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17 de Maio de 2013 às 10:35

A esquina do Rio

Esta semana, o secretário de Estado do Turismo tomou uma boa medida ao simplificar o processo de acesso e de exercício da actividade das empresas de animação turística

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Back to basics

Quando, em vez de pensar e de cumprir objectivos, nos envolvemos em rotinas cegas, rapidamente nos tornamos escravos dessas rotinas. Robert Heinlein

 

 

Dinamizar
Esta semana, o secretário de Estado do Turismo tomou uma boa medida ao simplificar o processo de acesso e de exercício da actividade das empresas de animação turística, com o objectivo de fomentar o emprego e a diversificação da oferta turística, em áreas que vão do surf à gastronomia ou ao ecoturismo. Esta é uma excelente decisão - mas precisa de ser urgentemente complementada pela reestruturação da regulamentação fiscal dos trabalhadores por conta própria, os "freelancers", que nestas áreas são dominantes. O sistema vigente dos recibos verdes, agora electrónicos, é penalizador da existência de "freelancers" porque a carga fiscal e de taxas sociais impostas retiram praticamente metade daquilo que os jovens ganham em início de vida profissional nestas actividades - ou noutras, como "startups" tecnológicas. Tenho para mim que a regulamentação existente sobre os "freelancers", nas mais diversas actividades, das mais simples às mais sofisticadas, é uma das causas do desemprego juvenil. Forçosamente com remunerações de início de carreira, quem quer ficar com praticamente metade dos 700 a mil euros que, na melhor das hipóteses, poderão facturar mensalmente em termos brutos?
A situação causa revolta entre quem trabalha - muitas das vezes em actividades que domina e de que gosta. Parte substancial da carga que incide sobre estes "freelancers" provém da contribuição para a previdência social - de que, sejamos lúcidos, provavelmente nunca beneficiarão. A situação é uma das mais sólidas razões para fazer uma revisão de todo o sistema, aliviando quem não vai usufruir dos esquemas antigos, e criando efectivamente maior atractividade pelo empreendedorismo entre os mais novos - que lhes permita criar sistemas de trabalho colectivo, legal e fiscalmente contributivo, mas mais justo e informal. Este é um dos maiores desafios para a modernização do país e para que não se perca uma geração - um sistema de incentivo que alivie fiscalmente os primeiros anos de trabalho e que introduza progressividade e opções de escolha sobre os modos de protecção social que cada um deseja. Algum dia tem de se começar a colocar esta questão. E quanto mais cedo, melhor.

 

 

Arco da velha
Depois de Marques Mendes o ter anunciado, Cavaco Silva convocou o Conselho de Estado e revelou a sua agenda; Mário Soares veio propor outra agenda - debater a situação actual do país em vez de prever o futuro; e Marcelo Rebelo de Sousa constatou que o Conselho de Estado já devia ter sido convocado há mais tempo.

 

 

Ver
Hoje sugiro uma visita a uma galeria em Lisboa, ao pé do Largo do Rato. A exposição que vos aconselho inclui desenhos, grafismos, sucedâneos tipográficos, objectos, peças soltas e até uma citação, de Man Ray - uma instalação pensada por José Barrias para Lisboa (palavra, aliás, lá soletrada ). Por cima, junto ao tecto, fios cruzados que evocam uma teia de aranha que mal se vê - como as autênticas teias de aranha. Confunde-se com a construção, mas sugere a ligação entre pontos aparentemente desconexos. A exposição de José Barrias na Galeria Diferença é isto: um jogo entre o que se vê e o que se sente, entre onde se está e para onde se pode ir. Fica até 29 de Junho na Diferença, Rua de São Filipe Neri, 42 cave.

 


Provar
Há muito tempo que não ia ao Magano, um dos restaurantes alentejanos de Lisboa que nunca me desiludiu. Acompanhado por um belo grupo de amigos, fez-se uma prova que passou por um honesto presunto, uns cogumelos recheados bem apaladados e umas empadinhas de galinha para abrir o apetite. Nas coisas mais sérias vieram uns muito elogiados pastéis de massa tenra com arroz de tomate, e uns deliciosos pezinhos de leitão de coentrada, um autêntico petisco. A mesa ficou completa com um entrecosto servido com migas de espargos. A acompanhar, bem, esteve o tinto da Herdade dos Grous. Serviço correcto, casa cheia numa sexta-feira à noite, preço enquadrado na austeridade. O Magano fica na Rua Tomás da Anunciação 52 e tem o telefone 213 954 522. Vale a pena reservar, que a sala não é grande.

 


Dixit
"O Big Brother ao pé disto (as confusões no seio do Executivo) é de uma monotonia e de uma chateza meridiana (...) o Governo, de vez em quando, parece um reality show".

Marcelo Rebelo de Sousa

 

 


Gosto
Do movimento dos comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro e da Praça de Londres que a 6 de Junho vão fazer uma 'open night'.

 

Não gosto
Da ideia de responsáveis europeus de incluir os depositantes na reestruturação dos bancos, a par dos accionistas e credores.

 

 


Ouvir
June Tabor é um nome incontornável na música britânica que começou por se distinguir na folk e que depois foi cruzando géneros. Em 2005, June Tabor, com o pianista Huw Warren e o saxofonista Iain Ballamy, fizeram o álbum "At the Wood's Heart". No ano a seguir, os três músicos, sob o nome Quercus, realizaram uma longa digressão e um dos últimos concertos foi gravado: daí este disco que agora foi editado pela ECM. O disco mistura temas tradicionais da folk como "As I Roved You", "Near But Far Away", com canções feitas sobre poemas de Robert Burns e William Shakespeare e até material mais contemporâneo como "A Tale From History (The Shooting)", do irlandês David Ballantine, ou uma revisão de uma melodia de John Dowland, "Teares", e uma canção dos anos 40, "This Is Always". Como Dave Gelly bem escreveu no "Observer", este CD, "Quercus", é uma das obras mais surpreendentes da música popular dos últimos tempos. ( na Amazon).

 

 

Folhear
Já aqui falei da "Aperture", uma revista publicada desde 1952 nos Estados Unidos, quatro vezes por ano, pela fundação do mesmo nome, que tem por missão "ligar a comunidade da fotografia e os seus públicos com os trabalhos mais inspiradores, as ideias mais brilhantes e juntar todos, em papel, em pessoa ou 'online".
Sem exageros, a "Aperture" é uma das melhores publicações sobre fotografia. A edição desta Primavera, com o número 210, assinala um novo marco: é uma edição com um grafismo completamente novo e inspirada pela necessidade de, num momento em que as fotografias abundam nas plataformas digitais, mostrar como a sua existência em papel oferece uma experiência diferente. Ao mesmo tempo, a nova "Aperture" pretende acompanhar a evolução da fotografia e enquadrá-la historicamente através de artigos acessíveis, mas com conteúdo. Na capa, o título é um simples "Hello Photography" - e um dos artigos desta edição, um ensaio de Robin Kelsey, aponta a dupla existência da fotografia nos dias que correm: entre o papel onde as imagens nos surgem e o mundo digital de servidores onde elas são perpetuadas. É uma edição brilhante, que nos ajuda - também vendo exemplos - a compreender o presente e a especular sobre o futuro da imagem fotográfica. (comprada na Amazon).

 


Semanada

 60% dos comentadores com presença semanal nas televisões foram ou são políticos;  Vítor Gaspar já alterou impostos, taxas e contribuições 65 vezes desde que tomou posse;  as bilheteiras dos cinemas portugueses registaram, nos primeiros quatro meses deste ano, menos seis milhões de euros de receitas, ou seja, perderam um milhão de espectadores, uma quebra de mais de 20%;  o Presidente da República pediu menos exposição pública das divergências dentro da coligação do Governo;  o Presidente da República afirmou que vai fazer tudo para que os pensionistas não voltem a ser penalizados;  a OCDE faz notar que os preços da água e da energia eléctrica penalizam a competitividade da economia portuguesa;  o PIB português caiu 3,9% no primeiro trimestre do ano, a terceira maior queda homóloga na Europa, depois da Grécia e Chipre;  em 2012, o Banco de Portugal apresentou lucros de 449 milhões, 14,4 vezes mais que em 2011 e o maior desde que há moeda única;  para este resultado contribuíram os 803 milhões associados à diferença entre custos e proveitos dos empréstimos aos bancos portugueses;  o crescimento acumulado em Portugal entre 1999 e 2012 ficou 8% abaixo da zona Euro;  o processo de ajustamento está a provocar uma recessão económica em Portugal, que acentua o fosso existente entre o país e a restante zona Euro.

 

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