Opinião
Medina e fake news
Muito pouco tempo depois de ter sido anunciada a candidatura de Carlos Moedas à Câmara Municipal de Lisboa, foi abundantemente colocado nas principais redes sociais um vídeo que pretendia atribuir a Moedas a ideia da privatização da Carris há uns anos.
A comédia é apenas uma forma divertida de dizer coisas sérias.
Peter Ustinov
Medina e fake news
Muito pouco tempo depois de ter sido anunciada a candidatura de Carlos Moedas à Câmara Municipal de Lisboa, foi abundantemente colocado nas principais redes sociais um vídeo que pretendia atribuir a Moedas a ideia da privatização da Carris há uns anos. O vídeo é o perfeito exemplo de fake news na luta política. É evidente que foram os adversários deste candidato, que se afirmam apoiantes da gestão municipal actual, que fizeram o vídeo e o puseram a circular. Pouco depois de o vídeo ter surgido, foi publicado um trabalho de "fact-checking" sobre as afirmações divulgadas e acontece, como se comprova, que Carlos Moedas já não fazia parte do Governo anterior quando a ideia da privatização foi lançada. Mais, em fevereiro de 2015, quando o então governo aprovou a concessão do Metro e da Carris, Moedas já tinha iniciado funções como comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação há cerca de três meses. O vídeo dos adversários de Moedas, pelo que se compreende do texto, é da autoria de apoiantes da corrente gestão autárquica de Medina e os seus autores pretendem, como referem, denunciar "a outra face de Moedas". Na realidade, o que o vídeo mostra é a outra face dos apoiantes de Medina - adeptos de fake news que não olham a meios para alcançarem os seus fins. Fernando Medina teria ficado bem em demarcar-se destas fake news e destas campanhas mentirosas. Ao não o fazer mostra que, no fundo, usa os métodos de Donald Trump - aparenta que não faz, mas deixa fazer, se é que não estimula. Começou o vale-tudo. A disputa é sobre Lisboa: se queremos no futuro uma cidade melhor para quem cá vive ou se queremos um cenário fabricado para visitantes.
n Valdemar Alves, o autarca de Pedrógão cuja conduta depois dos graves incêndios de 2017 motivou críticas e deixou suspeitas em relação à aplicação dos fundos para a reconstrução, volta a ser apoiado pelo PS nas próximas autárquicas n no sábado passado a Iniciativa Liberal anunciou um candidato próprio à Câmara de Lisboa e o indicado, Miguel Quintas, anunciou retirar-se da corrida três dias depois, alegando razões pessoais, após terem sido apontadas contradições entre declarações suas e do partido pelo qual se candidatava n o ministro Pedro Nuno Santos defendeu que o PS necessita de um novo programa assente no reforço do papel do Estado n segundo um dirigente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, Portugal está na cauda da Europa no que toca a hábitos de leitura e a média de compra de livros por habitante e por ano é de um livro e meio em Portugal, na Grécia é entre três e quatro, em Espanha está entre quatro e cinco, e em França entre sete a dez livros por ano n de acordo com um estudo da Marktest, mais de um milhão de pessoas, 12% da população, compraram snacks para cães e/ou gatos nos últimos 12 meses n um estudo de três universidade portuguesas indica que o jornalismo e a abordagem dos órgãos de comunicação social face à pandemia têm impacto direto nos resultados, isto é, na adesão da população às medidas de segurança l o desemprego efectivo já ronda os 14% n o Metropolitano de Lisboa perdeu cerca de 50% dos passageiros em 2021 e o Metropolitano do Porto teve uma quebra de 45%, a CP teve uma quebra de 40% e os barcos da Transtejo reduziram 45%.
Dixit
"De nada vale a liberdade se for esvaziada pela pobreza."
Marcelo Rebelo de Sousa, na tomada de posse do seu segundo mandato como Presidente da República
Lista de leituras
Uma das formas de fugir às limitações a que o confinamento obriga tem sido ler. E por falar nisso, nada como descobrir o que é que um homem com o saber de Eugénio Lisboa, tem a recomendar em matéria de leituras. Acabado de editar, "Vamos Ler - Um Cânone Para o Leitor Relutante" propõe 50 livros de 35 autores da literatura portuguesa. Ensaísta, escritor, crítico literário, poeta, Eugénio Lisboa, aos 90 anos, continua transgressor, provocador, apaixonado pela literatura e pelos livros. Este ensaio com cerca de 100 páginas editado na colecção "livros vermelhos" da Guerra & Paz, não poupa críticas ao que o autor chama de "snobismo provinciano" que, acredita, afasta as pessoas da leitura. Antes de chegar à lista propriamente dita Eugénio Lisboa fala de livros e literatura, elogiando a escrita simples. "Gosto de falar português limpo e asseado e não literatês", afirma, a propósito de Gabriela Llansol: "Proponho que me expliquem, com muito cuidado e jeitinho e com um grande cuidado pelo significado das palavras, o que quer dizer toda aquela algaraviada, vestida de pompas e significando nada." A lista é ela própria um achado, um desafio estimulante a descobrir leituras: começa com "Equador" de Miguel Sousa Tavares e termina com os "Sonetos" de Luís de Camões, passando por clássicos e outros menos clássicos. Não vou revelar a lista, descubram-na nas páginas deste "Vamos Ler", onde Eugénio Lisboa fala de cada autor, da razão da recomendação e da razão de ser de aconselhar uma obra. Da deliciosa introdução à lista, cheia de pequenas histórias de uma pessoa apaixonada pelos livros, destaco esta citação: "Wittgenstein observava que, quando um pensamento se não consegue exprimir com clareza e simplicidade, é porque talvez ainda não esteja suficientemente maduro para ser expresso." Enquanto as livrarias não abrirem podem comprar o livro no site da editora.
Ver
Aos poucos começa a haver movimento em galerias de arte. Algumas estão a montar exposições, outras aguardam poderem abrir portas e outras ainda multiplicam as actividades online. É o caso da Galeria Belo-Galsterer, que dia 12 de Março faz o lançamento online de uma exposição que esteve prevista para 2020. A pandemia obrigou a adiá-la, agora pode ser mostrada de forma virtual, e espera-se que em breve presencial, até dia 24 de Abril. Trata-se de "A Midsummer Night’s Dream Rewind", que conta com obras de Cristina Ataíde, Paulo Brighenti, Claudia Fischer, Rita Gaspar Vieira, Renzo Marasca, Chrischa Oswald e Wolfgang Wirth. O título é inspirado na comédia de Shakespeare que mostra o mundo meio fantasioso que o autor criou no século XVII. A acção da peça decorre em torno do casamento da rainha das Amazonas com o rei Theseus, explorando o que é o sonho e o amor. Esta foi a base de inspiração para os artistas, que continuaram a trabalhar durante todo este tempo que levamos de confinamento. Na nova exposição online, "A Midsummer Night’s Dream Rewind", os artistas falam dos seus trabalhos na primeira pessoa e toda a informação está disponível em formatos áudio, vídeo e também escrita. Basta entrar no site da galeria (https://www.belogalsterer.com/) a partir do qual se poderá aceder à exposição online, bem como à sua presença nas redes sociais Instagram, Facebook e YouTube.
Arco da velha
Cavaco Silva fez gala em mostrar que não quis participar nos cumprimentos ao Presidente da República eleito e depois não teve a frontalidade para assumir essa ruptura política e pessoal e deu uma desculpa mal-amanhada sobre a sua ausência.
Deu-me uma de blues
Num dia desta semana acordei a apetecer-me ouvir blues. No meio de uma busca pelo Spotify descobri um disco recente, de finais de 2020, de duas lendas dos blues, Elvin Bishop e Charlie Musselwhite - "100 Years Of Blues". Como li numa recensão do disco num site americano este disco é um "antídoto para a música de plástico".Bishop e Musselwhite são quase da mesma idade, amigos há muitos anos, companheiros de pescarias mas nunca tinham gravado um disco juntos. Elvin Bishop, 1942, cresceu em Oklahoma, canta e toca guitarra, enquanto Charlie Musselwhite, nasceu em 1944, cresceu no Tennessee e tornou-se conhecido com a sua harmónica. Nos anos 1960 andaram ambos por Chicago, na época a capital dos blues. Eram dois músicos brancos a tocar com músicos negros e aí conheceram e trabalharam com grandes músicos como Muddy Waters, John Lee Hooker ou Howlin’ Wolf. Neste "100 Years Of Blues" estão 12 canções, nove originais e três versões de clássicos. Além de Bishop e Musselwhite, o disco conta com a participação de Bob Welsh no piano e segunda guitarra e de Kid Andersen no baixo. Numa das faixas, "Good Times", Musselwhite deixa a sua harmónica de lado e toca slide guitar de forma surpreendente. É quase uma hora de grande música que termina com um dueto cantado por Bishop e Musselwhite, no tema que dá o título ao álbum e onde os dois se explicam: "We have been playing this music a long time, between the two of us you are looking at a 100 years of blues, we got our education in Chicago back in the 60’s, playing in bars and breaking all the rules - If your like what you hear, keep doing just what we do."
Favas em takeaway
Estou a cumprir as regras do confinamento desde meados de Janeiro e reconheço que está a ser mais difícil que no ano passado. Com quase dois meses disto, parece que o tempo não passa, apesar de me manter bastante ocupado. Gosto de cozinhar e vou descobrindo receitas, mas tenho saudades das minhas mesas preferidas. Nas conversas telefónicas que tenho tido com os responsáveis dos restaurantes que frequento mais regularmente constato que neste confinamento a procura de takeaway está a ser menor do que aconteceu há um ano. Embora alguns restaurantes tenham criado kits de cozinha que podem ser finalizados em casa, a experiência de estar na mesa de um restaurante de que se gosta é outra coisa. O convívio faz-nos falta. Faz parte da natureza humana. A situação em que estamos levou-nos a privilegiar o isolamento. Mas isso não pode durar sempre e é bom que quando pudermos voltar a sair possamos regressar onde mais gostamos de estar. Quem habitualmente me lê sabe que gosto do Salsa & Coentros, em Alvalade. Têm sempre estado a funcionar com sugestões de pratos diferentes para o fim de semana, além de alguns clássicos do menu. Para este fim de semana, as propostas principais são favas guisadas com entrecosto e filetes de polvo com açorda. Além disso há clássicos como a lebre com feijão, a perdiz de escabeche ou o arroz de pato. Se está em Lisboa pode fazer as encomendas em www.restaurantesalsaecoentros.pt ou pelo telefone 218 410 990. Bom apetite e saúde!