Opinião
A esquina do Rio
O Ministério da Cultura quer dar maior autonomia financeira a alguns museus, a começar pelo de Arte Antiga, para que os esforços de angariação de mecenato revertam para eles e não para um bolo geral.
Semanada
Esta semana, José Sócrates reapareceu para considerar que o inquérito à Caixa Geral de Depósitos pode significar um "ataque de carácter" à sua pessoa e ao Governo que liderou l entrou, assim, em rara divergência com Armando Vara, que considerou positiva a realização do tal inquérito
l a deputada do PS Gabriela Canavilhas sugeriu o despedimento de uma jornalista do Público porque não gostou da forma como fez a reportagem da manifestação pelo ensino público l 15% das casas vendidas no ano passado em Lisboa foram compradas por estrangeiros l este ano, têm sido vendidas em Lisboa cerca de 320 casas por dia l o preço das casas no centro histórico de Lisboa disparou 36% em cinco anos l todos os meses, 20 empresas europeias são compradas por investidores chineses l o indicador da actividade económica abrandou pelo sexto mês consecutivo, entrando em terreno negativo pela primeira vez desde Agosto de 2013 l o Estado português atribuiu perto de 233 mil prestações de desemprego em Maio, deixando sem estes apoios cerca de 377 mil desempregados l nos primeiros cinco meses do ano, emigraram mais de 175 médicos l entretanto, 158 médicos recém-licenciados ficaram sem vaga para fazer a especialidade e alguns encaram emigrar l Sampaio da Nóvoa foi o candidato presidencial que mais gastou na campanha eleitoral, 924 mil euros, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa declarou despesas de 179 mil euros l apenas três candidatos tiveram direito à subvenção estatal por terem obtido mais de 5 % dos votos: Marcelo Rebelo de Sousa reclamou do Estado 165.488 euros, Sampaio da Nóvoa 896.928 euros e Marisa Matias 290.215 euros.
O Governo, através do Ministério da Cultura, anunciou esta semana que a RTP terá mais dois canais na plataforma da Televisão Digital Terrestre, TDT. Esses canais serão a RTP 3 e a RTP Memória, ambos no fundo do "ranking" de audiências do cabo. Tenho as maiores dúvidas sobre esta opção. Em primeiro lugar, porque, a haver alargamento dos canais distribuídos, ele deveria ser por concurso entre os diversos operadores e não por atribuição directa a um, no caso a RTP. A Anacom, que é suposto ser a entidade reguladora nesta matéria, fez notar esta anormalidade e parece ter sido ultrapassada em todo este processo.
O ministro apressou-se a dizer que dois outros operadores privados teriam eles próprios direito a um canal suplementar cada – mas a verdade é que a plataforma da TDT não permite mais canais e o alargamento do seu número só é possível a troco de alterações técnicas relevantes e com considerável custo. A história da TDT em Portugal mostra que ela foi deliberadamente mal construída, para fomentar a actividade dos operadores de cabo – e teve êxito nessa função. Basta dizer que, segundo o relatório mais recente da Anacom sobre esta matéria, 86,8% das famílias são subscritoras em distribuidores de cabo – portanto, apenas 13,2% vêem televisão através da plataforma TDT.
Ao contrário de outros países, como Espanha aqui ao lado, em que a TDT dispõe de um leque competitivo de canais, aqui tem apenas os antigos hertzianos – RTP1 e 2, SIC e TVI – e ainda o lamentável Canal Parlamento lá colocado à pressão pelos próprios deputados num exercício de onanismo ridículo. Acontece, no entanto, que a promessa de abertura futura a privados, feita por este pouco informado ministro, nem sequer tem em conta a nova realidade da concorrência no sector e menos ainda as audiências actuais – que me escuso de referir aqui, mas que remeteriam a RTP para o fundo da lista e colocariam outros novos operadores em seu lugar. Hoje em dia, há 3,54 milhões de casas residenciais cabladas, das quais um quarto já possuem fibra óptica.
Se o ministro tivesse a mais vaga ideia do assunto, saberia que o modo de ver televisão está a mudar, que já nem o cabo é solução de futuro, e que a TV recebida por via digital – sobretudo graças ao processo de implantação de uma rede nacional de fibra óptica em que o próprio Estado está envolvido – é aquilo que é cada vez mais utilizado. A tecnologia TDT é, em Portugal, um caso aberrante e, em termos gerais, um modo de distribuição de televisão ultrapassado. No caso concreto da RTP, cabe também dizer que a operação terá custos, de distribuição de sinal, consideráveis, que vão agravar as contas já débeis da empresa. Mas isso, como se costuma dizer, são outros quinhentos – siga, que alguém pagará.
Ver
Se esta semana tivesse de sugerir apenas uma exposição, não hesitava: é de fotografia (na imagem), responde pelo título de "Encantamento" e é da autoria de António Carrapato. Trabalhou como fotojornalista no Público, mas foi sempre desenvolvendo um trabalho mais pessoal, baseado no quotidiano e nos acontecimentos que fotografou como notícia, mas que perduram além do momento e do contexto de actualidade em que surgiram. Ao todo, são uma centena de fotografias, feitas entre 1985 e 2015, numa exposição que tem curadoria de José Soudo.
Está na Galeria Módulo, Calçada dos Mestres 34 A, de terça a sábado, entre as 15 e as 19h30. Há ainda outra recomendável exposição, na Barbado Gallery, da austríaca Gundi Falk, que cria fotografias sem câmara através de um processo chamado Chemigram, criado em 1956 pelo belga Pierre Cordier, com quem Falk trabalhou. A exposição da Barbado (Rua Ferreira Borges 109) fica até 16 de Agosto. Entretanto, no CCB, no espaço Garagem, dedicado à arquitectura, está uma exposição de Souto Moura que mostra maquetas de 25 anos de projectos. Finalmente, se por acaso forem até Madrid, não percam, no Museu Thyssen-Bornemisza, a exposição "Caravaggio e Os Pintores do Norte".
Folhear
A capa da edição de Verão da revista Vanity Fair é a rainha Elizabeth II, de Inglaterra, fotografada por Annie Leibovitz. O portefólio de Leibovitz sobre a rainha – que agora fotografou pela segunda vez – é extraordinário. Foi feito por ocasião do 90.º aniversário da soberana, que está no trono há 64 anos. Tem 20 páginas e mostra momentos oficiais, mas também situações pessoais e familiares da rainha. Vários artigos acompanham o portefólio, o mais interessante deles é de Sir Kenneth Scott, um historiador e diplomata, dos quadros do Foreign Office, que trabalhou com Elizabeth II em Buckingham durante uma década – chama-se "In Her Majesty’s Private Service".
Outro artigo interessante desta edição da Vanity Fair é uma viagem ao atribulado mundo do Twitter, cujo número de utilizadores estagnou e que tem vindo a perder valor em bolsa – inclui uma entrevista com Jack Dorsey, o seu fundador que recentemente voltou a ser CEO da companhia. Ainda no mundo virtual, "Zuckerberg Unbound" apresenta uma amostra do livro de Antonio Garcia Martinez sobre Silicon Valley e, no caso, sobre a guerra entre Google e Facebook. A terminar, um magnífico trabalho, "War & Truth", dedicado a quatro grandes fotógrafos de guerra – David Douglas Duncan, Don McCullin, James Nachtwey e Lynsey Addario.
Ouvir
Se gostam mesmo de blues, este novo álbum de Eric Clapton é o que vem a calhar. Chama-se "I Still Do", é produzido por Glyn Johns (o responsável por "Slowhand" de 1977) e tem sido considerado como o melhor trabalho de Clapton nos últimos anos. "I Still Do" tem sobretudo versões cuidadosamente escolhidas – a começar pela faixa de entrada, "Alabama Woman Blues", um original de Leroy Carr, nos anos 30 do século passado. Mas há outras pérolas, como "Cypress Groove", de Skip James, ou "Stones In My Passway" , de Robert Johnson, ou ainda o tradicional "I’ll Be Allright".
Além destes clássicos, há surpresas como "I Dreamed I Saw St. Augustine", um original de Bob Dylan, editado no álbum John Wesley Harding, para onde foi repescado a partir das lendárias "basement tapes", ou ainda "Somebody’s Knockin", de JJ Cale, que é definitivamente um dos pontos altos deste CD. Uma surpresa é a presença de George Harrison, identificado como Angelo Misterioso, em "I Will Be There", gravado há uns anos mas nunca antes editado. "I Still Do" é o 23.º álbum de estúdio da carreira de Clapton. Finalmente, destaque para um tema original de Eric Clapton, a balada "Spiral". O álbum termina com mais uma versão, "I’ll Be Seeing You", popularizada por Billie Holiday.
Provar
O Casa Nostra é um histórico restaurante do Bairro Alto, aberto há 30 anos, a 1 de Abril de 1986, por Maria Paola Porru, com o objectivo de dar a conhecer a verdadeira cozinha de Itália, trabalhando com produtos seleccionados e importados do seu país, o que continua a acontecer. Além da boa cozinha, o Casa Nostra distinguiu-se pela sua decoração, da responsabilidade do arquitecto Manuel Graça Dias, e também por obras de artistas como Pedro Cabrita Reis, ainda hoje nas suas paredes. Aberto na época de ouro do Bairro Alto, o Casa Nostra marcou uma geração, que também frequentava o Papa Açorda e, à noite, o Frágil.
Apesar de o Bairro Alto ter piorado, a boa notícia é que o Casa Nostra continua a ser uma referência, como voltei a constatar numa recente visita. Para aperitivo, sugiro o vermute da casa, temperado a basílico, ou um spritz veneziano. Nas entradas, ficará bem servido com o carpaccio de polvo ou de carne ou ainda com uma magnífica bresaola. Chegados às massas, recomenda-se o spaghetti al pomodoro ou alla carbonara, ou ainda a rotolo de ricotta e spinaci – uma tarte de massa fresca com queijo ricotta e espinafre. Nos peixes, duas boas escolhas: os filetes com pistácio ou o linguado com azeitonas pretas e vermute.
Nas carnes, a minha preferência foi para a saltimbocca alla romana – escalopes recheados com presunto e salvia acompanhados por acelgas. Mas também se fica bem com um magnífico ossobuco à milanesa, experimentado noutras ocasiões. Nas sobremesas, recomendo um dos sorvetes da casa ou então o tiramisù. Para beber, há água S. Pellegrino, uma lista de vinhos curta mas interessante e, se preferirem um rosé, experimentem o D. Maria, que está em bom momento. A relação de qualidade/preço é muito boa. Hoje em dia, o Casa Nostra tem também uma pequena esplanada que sabe bem nestas noites quentes e fica na esquina da Rua da Rosa com a Travessa do Poço da Cidade. O telefone é o 213 425 931.
O Ministério da Cultura quer dar maior autonomia financeira a alguns museus, a começar pelo de Arte Antiga, para que os esforços de angariação de mecenato revertam para eles e não para um bolo geral.
Não gosto
A Câmara Municipal de Lisboa quer provocar sérios constrangimentos ao trânsito na Praça de Espanha com as obras que para lá tem projectadas – quando a isto se somar Sete Rios, então o caos vai ser interessante.
Arco da velha
Um militar da unidade de intervenção da GNR acumulava essa função com a de actor de filmes pornográficos nos tempos livres; um inspector
da Polícia Judiciária, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, integrava uma rede que garantia a passagem de veículos nas inspecções automóveis.
Esta semana, José Sócrates reapareceu para considerar que o inquérito à Caixa Geral de Depósitos pode significar um "ataque de carácter" à sua pessoa e ao Governo que liderou l entrou, assim, em rara divergência com Armando Vara, que considerou positiva a realização do tal inquérito
l a deputada do PS Gabriela Canavilhas sugeriu o despedimento de uma jornalista do Público porque não gostou da forma como fez a reportagem da manifestação pelo ensino público l 15% das casas vendidas no ano passado em Lisboa foram compradas por estrangeiros l este ano, têm sido vendidas em Lisboa cerca de 320 casas por dia l o preço das casas no centro histórico de Lisboa disparou 36% em cinco anos l todos os meses, 20 empresas europeias são compradas por investidores chineses l o indicador da actividade económica abrandou pelo sexto mês consecutivo, entrando em terreno negativo pela primeira vez desde Agosto de 2013 l o Estado português atribuiu perto de 233 mil prestações de desemprego em Maio, deixando sem estes apoios cerca de 377 mil desempregados l nos primeiros cinco meses do ano, emigraram mais de 175 médicos l entretanto, 158 médicos recém-licenciados ficaram sem vaga para fazer a especialidade e alguns encaram emigrar l Sampaio da Nóvoa foi o candidato presidencial que mais gastou na campanha eleitoral, 924 mil euros, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa declarou despesas de 179 mil euros l apenas três candidatos tiveram direito à subvenção estatal por terem obtido mais de 5 % dos votos: Marcelo Rebelo de Sousa reclamou do Estado 165.488 euros, Sampaio da Nóvoa 896.928 euros e Marisa Matias 290.215 euros.
O terrorismo global não é um jogo de computadores que se joga em casa na sala de estar. Elena Ferrante
TDTO Governo, através do Ministério da Cultura, anunciou esta semana que a RTP terá mais dois canais na plataforma da Televisão Digital Terrestre, TDT. Esses canais serão a RTP 3 e a RTP Memória, ambos no fundo do "ranking" de audiências do cabo. Tenho as maiores dúvidas sobre esta opção. Em primeiro lugar, porque, a haver alargamento dos canais distribuídos, ele deveria ser por concurso entre os diversos operadores e não por atribuição directa a um, no caso a RTP. A Anacom, que é suposto ser a entidade reguladora nesta matéria, fez notar esta anormalidade e parece ter sido ultrapassada em todo este processo.
O ministro apressou-se a dizer que dois outros operadores privados teriam eles próprios direito a um canal suplementar cada – mas a verdade é que a plataforma da TDT não permite mais canais e o alargamento do seu número só é possível a troco de alterações técnicas relevantes e com considerável custo. A história da TDT em Portugal mostra que ela foi deliberadamente mal construída, para fomentar a actividade dos operadores de cabo – e teve êxito nessa função. Basta dizer que, segundo o relatório mais recente da Anacom sobre esta matéria, 86,8% das famílias são subscritoras em distribuidores de cabo – portanto, apenas 13,2% vêem televisão através da plataforma TDT.
Ao contrário de outros países, como Espanha aqui ao lado, em que a TDT dispõe de um leque competitivo de canais, aqui tem apenas os antigos hertzianos – RTP1 e 2, SIC e TVI – e ainda o lamentável Canal Parlamento lá colocado à pressão pelos próprios deputados num exercício de onanismo ridículo. Acontece, no entanto, que a promessa de abertura futura a privados, feita por este pouco informado ministro, nem sequer tem em conta a nova realidade da concorrência no sector e menos ainda as audiências actuais – que me escuso de referir aqui, mas que remeteriam a RTP para o fundo da lista e colocariam outros novos operadores em seu lugar. Hoje em dia, há 3,54 milhões de casas residenciais cabladas, das quais um quarto já possuem fibra óptica.
Se o ministro tivesse a mais vaga ideia do assunto, saberia que o modo de ver televisão está a mudar, que já nem o cabo é solução de futuro, e que a TV recebida por via digital – sobretudo graças ao processo de implantação de uma rede nacional de fibra óptica em que o próprio Estado está envolvido – é aquilo que é cada vez mais utilizado. A tecnologia TDT é, em Portugal, um caso aberrante e, em termos gerais, um modo de distribuição de televisão ultrapassado. No caso concreto da RTP, cabe também dizer que a operação terá custos, de distribuição de sinal, consideráveis, que vão agravar as contas já débeis da empresa. Mas isso, como se costuma dizer, são outros quinhentos – siga, que alguém pagará.
Ver
Se esta semana tivesse de sugerir apenas uma exposição, não hesitava: é de fotografia (na imagem), responde pelo título de "Encantamento" e é da autoria de António Carrapato. Trabalhou como fotojornalista no Público, mas foi sempre desenvolvendo um trabalho mais pessoal, baseado no quotidiano e nos acontecimentos que fotografou como notícia, mas que perduram além do momento e do contexto de actualidade em que surgiram. Ao todo, são uma centena de fotografias, feitas entre 1985 e 2015, numa exposição que tem curadoria de José Soudo.
Está na Galeria Módulo, Calçada dos Mestres 34 A, de terça a sábado, entre as 15 e as 19h30. Há ainda outra recomendável exposição, na Barbado Gallery, da austríaca Gundi Falk, que cria fotografias sem câmara através de um processo chamado Chemigram, criado em 1956 pelo belga Pierre Cordier, com quem Falk trabalhou. A exposição da Barbado (Rua Ferreira Borges 109) fica até 16 de Agosto. Entretanto, no CCB, no espaço Garagem, dedicado à arquitectura, está uma exposição de Souto Moura que mostra maquetas de 25 anos de projectos. Finalmente, se por acaso forem até Madrid, não percam, no Museu Thyssen-Bornemisza, a exposição "Caravaggio e Os Pintores do Norte".
Folhear
A capa da edição de Verão da revista Vanity Fair é a rainha Elizabeth II, de Inglaterra, fotografada por Annie Leibovitz. O portefólio de Leibovitz sobre a rainha – que agora fotografou pela segunda vez – é extraordinário. Foi feito por ocasião do 90.º aniversário da soberana, que está no trono há 64 anos. Tem 20 páginas e mostra momentos oficiais, mas também situações pessoais e familiares da rainha. Vários artigos acompanham o portefólio, o mais interessante deles é de Sir Kenneth Scott, um historiador e diplomata, dos quadros do Foreign Office, que trabalhou com Elizabeth II em Buckingham durante uma década – chama-se "In Her Majesty’s Private Service".
Outro artigo interessante desta edição da Vanity Fair é uma viagem ao atribulado mundo do Twitter, cujo número de utilizadores estagnou e que tem vindo a perder valor em bolsa – inclui uma entrevista com Jack Dorsey, o seu fundador que recentemente voltou a ser CEO da companhia. Ainda no mundo virtual, "Zuckerberg Unbound" apresenta uma amostra do livro de Antonio Garcia Martinez sobre Silicon Valley e, no caso, sobre a guerra entre Google e Facebook. A terminar, um magnífico trabalho, "War & Truth", dedicado a quatro grandes fotógrafos de guerra – David Douglas Duncan, Don McCullin, James Nachtwey e Lynsey Addario.
Ouvir
Se gostam mesmo de blues, este novo álbum de Eric Clapton é o que vem a calhar. Chama-se "I Still Do", é produzido por Glyn Johns (o responsável por "Slowhand" de 1977) e tem sido considerado como o melhor trabalho de Clapton nos últimos anos. "I Still Do" tem sobretudo versões cuidadosamente escolhidas – a começar pela faixa de entrada, "Alabama Woman Blues", um original de Leroy Carr, nos anos 30 do século passado. Mas há outras pérolas, como "Cypress Groove", de Skip James, ou "Stones In My Passway" , de Robert Johnson, ou ainda o tradicional "I’ll Be Allright".
Além destes clássicos, há surpresas como "I Dreamed I Saw St. Augustine", um original de Bob Dylan, editado no álbum John Wesley Harding, para onde foi repescado a partir das lendárias "basement tapes", ou ainda "Somebody’s Knockin", de JJ Cale, que é definitivamente um dos pontos altos deste CD. Uma surpresa é a presença de George Harrison, identificado como Angelo Misterioso, em "I Will Be There", gravado há uns anos mas nunca antes editado. "I Still Do" é o 23.º álbum de estúdio da carreira de Clapton. Finalmente, destaque para um tema original de Eric Clapton, a balada "Spiral". O álbum termina com mais uma versão, "I’ll Be Seeing You", popularizada por Billie Holiday.
Provar
O Casa Nostra é um histórico restaurante do Bairro Alto, aberto há 30 anos, a 1 de Abril de 1986, por Maria Paola Porru, com o objectivo de dar a conhecer a verdadeira cozinha de Itália, trabalhando com produtos seleccionados e importados do seu país, o que continua a acontecer. Além da boa cozinha, o Casa Nostra distinguiu-se pela sua decoração, da responsabilidade do arquitecto Manuel Graça Dias, e também por obras de artistas como Pedro Cabrita Reis, ainda hoje nas suas paredes. Aberto na época de ouro do Bairro Alto, o Casa Nostra marcou uma geração, que também frequentava o Papa Açorda e, à noite, o Frágil.
Apesar de o Bairro Alto ter piorado, a boa notícia é que o Casa Nostra continua a ser uma referência, como voltei a constatar numa recente visita. Para aperitivo, sugiro o vermute da casa, temperado a basílico, ou um spritz veneziano. Nas entradas, ficará bem servido com o carpaccio de polvo ou de carne ou ainda com uma magnífica bresaola. Chegados às massas, recomenda-se o spaghetti al pomodoro ou alla carbonara, ou ainda a rotolo de ricotta e spinaci – uma tarte de massa fresca com queijo ricotta e espinafre. Nos peixes, duas boas escolhas: os filetes com pistácio ou o linguado com azeitonas pretas e vermute.
Nas carnes, a minha preferência foi para a saltimbocca alla romana – escalopes recheados com presunto e salvia acompanhados por acelgas. Mas também se fica bem com um magnífico ossobuco à milanesa, experimentado noutras ocasiões. Nas sobremesas, recomendo um dos sorvetes da casa ou então o tiramisù. Para beber, há água S. Pellegrino, uma lista de vinhos curta mas interessante e, se preferirem um rosé, experimentem o D. Maria, que está em bom momento. A relação de qualidade/preço é muito boa. Hoje em dia, o Casa Nostra tem também uma pequena esplanada que sabe bem nestas noites quentes e fica na esquina da Rua da Rosa com a Travessa do Poço da Cidade. O telefone é o 213 425 931.
Um inquérito parlamentar não belisca o interesse do accionista. E pode descobrir-se muita coisa. AJoão Duque Economista, sobre a CGD
GostoO Ministério da Cultura quer dar maior autonomia financeira a alguns museus, a começar pelo de Arte Antiga, para que os esforços de angariação de mecenato revertam para eles e não para um bolo geral.
Não gosto
A Câmara Municipal de Lisboa quer provocar sérios constrangimentos ao trânsito na Praça de Espanha com as obras que para lá tem projectadas – quando a isto se somar Sete Rios, então o caos vai ser interessante.
Arco da velha
Um militar da unidade de intervenção da GNR acumulava essa função com a de actor de filmes pornográficos nos tempos livres; um inspector
da Polícia Judiciária, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, integrava uma rede que garantia a passagem de veículos nas inspecções automóveis.
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