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Opinião
08 de Fevereiro de 2021 às 20:20

Transparência exige-se

E sem transparência, sem verdade e lisura de propósitos, vai ser muito difícil combater eficazmente os populistas que andam por aí. Quando tudo se torna relativo, passa a valer tudo. Não se complique ainda mais o que já é difícil.

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A FRASE...

 

"O Governo colocou mais despesa apenas para voltar a enganar a extrema-esquerda."

 

Joaquim Miranda Sarmento, Eco, 8 de Fevereiro de 2021 

 

A ANÁLISE...

 

Num momento como o actual, em que o sofrimento físico e psicológico das populações atinge o máximo de décadas, e onde um grau inusitado incerteza sobre o futuro assola as mentes de muitos portugueses, devemos estar particularmente atentos às várias ameaças que poderão agravar as dificuldades colectivas no futuro próximo.

 

Temos, para além da actual emergência, as suas consequências: nas outras doenças, na economia, no emprego e na sociedade. Muitos portugueses vivem e viverão tempos difíceis, tempos em que é crucial que o país tenha respostas para as suas necessidades, tentando corrigir ou simplesmente mitigar os problemas que já aí estão e outros que ainda estão por chegar, da forma mais eficaz e justa possível. Numa altura em que o sofrimento e o descontentamento podem criar caminho fácil à expansão da expressão política de demagogos irresponsáveis, é absolutamente crucial que o Estado e os principais agentes políticos se mostrem à altura dos desafios, não se quedando na mera expectativa da chegada dos "dinheiros da Europa". Pretende-se, mais do que nunca, uma governação eficaz, atenta e transparente. É indubitável que a responsabilidade moral da classe política será posta à prova, pelo que se espera que possa, por uma vez, estar à altura das circunstâncias tão exigentes que vivemos.

 

O tema é vasto e não cabe num só artigo. Mas, para início de conversa, deve-se dizer que a transparência começa por ser uma atitude e que, antes de mais, passa pela verdade de propósitos. Um bom exemplo do contrário é o que se tem passado em matéria orçamental, já em 2020 e, espante-se, no sector da saúde. A pandemia justificou um Orçamento rectificativo mas o Governo gastou, em investimentos no SNS, 27% menos do que o aprovado em Novembro de 2019! Como não pode ser incompetente a este ponto, só pode, mais uma vez, ter feito aprovar algo que não era o que pretendia. Este procedimento é tudo menos transparente. E sem transparência, sem verdade e lisura de propósitos, vai ser muito difícil combater eficazmente os populistas que andam por aí. Quando tudo se torna relativo, passa a valer tudo. Não se complique ainda mais o que já é difícil.

 

Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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