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12 de Outubro de 2015 às 20:50

Sucessores e funcionários

Ao refugiar-se na aritmética, António Costa condenará Portugal e a esquerda à regressão dos rendimentos, à contracção da economia, à distribuição de falsos rendimentos financiados por dívida, aos défices e ao domínio pelos credores.

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A FRASE...

 

"Alguém acredita que o PS teria 32,5% de votos se os seus eleitores soubessem que o partido iria governar em aliança com o PCP e o Bloco? E os eleitores do PCP manteriam a sua fidelidade se soubessem que o partido abdicaria da renegociação da dívida? O Governo de uma maioria de esquerda é um projecto do desejo, não uma expressão mensurável da realidade política do país."

 

Manuel Carvalho, Público, 11 de Outubro de 2015

 

A ANÁLISE...

 

É da natureza dos números que uma maioria relativa faça aparecer uma maioria absoluta. Mas a maioria absoluta que é gerada pela maioria relativa não oferece garantia de coerência (estratégica) e de estabilidade (capacidade para integrar choques e contingências). E não será a distinção entre esquerda e direita (bipolarização) que oferece coerência ao aglomerado de parcelas quando os referenciais políticos já não estão estruturados nos espaços fechados do Estado nacional, onde a regulação administrativa das mobilidades dos factores restringia e filtrava as liberdades de circulação.

 

Desde 1986 (mercado comum), 1992 (mercado único), 2002 (moeda única) e 2011 (assistência externa na crise) que Portugal diferencia as posições políticas em função de um eixo vertical com outras polaridades (progresso e regressão, crescimento e contracção, distribuição de rendimentos e acumulação de capital, défices e excedentes, credores e devedores, regime económico de Estado nacional e regime económico de bloco regional).

 

Ao refugiar-se na aritmética, António Costa condenará Portugal e a esquerda à regressão dos rendimentos, à contracção da economia, à distribuição de falsos rendimentos financiados por dívida, aos défices e ao domínio pelos credores. Estará a provocar a reversão de todos os direitos e a destruição de todas as oportunidades, por exaustão de recursos que não são renováveis. Poderá cumprir ordens de veteranos que não compreendem o que mudou e não sabem o que fazer nos horizontes do futuro. Ao obedecer a essas ordens, abdicará do desafio de modernizar o partido e abandonará a oportunidade de participar na modernização de Portugal para ganhar escala europeia, escolhendo esconder-se na esterilidade da aritmética política.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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