Opinião
O falhanço do Ocidente
Na verdade, das grandes economias, apenas a China conseguiu uma recuperação rápida ainda no ano 2020 atingindo um crescimento claramente positivo para o conjunto do ano e provavelmente acima dos 6% em termos homólogos no último trimestre.
A FRASE...
"A China é o grande vencedor da pandemia do ponto de vista económico"
Holger Zschaepitz, Die Welt, 18 de Janeiro de 2021
A ANÁLISE...
A actual crise pandémica, cuja evolução e controlo condiciona a actividade económica e as relações sociais, tem afectado as populações de forma muito desigual, dentro de cada país e entre países. Um ano após o início é claro que alguns países, sobretudo no Oriente e na Bacia do Pacífico, foram capazes de lidar com a evolução natural do vírus de uma forma muito mais eficaz, com reflexo na saúde e mortalidade das populações, no retorno a uma vida mais próxima da habitual e com muito menor impacto económico desfavorável. Não apenas a China, de onde a informação não pode ser tomada sem alguma prudência, como também países como Taiwan, a Coreia do Sul, o Vietname, a Austrália, a Nova Zelândia e mesmo o Japão.
Na verdade, das grandes economias, apenas a China conseguiu uma recuperação rápida ainda no ano 2020 atingindo um crescimento claramente positivo para o conjunto do ano e provavelmente acima dos 6% em termos homólogos no último trimestre. Com a pandemia sob controlo, continua a mostrar sinais de crescimento numa altura em que a América do Norte e a Europa enfrentam o pior período pandémico com dificuldades crescentes. Neste contexto, o que se prevê para os próximos meses e anos é o acentuar da perda de importância relativa do Ocidente, que terá de resolver os problemas inerentes a lidar com economias e sociedades muito mais fragilizadas. Pensa-se mesmo que a ultrapassagem da economia americana pela chinesa ocorrerá pelo menos um ano mais cedo que o previsto no conhecido estudo publicado pelo banco Nomura antes da pandemia.
Não sei se, mesmo após tudo isto, o Ocidente tirará as devidas lições. E a lição a tirar não é a da superioridade de um estado policial sobre países livres, pois a Nova Zelândia ou Taiwan ilustram que a diferença não está aí. Para já, referiria que os países bem-sucedidos têm acesso e gerem em função da boa informação interna que têm em todas as áreas, pensam a prazo e têm mecanismos de precaução e estratégias contingentes, e que neles não domina o "pensamento mágico". Que não existe só na América. Basta pensar nas soluções que muitos advogam para Portugal e para a sua economia.
Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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