Opinião
O governo parece uma orquestra desafinada
No seu espaço de opinião habitual na SIC, o comentador Marques Mendes fala sobre o aumento do custo de vida, a "desorientação" no Governo a propósito da descida do IRC e a escalada verbal de Putin, entre outros temas.
O CUSTO DE VIDA
1. Continua o pesadelo do custo de vida. Não há sinais de abrandamento.
· O cabaz essencial alimentar, iniciativa da DECO, teve um aumento de preço de 13% desde o início da guerra. Bem acima da inflação média.
· Os produtos que mais subiram de preço são produtos essenciais às famílias: os brócolos (55%), a couve coração (49%), o frango (33%), a pescada fresca (30%), a farinha para bolos (30%), o bife de peru (28%).
· A prestação da casa, no crédito à habitação, está a aumentar muito. Num crédito médio (125 mil €, Euribor a 6 meses e spread de 1,25%) uma prestação inicial de 383€, já chegou a 467€ em setembro, pode chegar a 575€ em dezembro e a 625€ em junho de 2023.
· Entretanto, o Governo anunciou um cheque para as famílias: 125€ por pessoa, com rendimentos até 2700€, mais 50€ por cada filho do casal.
· O pagamento começará a ser feito no dia 20 de outubro e prolongar-se-á por vários dias. Estamos a falar de milhões de beneficiários.
2. Entretanto, uma questão nova se levantou: o Governo deve informar o País sobre a situação para 2023? O Presidente da República tem apelado ao Governo para que o faça. Faz muito bem. Os portugueses precisam de informação. O primeiro-ministro já respondeu, dizendo que sim, mas só quando a proposta do OE estiver aprovada. Também faz sentido. Ao falar ao país, é bom que o primeiro-ministro tenha consigo a última informação disponível e possa explicar as grandes opções para 2023. Logo, só com OE. Ambos têm razão. Não há motivos para dramatizar ou especular.
A POLÉMICA DO IRC
1. Mais uma polémica. O governo parece uma orquestra desafinada. Ou um barco à deriva. Há uma semana, o Ministro da Economia defendeu uma redução transversal do IRC. Poucos dias depois, o seu antecessor, Siza Vieira, veio discordar de Costa Silva e propor uma alternativa; no dia seguinte, a SE do Turismo, que não tem nada a ver com o assunto, veio discordar do seu atual Ministro e apoiar o anterior; finalmente, Fernando Medina deu um puxão de orelhas a Costa Silva e desautorizou-o.
2. Tudo isto é estranho e absurdo:
· É absurdo que o Ministro da Economia defenda em público uma redução fiscal tão importante como esta, sem ter tudo acertado dentro do Governo. O que mostra que este Ministro é um erro de casting.
· É estranho que o ex-Ministro Siza Vieira venha a público contrariar o seu sucessor. Tem todo o direito de o fazer. Mas não é normal. Confirma que Siza Vieira saiu do Governo contra a sua vontade e está ressentido.
· É absurdo que uma secretária de Estado discorde publicamente do seu Ministro e ainda continue no Governo;
· É absurdo que ministro da Economia e ministro das Finanças dialoguem na praça pública, através dos jornais, em vez de o fazerem dentro do Governo. Mostra que a coordenação do Governo é uma completa ficção.
3. Como se vê, as polémicas no governo são praticamente semanais. Com tanta descoordenação, já começo a ter as mesmas dúvidas que Jerónimo de Sousa, em entrevista ao Público/RR: como é que o governo vai aguentar quatro anos?
A ESCALADA DE PUTIN
1. O discurso de Putin é uma exibição de fraqueza. Primeiro, pela mobilização. Se decide mobilizar tropas é porque reconhece que está a perder. Depois, pelo momento. Se fala a seguir à contraofensiva ucraniana em Kharkiv é porque reconhece o peso dessa derrota. Finalmente, pelo medo. Só usa o medo como arma quem já perdeu todos os outros argumentos.
2. A utilização de armas nucleares não é uma ameaça nova. Tem sido repetida desde o início da guerra. Mas convém não desvalorizar. Não é impossível de acontecer. Se estiver em total desespero de causa, Putin fará tudo para evitar a derrota. E pode recorrer a armas nucleares táticas. Só há um argumento que o pode fazer dissuadir: o descontentamento da China. Os Chineses ficaram descontentes com a ameaça de Putin. Fizeram-no sentir de modo claro. Não vão tolerar que a Rússia use armas nucleares. E a verdade é que a Rússia depende cada vez mais economicamente da China.
3. Questão essencial é a unidade do Ocidente. Putin até pode vir a ter mais 300 mil homens no terreno. Não acrescentará muito. Se milhares de militares no ativo tiveram as falhas que tiveram, não serão 300 mil reservistas impreparados a ganhar a guerra. Decisiva mesmo para a derrota de Putin é a unidade do Ocidente. Se o Ocidente continuar unido, a Ucrânia não perde a guerra. É mais perigoso um governo de extrema-direita em Itália, a fazer o jogo de Putin e a minar a UE, que 300 mil reservistas a combaterem pela Rússia.
4. Uma vitória da extrema-direita é má. Mesmo assim, convém aguardar os desenvolvimentos. O Presidente Matarella ainda tem uma palavra. A Itália é um País ingovernável. As contradições na coligação de direita são enormes.
SERIA MELHOR CEDER A PUTIN?
1. A sondagem do Expresso diz que 32% dos portugueses acham que seria bom ceder a Putin para evitar males maiores. Compreende-se o desabafo. As pessoas estão angustiadas com a carestia de vida.
2. Mas ceder seria um desastre, no plano dos valores, da inteligência e da paz.
· Primeiro: ceder a Putin não era resolver um problema. Seria criar mais problemas. Se isso acontecesse, ele sentiria a frouxidão do Ocidente e voltava a ameaçar. A seguir à Ucrânia era a Moldávia, a Polónia ou os Países Bálticos. Nunca mais tínhamos mão neste autocrata.
· Segundo: ceder a Putin era repetir o erro de 2008 e 2014. Em 2008 Putin invadiu a Geórgia e o Ocidente foi frouxo a reagir. Em 2014 anexou a Crimeia e o Ocidente voltou a ser frouxo na resposta. Se nesses dois momentos o Ocidente tivesse sido firme como agora, provavelmente nunca esta guerra na Ucrânia teria existido. Putin só percebe a linguagem da firmeza.
· Terceiro: ceder a Putin seria não perceber o essencial. Sejamos sérios, mas não ingénuos. Putin não quer só dominar a Ucrânia. Quer dividir a Europa; matar a União Europeia; enfraquecer a NATO, repor o imperialismo soviético; minar os padrões de vida ocidentais. Ou o travamos, ou vivemos em pesadelo constante.
· Ceder a Putin nunca é solução. Por um lado, porque a Ucrânia tem direito a existir, a ser um país livre e independente. Como Portugal ou qualquer outro País soberano. Depois, porque ceder seria abdicar dos nossos valores essenciais: o direito à liberdade, à democracia, à paz, à segurança, ao bem-estar, à soberania dos povos. Tudo o que Putin quer pôr em causa. Ceder não é conquistar a paz. É descer ao inferno.
COSTA E MONTENEGRO JUNTOS NO AEROPORTO
1. Apesar de ser uma notícia positiva, sabe a pouco. Haver um acordo é melhor que haver desacordo. Mas, atenção: é só um acordo para fazer mais um estudo, depois de dezenas de estudos feitos sobre locais para o novo aeroporto. Esperemos que desta vez seja a sério. Posto isto, António Costa e Luís Montenegro, estiveram bem neste processo:
· O PM defendeu um entendimento com o maior partido da oposição. Criou as condições para esse entendimento. Manteve essa coerência mesmo quando um despacho do Ministério das Infraestruturas ia deitando tudo a perder. Está a conseguir o seu objetivo.
· O líder do PSD também agiu bem. Tem feito uma oposição firme e assertiva. Já mostrou que sabe fazer oposição. Mas Montenegro percebe que ser oposição também é dar a mão ao país e ao Governo em questões de relevante interesse nacional. O acordo que fez foi inteligente. Mostra sentido de Estado e ganha credibilidade. Há um tempo para divergir e outro para convergir.
2. Em termos práticos, como funcionará este processo?
· Haverá um Coordenador Geral desta Avaliação. Uma personalidade a designar pelo PM, sob proposta do Presidente do Conselho de Obras Públicas, do Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e do Presidente do Conselho de Reitores.
· A seguir, o Conselho de Reitores designará os 5 coordenadores das várias áreas de trabalho da Avaliação. E haverá ainda um coordenador da área jurídica, provavelmente a designar pelo MP.
· Haverá ainda uma Comissão de Acompanhamento, onde terão assento, designadamente, autarcas, bastonários e outras individualidades.
· No final, a Avaliação apresenta os prós e os contras das hipóteses em estudo, nos vários planos de análise, para o Governo decidir.
ELEIÇÕES NO BRASIL
1. São já no próximo domingo. Salvo qualquer grande surpresa de última hora, os resultados são previsíveis. Lula ganha à primeira ou à segunda volta. Vejamos uma das últimas sondagens, realizada pela IPESPE (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Económicas do Brasil):
· Primeira volta: Lula (46%); Bolsonaro (35%); Ciro Gomes (6%); Simone Tebet (4%).
· Segunda volta: Lula (54%); Bolsonaro (38%).
2. Nesta ocasião, há sobretudo três questões essenciais:
· Primeiro: é difícil, mas não é impossível que Lula ganhe já à primeira volta. Primeiro, porque está a subir nas intenções de voto. Depois, porque os candidatos da chamada 3ª via (Ciro Gomes e Simone Tebet) estão a baixar. Finalmente, porque 70% dos inquiridos dizem que querem a eleição já resolvida no "primeiro turno".
· Segundo: as declarações de apoio a Lula aumentaram muito nas duas últimas semanas. Até vindas de pessoas do centro. Da área não pêtista. Em especial, algumas pessoas ligadas aos ex-Presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso.
· Finalmente: há um momento que ainda pode ser decisivo. O debate final, da próxima quinta-feira, em horário nobre da Globo e que se estima ir ter uma enorme audiência. Este momento pode favorecer a decisão em definitivo já no próximo domingo.
1. Continua o pesadelo do custo de vida. Não há sinais de abrandamento.
· Os produtos que mais subiram de preço são produtos essenciais às famílias: os brócolos (55%), a couve coração (49%), o frango (33%), a pescada fresca (30%), a farinha para bolos (30%), o bife de peru (28%).
· A prestação da casa, no crédito à habitação, está a aumentar muito. Num crédito médio (125 mil €, Euribor a 6 meses e spread de 1,25%) uma prestação inicial de 383€, já chegou a 467€ em setembro, pode chegar a 575€ em dezembro e a 625€ em junho de 2023.
· Entretanto, o Governo anunciou um cheque para as famílias: 125€ por pessoa, com rendimentos até 2700€, mais 50€ por cada filho do casal.
· O pagamento começará a ser feito no dia 20 de outubro e prolongar-se-á por vários dias. Estamos a falar de milhões de beneficiários.
2. Entretanto, uma questão nova se levantou: o Governo deve informar o País sobre a situação para 2023? O Presidente da República tem apelado ao Governo para que o faça. Faz muito bem. Os portugueses precisam de informação. O primeiro-ministro já respondeu, dizendo que sim, mas só quando a proposta do OE estiver aprovada. Também faz sentido. Ao falar ao país, é bom que o primeiro-ministro tenha consigo a última informação disponível e possa explicar as grandes opções para 2023. Logo, só com OE. Ambos têm razão. Não há motivos para dramatizar ou especular.
A POLÉMICA DO IRC
1. Mais uma polémica. O governo parece uma orquestra desafinada. Ou um barco à deriva. Há uma semana, o Ministro da Economia defendeu uma redução transversal do IRC. Poucos dias depois, o seu antecessor, Siza Vieira, veio discordar de Costa Silva e propor uma alternativa; no dia seguinte, a SE do Turismo, que não tem nada a ver com o assunto, veio discordar do seu atual Ministro e apoiar o anterior; finalmente, Fernando Medina deu um puxão de orelhas a Costa Silva e desautorizou-o.
2. Tudo isto é estranho e absurdo:
· É absurdo que o Ministro da Economia defenda em público uma redução fiscal tão importante como esta, sem ter tudo acertado dentro do Governo. O que mostra que este Ministro é um erro de casting.
· É estranho que o ex-Ministro Siza Vieira venha a público contrariar o seu sucessor. Tem todo o direito de o fazer. Mas não é normal. Confirma que Siza Vieira saiu do Governo contra a sua vontade e está ressentido.
· É absurdo que uma secretária de Estado discorde publicamente do seu Ministro e ainda continue no Governo;
· É absurdo que ministro da Economia e ministro das Finanças dialoguem na praça pública, através dos jornais, em vez de o fazerem dentro do Governo. Mostra que a coordenação do Governo é uma completa ficção.
3. Como se vê, as polémicas no governo são praticamente semanais. Com tanta descoordenação, já começo a ter as mesmas dúvidas que Jerónimo de Sousa, em entrevista ao Público/RR: como é que o governo vai aguentar quatro anos?
A ESCALADA DE PUTIN
1. O discurso de Putin é uma exibição de fraqueza. Primeiro, pela mobilização. Se decide mobilizar tropas é porque reconhece que está a perder. Depois, pelo momento. Se fala a seguir à contraofensiva ucraniana em Kharkiv é porque reconhece o peso dessa derrota. Finalmente, pelo medo. Só usa o medo como arma quem já perdeu todos os outros argumentos.
2. A utilização de armas nucleares não é uma ameaça nova. Tem sido repetida desde o início da guerra. Mas convém não desvalorizar. Não é impossível de acontecer. Se estiver em total desespero de causa, Putin fará tudo para evitar a derrota. E pode recorrer a armas nucleares táticas. Só há um argumento que o pode fazer dissuadir: o descontentamento da China. Os Chineses ficaram descontentes com a ameaça de Putin. Fizeram-no sentir de modo claro. Não vão tolerar que a Rússia use armas nucleares. E a verdade é que a Rússia depende cada vez mais economicamente da China.
3. Questão essencial é a unidade do Ocidente. Putin até pode vir a ter mais 300 mil homens no terreno. Não acrescentará muito. Se milhares de militares no ativo tiveram as falhas que tiveram, não serão 300 mil reservistas impreparados a ganhar a guerra. Decisiva mesmo para a derrota de Putin é a unidade do Ocidente. Se o Ocidente continuar unido, a Ucrânia não perde a guerra. É mais perigoso um governo de extrema-direita em Itália, a fazer o jogo de Putin e a minar a UE, que 300 mil reservistas a combaterem pela Rússia.
4. Uma vitória da extrema-direita é má. Mesmo assim, convém aguardar os desenvolvimentos. O Presidente Matarella ainda tem uma palavra. A Itália é um País ingovernável. As contradições na coligação de direita são enormes.
SERIA MELHOR CEDER A PUTIN?
1. A sondagem do Expresso diz que 32% dos portugueses acham que seria bom ceder a Putin para evitar males maiores. Compreende-se o desabafo. As pessoas estão angustiadas com a carestia de vida.
2. Mas ceder seria um desastre, no plano dos valores, da inteligência e da paz.
· Primeiro: ceder a Putin não era resolver um problema. Seria criar mais problemas. Se isso acontecesse, ele sentiria a frouxidão do Ocidente e voltava a ameaçar. A seguir à Ucrânia era a Moldávia, a Polónia ou os Países Bálticos. Nunca mais tínhamos mão neste autocrata.
· Segundo: ceder a Putin era repetir o erro de 2008 e 2014. Em 2008 Putin invadiu a Geórgia e o Ocidente foi frouxo a reagir. Em 2014 anexou a Crimeia e o Ocidente voltou a ser frouxo na resposta. Se nesses dois momentos o Ocidente tivesse sido firme como agora, provavelmente nunca esta guerra na Ucrânia teria existido. Putin só percebe a linguagem da firmeza.
· Terceiro: ceder a Putin seria não perceber o essencial. Sejamos sérios, mas não ingénuos. Putin não quer só dominar a Ucrânia. Quer dividir a Europa; matar a União Europeia; enfraquecer a NATO, repor o imperialismo soviético; minar os padrões de vida ocidentais. Ou o travamos, ou vivemos em pesadelo constante.
· Ceder a Putin nunca é solução. Por um lado, porque a Ucrânia tem direito a existir, a ser um país livre e independente. Como Portugal ou qualquer outro País soberano. Depois, porque ceder seria abdicar dos nossos valores essenciais: o direito à liberdade, à democracia, à paz, à segurança, ao bem-estar, à soberania dos povos. Tudo o que Putin quer pôr em causa. Ceder não é conquistar a paz. É descer ao inferno.
COSTA E MONTENEGRO JUNTOS NO AEROPORTO
1. Apesar de ser uma notícia positiva, sabe a pouco. Haver um acordo é melhor que haver desacordo. Mas, atenção: é só um acordo para fazer mais um estudo, depois de dezenas de estudos feitos sobre locais para o novo aeroporto. Esperemos que desta vez seja a sério. Posto isto, António Costa e Luís Montenegro, estiveram bem neste processo:
· O PM defendeu um entendimento com o maior partido da oposição. Criou as condições para esse entendimento. Manteve essa coerência mesmo quando um despacho do Ministério das Infraestruturas ia deitando tudo a perder. Está a conseguir o seu objetivo.
· O líder do PSD também agiu bem. Tem feito uma oposição firme e assertiva. Já mostrou que sabe fazer oposição. Mas Montenegro percebe que ser oposição também é dar a mão ao país e ao Governo em questões de relevante interesse nacional. O acordo que fez foi inteligente. Mostra sentido de Estado e ganha credibilidade. Há um tempo para divergir e outro para convergir.
2. Em termos práticos, como funcionará este processo?
· Haverá um Coordenador Geral desta Avaliação. Uma personalidade a designar pelo PM, sob proposta do Presidente do Conselho de Obras Públicas, do Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e do Presidente do Conselho de Reitores.
· A seguir, o Conselho de Reitores designará os 5 coordenadores das várias áreas de trabalho da Avaliação. E haverá ainda um coordenador da área jurídica, provavelmente a designar pelo MP.
· Haverá ainda uma Comissão de Acompanhamento, onde terão assento, designadamente, autarcas, bastonários e outras individualidades.
· No final, a Avaliação apresenta os prós e os contras das hipóteses em estudo, nos vários planos de análise, para o Governo decidir.
ELEIÇÕES NO BRASIL
1. São já no próximo domingo. Salvo qualquer grande surpresa de última hora, os resultados são previsíveis. Lula ganha à primeira ou à segunda volta. Vejamos uma das últimas sondagens, realizada pela IPESPE (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Económicas do Brasil):
· Primeira volta: Lula (46%); Bolsonaro (35%); Ciro Gomes (6%); Simone Tebet (4%).
· Segunda volta: Lula (54%); Bolsonaro (38%).
2. Nesta ocasião, há sobretudo três questões essenciais:
· Primeiro: é difícil, mas não é impossível que Lula ganhe já à primeira volta. Primeiro, porque está a subir nas intenções de voto. Depois, porque os candidatos da chamada 3ª via (Ciro Gomes e Simone Tebet) estão a baixar. Finalmente, porque 70% dos inquiridos dizem que querem a eleição já resolvida no "primeiro turno".
· Segundo: as declarações de apoio a Lula aumentaram muito nas duas últimas semanas. Até vindas de pessoas do centro. Da área não pêtista. Em especial, algumas pessoas ligadas aos ex-Presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso.
· Finalmente: há um momento que ainda pode ser decisivo. O debate final, da próxima quinta-feira, em horário nobre da Globo e que se estima ir ter uma enorme audiência. Este momento pode favorecer a decisão em definitivo já no próximo domingo.