Opinião
Velhos, funcionários públicos, resignados
O excesso de funcionários públicos, também mal preparados e pouco qualificados, na administração central e local, estão na base da baixa qualidade e ineficiência dos serviços públicos, da teia burocrática que asfixia as nossas empresas.
O retrato do nosso país, traçado por várias organizações, nacionais e internacionais, dum modo consistente e unânime, apresenta a seguinte realidade: Um país com uma população envelhecida e pouco qualificada, com um número de funcionários públicos excessivo, resignado à sua pobreza e a baixos índices de qualidade de vida.
A baixa qualificação académica e profissional está na base da baixa produtividade (os portugueses trabalham muitas horas, mas com grande ineficiência), que se traduz em baixa competitividade do nosso aparelho produtivo, compensada com baixas remunerações.
O envelhecimento condiciona a capacidade de aprendizagem de novas tecnologias e de novos processos operativos, prolongando este modelo de baixa produtividade.
Cria, para além disso, pressões enormes sobre o nosso sistema de saúde e de segurança social, criando um ciclo de empobrecimento constante.
O excesso de funcionários públicos, também mal preparados e pouco qualificados, na administração central e local, estão na base da baixa qualidade e ineficiência dos serviços públicos, da teia burocrática que asfixia as nossas empresas e nos custos de contexto que impedem a melhoria da sua competitividade.
Constituem, também, uma enorme rigidez da despesa pública, impedindo uma redução mais rápida da nossa dívida externa.
As últimas eleições, em que o país não manifestou qualquer sobressalto ou desejo efectivo de mudança, provam que a maioria dos portugueses está resignada com a sua sorte.
Escolheram a garantia da continuação deste crescimento anémico, serviços públicos em degradação lenta, mas permanente, emprego público assegurado, remunerações baixas, com os pequenos aumentos absorvidos pelos impostos indirectos.
Não escolheram a mudança, aceitando os riscos e os desafios que a mesma implica.
Os nossos jovens, mais qualificados e inconformados, desistiram de lutar pelas mudanças no seu país.
Decidiram emigrar para os países da Europa do Norte, onde encontram um ecossistema completamente diferente: Estruturas públicas e empresariais eficientes, empregos desafiantes e bem remunerados, qualidade de vida indiscutível.
A apatia com que o país acompanha o advento das novas tecnologias e das novas plataformas de comunicação e informação, é preocupante.
As empresas privadas respondem aos novos desafios com novas plataformas informáticas, automação, robotização, bases de dados relacionais.
A administração pública responde com a admissão de mais funcionários, agravando a ineficiência global de todo o sistema.
Os relatórios internacionais continuam a surgir, periodicamente, assinalando todos estes aspectos negativos.
Com tendência para agravamento, face ao fenómeno recente de imigração de jovens, sem qualquer qualificação académica e profissional, que asseguram os serviços básicos de comércio e turismo.
Sem qualquer sobressalto cívico.
Ninguém antecipa um futuro promissor.
Gestor de Empresas
Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico