E, para terminar, algo totalmente diferente. Também se aprende sobre gestão lendo sobre outros temas. Uma fonte importante de "insights" pode ser encontrada na obra de Juan Gábriel Vásquez. Vásquez é um jovem escritor colombiano cujos livros permitem, além do prazer de desfrutar de uma excelente prosa, refletir sobre a ligação entre indivíduos e sociedade, bem como sobre os paradoxos que a vida cria. "O barulho das coisas ao cair" e "As reputações" (ambos Alfaguara) são dois livros extraordinários. Ajudam também a compreender uma Colômbia que se reinventa e que bem merece ser vista com lentes diferentes e bem mais positivas do que as habituais. Começar com Vásquez é começar bem o ano. Boas leituras e bom 2016.
Professor na Nova School of Business and Economics
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico