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01 de Abril de 2021 às 13:14

Quem vê tv?

Segundo a Anacom, no final de 2020, em cada 100 famílias, 88 eram subscritoras de serviços em pacote de um dos operadores de telecomunicações, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior.

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"Pensem de forma elaborada, mas comuniquem com linguagem que as pessoas entendam"
William Butler Yeats

Quem vê tv?
Segundo a Anacom, no final de 2020, em cada 100 famílias, 88 eram subscritoras de serviços em pacote de um dos operadores de telecomunicações, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior. Isto quer dizer que quase 90% dos lares portugueses têm acesso a um conjunto alargado de canais de televisão, além dos generalistas de acesso livre - RTP1 e 2, SIC e TVI. Os dados recolhidos pelas entidades que medem a audiência de televisão indicam que na semana passada cerca de 49% dos espectadores não seguiram estes canais generalistas: 34% preferiram o conjunto dos canais de cabo e quase 15% estiveram na categoria "outros", que inclui jogos online e sobretudo os serviços de streaming, como a Netflix, Disney ou HBO, que têm vindo a crescer. Ao fim-de-semana, a tendência para sair dos generalistas ainda é maior: no sábado passado, por exemplo, os canais de cabo foram seguidos por 37% dos espectadores e na categoria "outros" estiveram 18%. Feitas as contas, 55% dos espectadores preferiram estar fora dos generalistas. É curioso também ver que género de programas tem maior audiência. Desde o início deste ano, nos dez programas que obtiveram maior audiência, os nove mais vistos foram transmissões de jogos de futebol e o décimo foi o debate entre Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura. O jogo mais visto foi o Porto-Juventus para a Liga dos Campeões, com 2,4 milhões de espectadores. Tirando o futebol, o programa que regularmente tem tido maior audiência é "Isto É Gozar Com Quem Trabalha", e na semana passada a entrevista de Ricardo Araújo Pereira a Carlos Moedas alcançou praticamente 1,4 milhões de espectadores, à frente das novelas, do "Big Brother", de "Hell’s Kitchen" ou "All Together Now". No cabo, o domínio da CMTV é avassalador, ocupando o primeiro lugar há 50 meses. Em matéria audiovisual, termino com uma curiosidade fresquinha: o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou esta semana o lançamento de um plano de investimento no audiovisual, no valor de 1,6 mil milhões de euros, para fomentar a produção audiovisual espanhola e atrair produtores internacionais a irem filmar em Espanha. Chama-se a isto desenvolver uma indústria. A da televisão.

Semanada

Nos últimos 45 anos, fecharam mais de mil quilómetros de linhas ferroviárias, e três capitais de distrito – Viseu, Vila Real e Bragança – ficaram sem acesso ao comboio n de acordo com a Pordata, em 2001, existiam 101,6 idosos por cada 100 jovens e, em 2019, esse número aumentou para 161,3 n ainda segundo a Pordata, em 2001, existiam 1.679.191 jovens com menos de 15 anos e em 2019 esse número desceu para 1.402.276 n em 2001, existiam 1.705.274 pessoas com mais de 65 anos, e em 2019 o número subiu para 2.262.325 n em Portugal, 90% dos processos de corrupção acabam sem condenação n o Governo deixou 1% da despesa pública por executar em 2020 n a carga fiscal subiu de 34,5% em 2019 para 34,8% do PIB em 2020 n o rácio da dívida pública passou de 116,8% em 2019 para 133,6% em 2020 n a historiadora Raquel Henriques da Silva escreveu uma carta aberta ao primeiro-ministro sobre a falta de condições de diversos museus, e afirma que, durante o Verão, os Painéis de Nuno Gonçalves estarão numa sala do Museu Nacional de Arte Antiga sem ar condicionado ou sistema de alarme a funcionar com segurança n a partir de Setembro, o mestrado integrado de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto terá uma nova cadeira, a de Introdução à Poesia, que será lecionada pelo escritor (e também médico) João Luís Barreto Guimarães.


Dixit
"O Estado não é forte demais. É fraco e pesado. É frágil. Só é forte nos obstáculos que cria. E para favorecer os seus"
António Barreto

Escritas intemporais
"Esteiros", um romance de Soeiro Pereira Gomes publicado originalmente em 1941, é considerado um elemento marcante da história portuguesa do século XX e uma das grandes obras literárias do neo-realismo. Soeiro Pereira Gomes foi regente agrícola e dirigente do PCP e morreu em 1949, com 40 anos de idade. "Esteiros" é passado no Ribatejo e a sua acção centra-se na vida de cinco rapazes, "os filhos dos homens que nunca foram meninos", como diz a dedicatória que abre o romance. "Esteiros", esclarece o autor que conhecia bem a região onde situou o livro, são "minúsculos canais como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo". Para assinalar os 80 anos da sua publicação original, a Quetzal fez uma belíssima nova edição de "Esteiros", e Francisco José Viegas, no texto de introdução, escreve que esta obra é um "emblema da nossa literatura politicamente comprometida", mas "ultrapassa largamente a sua inegável vocação de instrumento político". Sublinha ainda que, "graças à qualidade da escrita de Soeiro Pereira Gomes e a um conhecimento detalhado daquele mundo real sobre o qual escreve", o romance "ultrapassa o quadro de representações ideológicas a que estaria destinado numa leitura estritamente política". O livro relata vidas difíceis a que ninguém quererá voltar, "degradantes condições de trabalho e de emprego" como Viegas bem sublinha - uma ideia que convém reter nestes tempos em que estamos.

O regresso das exposições
João Jacinto expõe desde 1987, é um artista plástico português com uma obra significativa, que integra diversas colecções portuguesas e estrangeiras, institucionais e particulares. Em 2010, a propósito de uma exposição na Galeria Fernando Santos, no Porto, o crítico Óscar Faria descreveu assim a obra de João Jacinto: "As diversas declinações a que o artista sujeita as suas obras provêm de um mesmo exercício: testar os limites estruturais de uma obra que ora se afasta de um centro para evocar uma paisagem - abstracta, é certo -, ora se aproxima de uma fisicalidade determinada pela acumulação de matérias, ora assume uma vontade de abarcar outros territórios, dirigindo-se, sem medo, ao exterior de si, e aceitando o erro e a justaposição como elementos de composição. As pinturas, por vezes, são viradas do avesso, outras expõem a sua nudez, mas é sobretudo a sua dimensão corpórea, colorida, excessiva, que aqui importa." A imagem que aqui se reproduz é de uma das duas dezenas de obras da sua nova exposição, "Solfatara", que inaugura dia 6 de abril na Galeria 111, no Campo Grande. Os preços variam entre 1.672,50 euros, para as obras mais pequenas (de 50x42 cm) e os 11.150 euros para as maiores (de 180x163 cm). Com o desconfinamento, as galerias começam pois a abrir e no dia 5, na Galeria Vera Cortês, em Alvalade, inaugura "então aquilo que", de Gonçalo Barreiros. A Galeria Filomena Soares irá reabrir ao público no dia 6, com as exposições "Shell Game", de Andreia Santana e Anna-Sophie Berger, e "Places of War", de Daniel Nave. No dia 5 de Abril o MAAT abre três novas exposições: "Aquaria", sobre a relação com o mundo marinho, com curadoria de Angela Rui; "X Não É Um País Pequeno", baseada em nove instalações, e "Earth Bits", sobre o impacto da acção humana no planeta. A terminar, uma novidade sobre a ARCO Lisboa: este ano, se a pandemia o permitir, a ARCO Lisboa regressa mas em Setembro, e num novo local, a Doca de Pedrouços.

Arco da velha
O juiz Rui Fonseca e Castro, suspenso pelo Conselho Superior da Magistratura devido às posições públicas que tomou sobre o estado de emergência, acusou o diretor nacional da PSP de ser um idiota e um fantoche, e desafiou-o no Facebook para um combate de artes marciais mistas.

O som da promessa alcançada
Sam Shepherd é um DJ e produtor discográfico com pergaminhos, conhecido como Floating Points. Nos seus sets de DJ, recorria muitas vezes a temas do saxofonista de jazz Pharoah Sanders. Agora, Shepherd, com 34 anos, juntou-se com Sanders, de 80, e pôs de pé um projecto intitulado "Promises". Trata-se de uma obra de 46 minutos, em nove movimentos, composta para saxofone, teclados, electrónica, e uma secção de cordas de 29 músicos da London Symphony Orchestra. Trata-se da mais significativa gravação de Pharoah Sanders nos últimos sete anos, e aqui se ouve bem a capacidade de transmitir emoções através do seu saxofone tenor: notas prolongadas, entoações que se misturam com as sonoridades eletrónicas criadas por Shepherd, solos curtos e vibrantes que se entrelaçam com a secção de cordas. É um disco misterioso, envolvente. Na realidade, é a magia musical de Pharoah Sanders, que junta todas as peças deste disco. Numa entrevista à revista New Yorker, em Outubro passado, Sanders dizia que, nesta fase da vida, se dedicava mais a ouvir o que se passava à sua volta do que a ouvir gravações - desde as ondas do mar ao ruído dos aviões ou à cadência dos comboios. O trabalho com Shepherd, que produziu o álbum, prolongou-se praticamente durante um ano. E o resultado final é um daqueles momentos de música aos quais queremos sempre voltar. "Promises’" está disponível nas plataformas de streaming.

Simples e bom
Um amigo meu, com quem trabalhei muitos anos, diz que sem conservas de atum a sua vida seria mais difícil. Tenho tendência para partilhar dessa opinião. Não se assustem que hoje não vou falar de empadão de arroz e de ovos mexidos com atum. Mas proponho uma receita com inspiração italiana que já me deu boas refeições. É rápida e fácil, e estas quantidades são para duas/três pessoas, dependendo do apetite e dieta em curso. Trata-se de esparguete com atum, mas com um toque especial para as coisas ficarem mais interessantes. Primeiro, escorrem-se duas latas de atum em azeite, uma dúzia de tomates-cherry cortados ao meio, três ou quatro anchovas de lata desfeitas aos pedaços, uma colher de sopa bem servida de alcaparras escorridas e um pouco de azeite de boa qualidade. Mistura-se tudo bem, tempera-se com sal e pimenta a gosto e deixa-se repousar uma meia hora. Coze-se o esparguete em água abundante, bem salgada. Quando estiver "al dente", escorre-se, volta para o tacho e deitam-se por cima todos os outros ingredientes que ficaram a repousar. Mistura-se muito bem, rectifica-se o tempero e deitam-se por cima folhas de manjericão cortadas aos pedaços. Serve-se imediatamente. Um rosé acompanha bem.
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