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24 de Outubro de 2014 às 10:13

A esquina do Rio

As novas medidas do IRS foram modificadas em diversos pontos depois de apresentadas, o responsável pelo estudo sobre a reforma do IRS considerou uma "salganhada" a cláusula de salvaguarda anunciada por Passos Coelho

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Back to basics

Quanto mais se observa a política, mais se tem a noção de que os partidos são todos o mesmo. A única diferença é que aqueles que estão na oposição prometem sempre um mundo melhor.

Will Rogers 

 

 

Semanada

• As novas medidas do IRS foram modificadas em diversos pontos depois de apresentadas  o responsável pelo estudo sobre a reforma do IRS considerou uma "salganhada" a cláusula de salvaguarda anunciada por Passos Coelho  um estudo da Deco calcula que o Fisco esteja a cobrar 244 milhões de euros em excesso no Imposto Municipal sobre Imóveis  os contribuintes com processos no Fisco até cinco mil euros ficam sem direito a recurso aos tribunais para se poderem defender  insultar funcionários do Fisco vai dar multa ou prisão até 5 anos  Manuela Ferreira Leite, ex-ministra das Finanças, questionou a aplicação da Fiscalidade Verde num país com baixa competitividade como Portugal  as confusões sobre a sobretaxa do IRS e na educação criaram mal-estar na coligação; as negociações sobre uma eventual nova coligação só começarão no início de 2015  no momento da despedida, Durão Barroso disse que a União Europeia tinha ficado mais forte depois da crise e confessou que, ao longo dos dez anos em que foi presidente da Comissão Europeia, perdeu "as ilusões"  um docente que já estava colocado nos Açores foi simultaneamente colocado em mais 95 escolas por todo o país e, em consequência, cerca de dois mil alunos continuaram sem aulas  Passos Coelho elogiou a determinação de Nuno Crato  os gastos em estudos e pareceres no Estado sobem 32% no Orçamento para 2015, atingindo 766 milhões, contra 581 milhões este ano  os ninhos de cegonha em Portugal aumentaram 50% nos últimos dez anos  seis em cada dez lisboetas não utilizam transportes públicos  a partir de 2015, em todas as salas de cinema da NOS, será possível consumir pipocas portuguesas feitas a partir de 400 toneladas de milho que serão compradas a 10 produtores nacionais.

 

 

Xadrez

Um estranho clima percorre o país e não é só este Verão de São Martinho, abafado e antecipado. A temperatura continua quente na Justiça e na Educação, com as confusões em torno do Orçamento do Estado, com os novos abusos do Fisco, com as pequenas guerrilhas dentro da coligação. O cenário geral de actuação do Fisco merece particular atenção e não tem só a ver com o aumento da carga fiscal - tem a ver com os abusos na cobrança do IMI relatados esta semana e tem, sobretudo, a ver com a diminuição dos direitos de defesa dos contribuintes. O Fisco tem dois comportamentos e isso tornou-se política oficial neste Orçamento: limitar os direitos de quem tem poucas condições para reclamar e manter as aparências nos restantes. Quando um sorriso é permanente, há boas razões para se pensar que ele pode ser falso. A ministra das Finanças é desse género de permanente sorriso e, talvez por isso, se diga que ela tem ambições políticas - a hipocrisia é uma característica necessária no sistema que temos. Se ela enveredar pela política, terá muita concorrência - perfilam-se no horizonte os candidatos a protagonistas do próximo ciclo político: em dois anos, vamos ter as eleições legislativas, as presidenciais e as autárquicas. Se repararem com atenção, já se estão a dispor peões para estes três tabuleiros, até para o autárquico. Os jogos começaram a desenhar-se, mas ainda ninguém consegue dizer como eles se vão desenvolver. Imagino algumas surpresas, antevejo candidatos a mudarem de tabuleiro e imagino muita gente a dar o dito por não dito em termos de disputas de cargos.

 

 

Dixit

"Vocês aqui fazem descontos a deputados?"

Parlamentar, cujo nome não foi revelado, em pergunta ao dono do restaurante "XL", perto da Assembleia da República, citado pelo jornal "i".

 

 

Ver

Há para ver, nos próximos tempos, dois documentários sobre música bem distintos, ambos com um longo processo de gestação. Vou começar por "Uivo" (na foto), um documentário sobre o radialista, editor e produtor António Sérgio, que morreu em 31 de Outubro de 2009. No Facebook, há uma página intitulada "Eu aprendi a ouvir música com António Sérgio", que é, por si só, o testemunho de uma geração que descobriu faces menos óbvias da edição discográfica através dos seus programas radiofónicos, como "A Hora do Lobo", "Som da Frente" ou "Lança Chamas". O produtor e realizador do "Uivo" é Eduardo Morais, que já se tinha aventurado antes, noutro documentário sobre a temática do rock, "Meio Metro de Pedra", que traçou um panorama da produção portuguesa desde a década de 50. O "Uivo" vai estrear dia 1 de Novembro no Palácio Foz e, ao mesmo tempo, será apresentado o livro "O Uivo da Matilha", de Ana Cristina Ferrão, mulher e colaboradora de António Sérgio, que com ele trabalhou intensamente.


O outro documentário, bem diferente, vem assinado por Bruno de Almeida, chama-se "Fado", e foi realizado sobre o trabalho de Camané, a partir da gravação do disco "Sei de Mim", de 2008. Depois de um documentário sobre Amália, esta é a segunda incursão de Bruno de Almeida no Fado. O documentário estreou por estes dias no DocLisboa e é uma viagem ao processo de criação de um disco, que, no caso, mostra também a importância do trabalho do produtor, que foi José Mário Branco.

 

 

Gosto

Da série "Os Anos 90", transmitida às quartas-feiras pelo canal National Geographic. 

 

 

Não Gosto

Os processos judiciais de cobranças de dívidas ainda não estão no Citius. 

 

 

Folhear

A edição de Novembro da revista "Monocle" tem a arquitectura e o design como pratos principais, mas há bastante mais para ler. Um dos artigos interessantes é sobre
a divisão, ainda hoje existente, dos ministérios do governo federal alemão, entre Bona e Berlim, 25 anos depois da queda do Muro. Outro curioso artigo é sobre as mudanças que o novo adido cultural da França em Nova Iorque está a introduzir, com o objectivo de tentar fazer renascer a francofonia no outro lado do Atlântico - algo que podia ser lido pela diplomacia portuguesa, em prol da lusofonia, claro. Ainda dentro dos temas culturais, destaque para o primeiro de uma série de artigos sobre a criatividade na concepção de novos espaços, no caso uma galeria de arte em Los Angeles, "The Mistake Room". Passando para o lado das cidades, um dos destaques vai para Istambul, com uma boa proposta de roteiro. No Design Directory, há um destaque para o Bairro da Bouça, no Porto, um projecto de habitação social, e ainda duas referências adicionais a Portugal: uma à empresa O Editorial, que produz as tábuas de cozinha e de servir tapas desenhadas por Gonçalo Prudêncio, e a outra à cadeira Aranha, desenhada por Marco Sousa Santos e produzida pela Branca, em Paços de Ferreira. A terminar, mais dois destaques - um para o belíssimo relato de um almoço com Gay Talese, em Nova Iorque, um dos mentores do New Journalism; e o outro vai para o editorial de Tyler Brulé, que reflecte de forma acertada, mas polémica, sobre a decadência da imprensa e as razões de tal situação, e os modelos de negócio seguidos por alguns jornais no digital. Atrevo-me a dizer que é leitura obrigatória para quem trabalha em qualquer disciplina da comunicação.

 

 

Arco da velha

A coisa já é sobejamente conhecida, mas não resisto: os juízes do Supremo Tribunal Administrativo reduziram a indemnização a uma mulher alegando que "aos 50 anos a actividade sexual não tem a importância que assume em idades mais jovens". A mulher, na sequência de um erro médico numa cirurgia, nunca mais conseguiu ter relações sexuais após a operação. Não é só o Citius que não funciona na justiça portuguesa.

 

 

Ouvir

Entre as Caldas da Rainha e Londres, nasceram Los Waves - com uma formação mutante, que passou do duo inicial ao quarteto actual. A banda tem feito uma carreira internacional desde que se estreou em Londres, em 2011, e este seu primeiro álbum é editado praticamente em simultâneo nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Portugal. Los Waves cruzam vários estilos, é possível detectar influências que vão da new wave à pop urbana, aqui e ali com uns laivos psicadélicos. Há uma coisa curiosa neste "This Is Los Waves So What?", que é o facto de os 11 temas manterem uma qualidade homogénea a ponto de haver quem diga que este álbum é um somatório de singles. Talvez por isso mesmo, já há canções de Los Waves nas bandas sonoras de séries como "Gossip Girl", "Mentes Criminosas" e em filmes como "Veronica Mars", "Enough Said"  ou "Cradle Of Storms". "Golden Maps" foi a canção que ganhou notoriedade no festival South By Southwest e abriu-lhes as portas da América. Um disco que tem tanto de inesperado como de atraente.

 

 

Provar

Quando se fala em éclairs, o que vem à mente são bolos, doces, uma das delícias da pastelaria francesa. Acontece que também há éclairs salgados, que podem ser acompanhados por uma salada e assim constituir uma refeição. O admirável mundo dos novos éclairs chegou a Lisboa, mais precisamente à Avenida Duque de Ávila 44. Nos dias bons, há uma esplanada no passeio e a sala é espaçosa e elegante. "L´Éclair" é obra de um jovem pasteleiro francês, de 26 anos, Mathieu Croiger, que decidiu experimentar a sua arte e a sorte em Lisboa. O local é cuidado na apresentação e exemplar no serviço, muitas vezes com o próprio dono presente. E, além dos éclairs doces ou salgados, há macarons que podem ser invulgares, como os de pistáchio ou de alfazema, e o clássico pain au chocolat. Logo de manhã, que a casa funciona cedo, há deliciosos croissants bem frescos para o pequeno almoço. Está aberto de segunda a sexta, das 07h30 às 20h00, e ao fim-de-semana, das 09h30 às 19h00. Podem ser encomendados éclairs ao metro, para ocasiões especiais, num dos 15 sabores disponíveis. E, volta e meia, há surpresas, como o éclair de amendoim com uma pitada de flor de sal.

 

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