Opinião
O sonho de António Costa
Nada mais resta como bandeira ao Bloco. Não há uma ideia para o enriquecimento do país, os modelos de sociedade apresentados, como a Venezuela, Cuba, o Brasil de Lula ou o ex-salvador Varoufakis, deveriam assustar os votantes mais sensatos.
A FRASE...
"Bloco diz que escolha de juízes do TC mostra que PS ‘rompeu’ de vez com a geringonça."
Observador, 19 de fevereiro de 2020
A ANÁLISE...
A geringonça teve a sua utilidade nas mãos do grande malabarista António Costa, que necessitava de negociar um voto a favor da extrema-esquerda para transformar em vitória a sua derrota eleitoral de 2015. Hoje a geringonça é mais descartável e bloquistas e comunistas bem podem gritar, que estão no bolso do primeiro-ministro. Claro que haverá sempre negociação pontual, mas o Governo avisa sempre, com alguma chantagem, que um voto contra, bloquista ou comunista, abrirá a porta a uma coligação negativa, que poderá trazer uma crise política, como a que derrubou José Sócrates e, e abrir uma crise à direita. É melhor estarem quietinhos, porque poderá haver muito pior do que este Governo, para os seus interesses de imobilismo económico.
No fundo o PS e o Governo sabem que, esgotadas as questões ditas fraturantes, nada mais resta como bandeira ao Bloco. Não há uma ideia para o enriquecimento do país, os modelos de sociedade apresentados, como a Venezuela, Cuba, o Brasil de Lula ou o ex-salvador Varoufakis, deveriam assustar os votantes mais sensatos. É apenas gritaria e vontade de agitar e quebrar os valores da sociedade. Porque o modelo em que se baseou esta recuperação de oito anos, desde 2013, está esgotado. A torneira da descida dos juros, dividendos da CGD e do Banco de Portugal, do aumento do turismo e do crescimento mundial está exausta. Deu o que tinha a dar, e foi bom. Sem dinheiro grátis, há que trabalhar, ser competitivo, e pôr as empresas a ganhar bom dinheiro para saciar este modelo de Estado e suas necessidades crescentes de financiamento com cada vez mais impostos. Isso com a extrema-esquerda não se consegue…
No fundo o sonho do PS é continuar no poder, muitos e muitos anos, melhorando a competitividade da economia para sustentar este seu modelo de Estado. E sabe que as questões de competitividade só se resolvem com o apoio do PSD. No fundo, o sonho de Costa é um PSD dócil, a pensar no interesse nacional com as reformas necessárias para o PS ir aguentando o aparelho por si dominado. E Rui Rio? Apoiará o PS nalgumas reformas? Ou lutará para o PSD ir para o Governo e fazer as suas próprias reformas? Qual será mais viável e qual é o interesse nacional?
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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