Opinião
A esquina do Rio
Como qualquer lisboeta já percebeu, começaram os preparativos para as eleições autárquicas do próximo ano.
Back to basics
É difícil governar com pessoas que acham que sabem tudo.
Lao Tzu
Alfacinhas
Como qualquer lisboeta já percebeu, começaram os preparativos para as eleições autárquicas do próximo ano. Fernando Medina tem-se desdobrado em entrevistas, relativamente sem novidades, mais ao estilo de autopropaganda. Ao mesmo tempo, transformou a cidade num alvoroço permanente. Lisboa parece ter sido vítima de um bombardeamento, com ruas esventradas e pavimentos destruídos. Nós, alfacinhas, estamos entre a balbúrdia da falta de regulamentação da invasão turística que enche os cofres à Câmara e vai criando problemas no tecido social da cidade, e o caos cirurgicamente criado. É curioso notar como alguns dos apoiantes de Medina protestam contra o facto de, no Brasil, o cargo de Presidente ser ocupado por quem não foi eleito para a função, mas não querem nem pensar que Fernando Medina ocupa a presidência da Câmara Municipal da capital portuguesa sem ter sido eleito para tal posto. Dou comigo a pensar, todas as manhãs, que está para nascer o dia em que a parelha Salgado/Medina tome uma medida que não seja para dificultar a vida aos contribuintes lisboetas que têm o descaramento e o desplante de quererem usar viatura própria na cidade onde vivem e pagam impostos, entre os quais o de circulação. Continuo a pensar que existe uma obrigação de quem colecta impostos para com quem os paga e não me parece que a boa noção dessa obrigação seja infernizar a vida aos residentes. Na realidade, não reivindico nenhum benefício - apenas desejaria não ser prejudicado. Nada mais do que isso. Tenho para mim que estas enormes obras, do ponto de vista de projecto, planeamento e prazo, vão dar certamente pano para muitas mangas - confio que o jornalismo de investigação averigúe bem como as coisas têm sido combinadas, ajustadas e contratadas, porque já se viu que não são os partidos na Assembleia Municipal que o irão fazer.
Dixit
Já escusa de jogar às escondidas e pode dizer-nos, aqui em frente aos senhores deputados Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, qual é esta verdade de austeridade "à la esquerda".
Assunção Cristas, dirigindo-se a António Costa num debate parlamentar
Semanada
• Segundo o Tribunal Constitucional, os dois partidos com maiores anomalias nas suas contas relativas a 2011, agora analisadas, são o PS e o PCP • o Conselho de Finanças Públicas alertou para o facto de existirem 2,1 mil milhões de euros no Plano de Estabilidade 2016-2020, apresentado pelo Governo, que não se sabe de onde vêm nem o que são • Bruxelas exigiu medidas adicionais no valor de 730 milhões de euros para reduzir o défice • Mariana Mortágua recusou mais medidas de austeridade • António Costa, no regresso de Bruxelas, disse não encarar a necessidade de medidas adicionais • a balança de viagens e turismo disparou nos primeiros três meses do ano, mas não foi suficiente para evitar uma degradação da balança de bens e serviços face a 2015 • de um excedente de quase 300 milhões de euros, Portugal passou a ter um défice superior a 100 milhões • em 2015, cerca de 132 mil famílias portuguesas disseram à banca que não conseguiam pagar as prestações da casa • o Ministério da Economia decidiu descer em 12 cêntimos o preço do gasóleo para camiões quando percebeu que essa era a única forma de animar o patriotismo que reivindicou para evitar que os camionistas abastecessem em Espanha • nos últimos dois anos, emigraram 869 médicos • numa Comissão da Assembleia da República, houve deputados que consideraram adequado exigir a um director de informação que revelasse as fontes de uma notícia • a bancada parlamentar do PCP uniu-se às do PSD e CDS no hemiciclo e chumbou o projecto de lei do Bloco de Esquerda contra o uso do herbicida glifosato • o PCP fechou a porta a "geringonças locais" nas próximas autárquicas, desejadas pelo PS e Bloco de Esquerda.
Provar
Andava a ouvir falar de um restaurante dedicado ao mar, que se tinha instalado há uns meses na Duque de Ávila, no local onde em tempos existiu uma coisa italiana sem grande graça. Pois tenho a dizer que o seu substituto, Rabo d'Pêxe (uma homenagem aos Açores, de onde vem grande parte da matéria-prima), é local digno de uma visita. Além da sala, há uma esplanada num pátio interior, bem simpática nestes dias. A ementa é composta por peixe fresco ou por petiscos variados - desde um prego de atum até a um inesperado novilho com lingueirão à Bulhão Pato. Filipe Rodrigues, o ex-chefe do Sea Me, é quem orienta, bem, as operações.
A ementa dos petiscos de peixe, carne e marisco é, para mim, a mais atraente - embora também haja uma carta de sushi de fusão que tem algum êxito. Mas não é o sushi que ali me levará, mas sim ideias simples como cavala fumada sobre carpaccio de courgette temperado com azeite ou uns troços de pota negros (onde o tradicional polme dourado de farinha e ovo é colorido com tinta de choco), acompanhados de milho frito e molho de soja temperado a limão. Ou ainda as vieiras e as gambas em tempura com amêndoa laminada. Os meus petiscos foram acompanhados, por sugestão da casa, por um surpreendente branco de Colares, o Casal de Santa Maria Sauvignon branco. O serviço é absolutamente exemplar. Rabo d'Pêxe, Avenida Duque de Ávila 42 B, entre 5 de Outubro e a Avenida da República. Telefone 213 141 605.
Gosto
A Orquestra de Jazz de Matosinhos vai actuar num dos mais prestigiados clubes de jazz mundiais, o Blue Note, em Nova Iorque.
Não gosto
A inspecção do Ministério da Educação não pode fiscalizar colégios militares.
Folhear
A revista Egoísta leva 16 anos de vida e mais de 70 prémios no activo. É uma publicação única, na inovação gráfica, na abordagem dos temas, na conjugação de colaborações. É um trabalho apenas possível graças à persistência de Mário Assis Ferreira e da Estoril Sol, e também da equipa editorial que Patrícia Reis reuniu ao longo de todos estes anos. Este número 57 da Egoísta, o mais recente, tem por tema a traição e, por consequência, a lealdade. Gosto da pequena história "Uma Questão de Honra", de Mia Couto, dos "4 Contos Pueris", de Patrícia Reis, e das sempre fascinantes ilustrações de Rodrigo Saias, das fotografias de James Mollison e das de Laura Stevens e, sobretudo, do extraordinário ensaio de Yvette Centeno sobre traição e atracção na obra de Wagner e dos postais ilustrados de Pedro Proença. Cabe ainda aqui dizer que foi na Egoísta que Pedro Cláudio, que nos deixou recentemente, publicou alguns dos seus melhores trabalhos fotográficos - porque a Egoísta tem sempre sabido ver o que muitos outros não querem conhecer.
Arco da velha
O vice-presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, foi alvo de uma tentativa de agressão do deputado venezuelano Darío Vivas na Assembleia da República, em Lisboa, por ter dito que "na Venezuela falta democracia", no decorrer de uma reunião internacional acolhida pelo Parlamento português.
Ver
Muitas exposições para esta semana. Começo pela apresentação dos trabalhos dos finalistas do Prémio Novo Banco Photo - Pauliana Valente Pimentel, Mónica de Miranda e Félix Mula, talvez a mais equilibrada e interessante selecção dos últimos anos. Está no Museu Berardo até 2 de Outubro. Sugiro também uma visita à Underdogs (Rua Fernando Palha 26), onde está a exposição "A Pedra e o Charco" de André da Loba. No dia 20 de Maio abre mais uma edição da Mostra, como sempre organizada por Patrícia Pires de Lima e que reúne obras de 98 artistas, de 20 a 29 de Maio, no Edifício Vasco da Gama, em Alcântara - detalhes em http://www.mostra-online.com. Mas o destaque da semana vai para a exposição de um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira, Arthur Luiz Piza, "contenção, dispersão", que ficará na Galeria Baginski até 10 de Setembro (na imagem).
Piza, que vive e trabalha em Paris, está representado nas colecções de museus como o MoMA, Guggenheim, Victoria & Albert, Art Institute of Chicago e Museu de Arte Moderna de São Paulo, para só citar alguns. A Baginski fica na Rua Capitão Leitão 51, no Beato. Já agora, duas sugestões se alguém passar por Londres no fim-de-semana - a London Photo, que vai ganhando importância de ano para ano e que este ano destaca o trabalho de Don McCullin, e na Saatchi Gallery, mesmo junto a Sloane Square, "Exhibitionism" a primeira exposição sobre a obra dos Rolling Stones, com mais de 500 peças que evocam a carreira da banda, e que ficará até 4 de Setembro.
Ouvir
Há cinquenta anos, dois discos mudavam a história da música popular - "Pet Sounds", dos Beach Boys, uma obra essencialmente criada pelo genial Brian Wilson, e "Blonde On Blonde", o álbum que revolucionou a carreira de Bob Dylan. Ambos continuam ainda hoje entre os expoentes dos respectivos autores. Musicalmente são muito diferentes, mas ambos significaram, há exactamente meio século, pontos de ruptura que marcaram musicalmente uma geração. Lembrei-me de que, ao evocar estes discos, é oportuno falar de um outro nome que, anos mais tarde, reinventou a produção da música popular - Brian Eno. O seu novo álbum, "The Ship", é claramente um dos seus melhores trabalhos de sempre a solo. Quer nos momentos mais ambientais, quer nos segmentos cantados (ou entoados, atrevo-me a dizer quase numa reinvenção da pop), estão entre aquilo que de melhor se pode ouvir hoje em dia, longe do "mainstream" de rhythm'n'blues e seus derivados que vão soando monotonamente assépticos. Ouvir este "The Ship" é um desafio fascinante que Brian Eno propõe, ao misturar tempos e mundos diferentes. Como os três álbuns aqui referidos estão disponíveis na Apple Music, recomendo-vos a sua audição, em momentos diferentes. Garanto-vos que não se arrependerão. Daqui a uns anos se verá o lugar que "The Ship" ocupa na História da música.
É difícil governar com pessoas que acham que sabem tudo.
Lao Tzu
Alfacinhas
Como qualquer lisboeta já percebeu, começaram os preparativos para as eleições autárquicas do próximo ano. Fernando Medina tem-se desdobrado em entrevistas, relativamente sem novidades, mais ao estilo de autopropaganda. Ao mesmo tempo, transformou a cidade num alvoroço permanente. Lisboa parece ter sido vítima de um bombardeamento, com ruas esventradas e pavimentos destruídos. Nós, alfacinhas, estamos entre a balbúrdia da falta de regulamentação da invasão turística que enche os cofres à Câmara e vai criando problemas no tecido social da cidade, e o caos cirurgicamente criado. É curioso notar como alguns dos apoiantes de Medina protestam contra o facto de, no Brasil, o cargo de Presidente ser ocupado por quem não foi eleito para a função, mas não querem nem pensar que Fernando Medina ocupa a presidência da Câmara Municipal da capital portuguesa sem ter sido eleito para tal posto. Dou comigo a pensar, todas as manhãs, que está para nascer o dia em que a parelha Salgado/Medina tome uma medida que não seja para dificultar a vida aos contribuintes lisboetas que têm o descaramento e o desplante de quererem usar viatura própria na cidade onde vivem e pagam impostos, entre os quais o de circulação. Continuo a pensar que existe uma obrigação de quem colecta impostos para com quem os paga e não me parece que a boa noção dessa obrigação seja infernizar a vida aos residentes. Na realidade, não reivindico nenhum benefício - apenas desejaria não ser prejudicado. Nada mais do que isso. Tenho para mim que estas enormes obras, do ponto de vista de projecto, planeamento e prazo, vão dar certamente pano para muitas mangas - confio que o jornalismo de investigação averigúe bem como as coisas têm sido combinadas, ajustadas e contratadas, porque já se viu que não são os partidos na Assembleia Municipal que o irão fazer.
Já escusa de jogar às escondidas e pode dizer-nos, aqui em frente aos senhores deputados Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, qual é esta verdade de austeridade "à la esquerda".
Assunção Cristas, dirigindo-se a António Costa num debate parlamentar
Semanada
• Segundo o Tribunal Constitucional, os dois partidos com maiores anomalias nas suas contas relativas a 2011, agora analisadas, são o PS e o PCP • o Conselho de Finanças Públicas alertou para o facto de existirem 2,1 mil milhões de euros no Plano de Estabilidade 2016-2020, apresentado pelo Governo, que não se sabe de onde vêm nem o que são • Bruxelas exigiu medidas adicionais no valor de 730 milhões de euros para reduzir o défice • Mariana Mortágua recusou mais medidas de austeridade • António Costa, no regresso de Bruxelas, disse não encarar a necessidade de medidas adicionais • a balança de viagens e turismo disparou nos primeiros três meses do ano, mas não foi suficiente para evitar uma degradação da balança de bens e serviços face a 2015 • de um excedente de quase 300 milhões de euros, Portugal passou a ter um défice superior a 100 milhões • em 2015, cerca de 132 mil famílias portuguesas disseram à banca que não conseguiam pagar as prestações da casa • o Ministério da Economia decidiu descer em 12 cêntimos o preço do gasóleo para camiões quando percebeu que essa era a única forma de animar o patriotismo que reivindicou para evitar que os camionistas abastecessem em Espanha • nos últimos dois anos, emigraram 869 médicos • numa Comissão da Assembleia da República, houve deputados que consideraram adequado exigir a um director de informação que revelasse as fontes de uma notícia • a bancada parlamentar do PCP uniu-se às do PSD e CDS no hemiciclo e chumbou o projecto de lei do Bloco de Esquerda contra o uso do herbicida glifosato • o PCP fechou a porta a "geringonças locais" nas próximas autárquicas, desejadas pelo PS e Bloco de Esquerda.
Provar
Andava a ouvir falar de um restaurante dedicado ao mar, que se tinha instalado há uns meses na Duque de Ávila, no local onde em tempos existiu uma coisa italiana sem grande graça. Pois tenho a dizer que o seu substituto, Rabo d'Pêxe (uma homenagem aos Açores, de onde vem grande parte da matéria-prima), é local digno de uma visita. Além da sala, há uma esplanada num pátio interior, bem simpática nestes dias. A ementa é composta por peixe fresco ou por petiscos variados - desde um prego de atum até a um inesperado novilho com lingueirão à Bulhão Pato. Filipe Rodrigues, o ex-chefe do Sea Me, é quem orienta, bem, as operações.
A ementa dos petiscos de peixe, carne e marisco é, para mim, a mais atraente - embora também haja uma carta de sushi de fusão que tem algum êxito. Mas não é o sushi que ali me levará, mas sim ideias simples como cavala fumada sobre carpaccio de courgette temperado com azeite ou uns troços de pota negros (onde o tradicional polme dourado de farinha e ovo é colorido com tinta de choco), acompanhados de milho frito e molho de soja temperado a limão. Ou ainda as vieiras e as gambas em tempura com amêndoa laminada. Os meus petiscos foram acompanhados, por sugestão da casa, por um surpreendente branco de Colares, o Casal de Santa Maria Sauvignon branco. O serviço é absolutamente exemplar. Rabo d'Pêxe, Avenida Duque de Ávila 42 B, entre 5 de Outubro e a Avenida da República. Telefone 213 141 605.
Gosto
A Orquestra de Jazz de Matosinhos vai actuar num dos mais prestigiados clubes de jazz mundiais, o Blue Note, em Nova Iorque.
Não gosto
A inspecção do Ministério da Educação não pode fiscalizar colégios militares.
Folhear
A revista Egoísta leva 16 anos de vida e mais de 70 prémios no activo. É uma publicação única, na inovação gráfica, na abordagem dos temas, na conjugação de colaborações. É um trabalho apenas possível graças à persistência de Mário Assis Ferreira e da Estoril Sol, e também da equipa editorial que Patrícia Reis reuniu ao longo de todos estes anos. Este número 57 da Egoísta, o mais recente, tem por tema a traição e, por consequência, a lealdade. Gosto da pequena história "Uma Questão de Honra", de Mia Couto, dos "4 Contos Pueris", de Patrícia Reis, e das sempre fascinantes ilustrações de Rodrigo Saias, das fotografias de James Mollison e das de Laura Stevens e, sobretudo, do extraordinário ensaio de Yvette Centeno sobre traição e atracção na obra de Wagner e dos postais ilustrados de Pedro Proença. Cabe ainda aqui dizer que foi na Egoísta que Pedro Cláudio, que nos deixou recentemente, publicou alguns dos seus melhores trabalhos fotográficos - porque a Egoísta tem sempre sabido ver o que muitos outros não querem conhecer.
Arco da velha
O vice-presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, foi alvo de uma tentativa de agressão do deputado venezuelano Darío Vivas na Assembleia da República, em Lisboa, por ter dito que "na Venezuela falta democracia", no decorrer de uma reunião internacional acolhida pelo Parlamento português.
Ver
Muitas exposições para esta semana. Começo pela apresentação dos trabalhos dos finalistas do Prémio Novo Banco Photo - Pauliana Valente Pimentel, Mónica de Miranda e Félix Mula, talvez a mais equilibrada e interessante selecção dos últimos anos. Está no Museu Berardo até 2 de Outubro. Sugiro também uma visita à Underdogs (Rua Fernando Palha 26), onde está a exposição "A Pedra e o Charco" de André da Loba. No dia 20 de Maio abre mais uma edição da Mostra, como sempre organizada por Patrícia Pires de Lima e que reúne obras de 98 artistas, de 20 a 29 de Maio, no Edifício Vasco da Gama, em Alcântara - detalhes em http://www.mostra-online.com. Mas o destaque da semana vai para a exposição de um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira, Arthur Luiz Piza, "contenção, dispersão", que ficará na Galeria Baginski até 10 de Setembro (na imagem).
Piza, que vive e trabalha em Paris, está representado nas colecções de museus como o MoMA, Guggenheim, Victoria & Albert, Art Institute of Chicago e Museu de Arte Moderna de São Paulo, para só citar alguns. A Baginski fica na Rua Capitão Leitão 51, no Beato. Já agora, duas sugestões se alguém passar por Londres no fim-de-semana - a London Photo, que vai ganhando importância de ano para ano e que este ano destaca o trabalho de Don McCullin, e na Saatchi Gallery, mesmo junto a Sloane Square, "Exhibitionism" a primeira exposição sobre a obra dos Rolling Stones, com mais de 500 peças que evocam a carreira da banda, e que ficará até 4 de Setembro.
Ouvir
Há cinquenta anos, dois discos mudavam a história da música popular - "Pet Sounds", dos Beach Boys, uma obra essencialmente criada pelo genial Brian Wilson, e "Blonde On Blonde", o álbum que revolucionou a carreira de Bob Dylan. Ambos continuam ainda hoje entre os expoentes dos respectivos autores. Musicalmente são muito diferentes, mas ambos significaram, há exactamente meio século, pontos de ruptura que marcaram musicalmente uma geração. Lembrei-me de que, ao evocar estes discos, é oportuno falar de um outro nome que, anos mais tarde, reinventou a produção da música popular - Brian Eno. O seu novo álbum, "The Ship", é claramente um dos seus melhores trabalhos de sempre a solo. Quer nos momentos mais ambientais, quer nos segmentos cantados (ou entoados, atrevo-me a dizer quase numa reinvenção da pop), estão entre aquilo que de melhor se pode ouvir hoje em dia, longe do "mainstream" de rhythm'n'blues e seus derivados que vão soando monotonamente assépticos. Ouvir este "The Ship" é um desafio fascinante que Brian Eno propõe, ao misturar tempos e mundos diferentes. Como os três álbuns aqui referidos estão disponíveis na Apple Music, recomendo-vos a sua audição, em momentos diferentes. Garanto-vos que não se arrependerão. Daqui a uns anos se verá o lugar que "The Ship" ocupa na História da música.
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