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Manuel Falcão - Jornalista 17 de Abril de 2015 às 10:03

A esquina do Rio

Este ano assinalam-se 40 anos sobre o agitado Verão Quente de 1975 e tudo indica que a temperatura política vai subir nos próximos meses em torno das concorridas pré presidenciais

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Back to basics

O maior mistério em qualquer Governo não é perceber como funciona, mas sim como se podem parar os seus abusos.
P. J. o'Rourke

 

 

Travesti

Este ano assinalam-se 40 anos sobre o agitado Verão Quente de 1975 e tudo indica que a temperatura política vai subir nos próximos meses em torno das concorridas pré presidenciais, da incógnita de coligação dos actuais partidos do Governo, do mistério das medidas a propor pelo PS e dos resultados dos novos partidos e formações que se apresentarão a eleições.
Não deixa de ser curioso que, 40 anos volvidos sobre esse Verão Quente, surjam tão abundantes sinais de uma situação política tumultuosa, pautada por disputas palacianas, total falta de ideias, desrespeito pelas promessas feitas aos eleitores, desinteresse dos cidadãos e sinais cada vez mais claros de um regime que está em evidente crise. Falta capacidade ao sistema para encontrar soluções governativas que garantam as mudanças necessárias, falta respeito dos partidos, dos políticos e do Estado pelas pessoas, sobra arrogância e prepotência. 40 anos depois do Verão Quente, a bagunça é diferente mas não é menos grave. Está é com mais maquilhagem, esborratada, como se o correr do tempo tivesse tornado o regime num travesti da política.

 

 

Dixit

O pensamento de Fernando Medina é um misto de fatalismo e de branqueamento de responsabilidades.

Pedro Braz Teixeira, Investigador da Nova School of Business and Economics

 

 

Semanada

• Portugal está no 9º lugar entre os países com maior consumo "per capita" de bebidas alcoólicas • está no 11º lugar na lista dos países com maiores impostos sobre os rendimentos do trabalho • seis em cada dez postos de trabalho criados em Portugal são estágios • os pilotos da TAP vão fazer uma greve de 10 dias no início de Maio, o que tem um impacto estimado de 70 milhões de euros na já deficitária empresa • há três semanas, o PSD e o CDS chumbaram uma proposta de reforço de meios técnicos e humanos das comissões de protecção a menores apresentada pelo PS e PCP e, depois da morte de duas crianças por maus tratos, a maioria parlamentar apresentou proposta idêntica à que reprovou • o actor português Diogo Morgado, que interpretou o papel de Jesus numa série norte-americana, desempenha agora o papel de Diabo na série "The Messengers" • o ministro do Ambiente anunciou que a maioria da população terá um aumento nas tarifas da água • Ricardo Sá Fernandes acusou o PS de ser um partido minado pela cultura do favor e da promiscuidade e considerou que seria mau para o país o PS ter maioria absoluta • um acórdão da Relação de Lisboa indica que Sócrates gastava quatro vezes mais do que ganhava como primeiro-ministro - no fundo, foi a política que aplicou coerentemente a Portugal, gastar acima das nossas possibilidades • Manuel Maria Carrilho defendeu que António Costa devia propôr a expulsão de Sócrates do PS • a CMVM defendeu o pagamento integral do papel comercial vendido aos balcões do BES e criticou as posições defendidas pelo Banco de Portugal sobre esta matéria.

 

 

Agenda

Neste sábado, a revista Monocle realiza no Ritz a sua "Quality Of Life Conference", o primeiro evento deste género que organiza, e que vai animar o fim-de-semana lisboeta. Três dezenas de colaboradores da Monocle, incluindo o seu fundador e director Tyler Brulé, enquadrarão convidados de vários países que debaterão a situação dos media, da cultura, das cidades, do comércio e do urbanismo. Vai haver uma "Monocle pop up shop" na Entre Tanto, Rua da Escola Politécnica 42, até ao dia 26, e a conferência será transmitida em directo pela rádio em "streaming" da revista, a Monocle 24, disponível em "app" para iPhone ou iPad. 

 

 

Gosto

Da ideia de criar um Provedor do Contribuinte.

 

 

Não gosto

Das obras paradas na envolvente do Mercado da Ribeira.

 

 

Ver

A nova exposição de André Gomes, inaugurada esta semana na Casa-Museu Medeiros e Almeida, representa uma evolução significativa na relação do autor com a imagem fotográfica. Durante muitos anos, André Gomes explorou as potencialidades de manuseamento de Polaroids, aos poucos foi introduzindo modificações de imagem que o digital tornou possíveis, mas nesta mostra, "Vozes Interiores", usa as potencialidades da tecnologia na criação de uma nova forma de colagens, que potencia a alteração de ambientes, de realidades e de situações.
O conjunto das obras expostas (como a da imagem) retrata a casa do autor, o seu universo pessoal, que aliás tem sido recorrente na sua obra. Obsessivo por vezes, simbólico noutras ocasiões, André Gomes tem nestas "Vozes Interiores" a sua mais interessante exposição dos últimos anos, a mais inovadora, aquela que mostra mais sinais de uma adaptação da sua criatividade às novas possibilidades tecnológicas, transportando de facto a sua fotografia para outro plano. Destaque ainda para o magnífico catálogo, possível graças ao patrocínio da BlueCrow Capital. A Casa-Museu Medeiros e Almeida fica na Rua Rosa Araújo 41 e a exposição ficará patente até 27 de Junho. Se quiserem uma sugestão adicional, até dia 19 ainda poderão ver a Mostra, em Alvalade (Rua do Centro Cultural nº2), e recomendo que descubram as obras propostas por Paulo Brighenti, por Teresa Segurado Pavão, por José Maçãs de Carvalho, Maria do Mar Rego, Martinho Costa e Luís Alegre, entre outros.

 

 

Arco da velha

O ministro Moreira da Silva obrigou as gasolineiras a vender combustíveis não aditivados, diminuiu a oferta anteriormente existente no mercado, não obteve uma redução dos preços de forma sensível, piorou a qualidade do combustível e proporcionou o aumento das margens das gasolineiras, tudo com a intenção anunciada de defender o consumidor que, afinal, sai prejudicado.

 

 

Ouvir

José James, um americano com origens familiares no Panamá, é um dos cantores de jazz contemporâneos que mais surpreendentemente mistura estilos - desde os temas vocais mais clássicos do jazz até momentos com clara inspiração no hip hop. James é um fã confesso de Billie Holiday, cujo centenário se celebra agora, e foi o produtor da compilação de Lady Day de que aqui falei na semana passada, "God Bless The Child - The Best Of Billie Holiday". José James diz que Billie foi a sua mãe musical e neste seu CD, "Yesterday I Had The Blues", ele interpreta nove temas tornados célebres por Billie. Fez-se acompanhar de um elenco de luxo, com Jason Moran no piano e uma secção rítmica à beira da perfeição, com John Patitucci no baixo e Eric Harland na bateria. Destaque para as interpretações de "Good Morning Headache", "Lover Man" e "Strange Fruit" - mas a minha favorita é "What A Little Moonlight Can Do". A produção é do competente Don Was e sente-se que este é um disco feito com paixão - desde os solos de Jason Moran, à voz de James. CD Verve, no El Corte Inglés.

 

 

Provar

Instalado na Marginal desde há décadas, mais precisamente desde 1958, à saída de Oeiras em direcção a Lisboa, o Saisa é um clássico que desfruta de uma localização única, com uma ampla varanda em cima do mar com vista para o Bugio, a barra e a praia de Santo Amaro de Oeiras. A esplanada dessa varanda é um dos melhores pontos para um almoço tardio ou para um petisco de fim de tarde. A casa é célebre pela sua paella (para duas pessoas), pela pescada à vasca e pelos filetes à Saisa, filetes de linguado de boa fritura acompanhados por batata cortada aos pequenos cubos e salteada com pedacinho de chouriço. A casa mantém a mesma gerência desde há anos, os empregados são simpáticos e o serviço é escorreito, os preços são aceitáveis. Se não arranjar lugar na esplanada, perde metade do encanto mas a sala tem vidros largos e é grande. Aqui está um clássico que, no meio da modernice que anda para aí a fazer descongelados no microondas, merece respeito e visitas mais frequentes. Telefone 214 430 634.

 

 

Folhear

A edição de Abril da revista norte-americana Fast Company é um mimo para os fiéis da Apple. Na capa, uma foto de Steve Jobs remete para a pré-publicação de uma nova biografia do criador da Apple, escrita por um dos editores da revista e que mostra uma nova faceta de Jobs. O título de capa da Fast Company diz tudo: "Kind, patient, human, the Steve you didn't know". O livro, da autoria de Brent Schlender e Rick Tetzeli, chama-se "Becoming Steve Jobs: The Evolution Of A Reckless Upstart into a Revolutionary Leader" e já está disponível como "ebook". Num outro artigo, Rick Tetzeli escreve sobre a verdadeira herança de Steve Jobs na Apple. E, por fim, Brent Schlender  e Rick Tetzeli entrevistam Tim Cook sobre o momento actual e o futuro próximo da Apple. Uma edição absolutamente incontornável. Já agora, experimentem a nova "app" da Fast Company para iPhone e iPad onde, mesmo sem fazerem uma assinatura, podem ler diariamente novos artigos da revista. E, claro, se quiserem esta edição da Fast Company, basta comprá-la no quiosque da App Store ou numa boa loja de revistas importadas.

 

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