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Opinião
04 de Dezembro de 2019 às 18:32

A ilusão do dogmático

Passados quatro anos, as políticas de austeridade foram renomeadas políticas de cativações, o crescimento económico não apareceu e o primeiro-ministro, António Costa, procura nas instituições europeias balanço de Banco Central onde colocar a dívida pública.

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A FRASE...

 

"Para Centeno, as ‘contas certas’ não são compatíveis com as fantasias líricas de uma visão financeira da Europa que o primeiro-ministro vem cultivando."

Vicente Jorge Silva, Público, 1 de Dezembro de 2019

 

A ANÁLISE...

 

Em 2015, ainda antes das eleições legislativas, mas já depois de elaborado o programa económico que o PS apresentou a essas eleições, Mário Centeno participou numa reunião de análise de cenários económicos e políticos. Convidado a avaliar a proposta de se dever articular o poder de intervenção do Banco Central Europeu (BCE) - com recursos financeiros próprios e, sobretudo, com a possibilidade de integrar no seu balanço de banco emissor do euro títulos de dívida pública, activos bancários com imparidades e até emissões de dívida de empresas - com uma plataforma política em Portugal que pudesse servir de garantia política a essas operações financeiras de escala europeia - através da formação de uma aliança política designada como Bloco de Convergência Estratégica (BCE) -, o futuro ministro das Finanças, e que tinha sido um dos autores do programa financeiro com que o PS perdeu as eleições mas ganhou a oportunidade de chegar ao poder, recusou liminarmente o interesse de tal proposta, considerando que era possível restabelecer condições de crescimento económico rápido com um programa de reposição de rendimentos que revertesse os efeitos das políticas de austeridade. Contra o Bloco de Convergência Estratégica de aliança dos dois partidos centrais, Mário Centeno preferiu o Bloco de Reposição de Rendimentos (BRR) que permitiu a um partido de centro estabelecer uma plataforma de aliança com os partidos de esquerda.

Passados quatro anos, as políticas de austeridade foram renomeadas políticas de cativações, o crescimento económico não apareceu, os desequilíbrios reais das políticas públicas acentuaram-se e o primeiro-ministro, António Costa, procura nas instituições europeias balanço de Banco Central onde colocar a dívida pública, as imparidades dos bancos e verbas orçamentais em que possa encontrar estímulos ao crescimento. Os teólogos sabem sempre o que fazer quando a realidade denuncia a ilusão dos dogmas: mudam os nomes às coisas e continuam inocentes dos pecados cometidos.

 

Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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