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Empresas inovadoras: empresas disciplinadas

Existe um conjunto de equívocos sobre empresas inovadoras e gestão da inovação, que condicionam e prejudicam fortemente a afirmação no mercado, eficiência e rentabilidade destas organizações.

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Este facto assume especial relevância no momento actual do nosso país, que no âmbito do programa comunitário "Portugal 2020" terá de desenvolver processos de inovação nas empresas portuguesas de modo a aumentar a sua competitividade nos mercados internacionais.

 

Confunde-se empreendedorismo inovador com gestão da inovação, start-ups tecnológicas com empresas inovadoras de base tecnológica, estruturadas e estabilizadas, criatividade com falta de regras e de disciplina empresarial, desenvolvimento de ideias inovadoras com lançamento no mercado de produtos e serviços inovadores, inovação no processo como uma parte menos nobre do processo de inovação.

 

Contrariamente a uma opinião generalizada, as empresas inovadoras de sucesso são empresas muito disciplinadas, que utilizam com rigor todas as ferramentas de gestão da inovação e avaliam criteriosamente a rendibilidade financeira dos seus investimentos em inovação.

 

A bibliografia refere as seguintes características principais das organizações capazes de desenvolverem processos de inovação radical:

 

- Os líderes definem as expectativas, desenvolvem uma cultura de inovação radical, estabelecem mecanismos de fixação de objectivos e de compensação.

 

- São constituídas ilhas de inovação radical, com mecanismos de avaliação, suportados em critérios adequados.

 

- Os modelos de negócio são desenvolvidos com o apoio de pessoas ligadas ao desenvolvimento não tradicional de novos negócios e estratégias de marketing.

 

- As empresas adoptam uma aproximação de portefólio de projectos, para financiar a inovação radical.

 

- Os gestores individuais, com autonomia e autoridade, dispõem, por esta via, de fundos e capital semente, para os projectos inovadores.

 

- As relações entre a actividade de inovação radical, e os parceiros, internos e externos, são desenvolvidas a nível estratégico.

 

- As equipas de transição asseguram a continuidade dos projectos até que a incerteza seja reduzida e feita a transferência para as unidades de operação.

 

Todo este conjunto de procedimentos exige uma enorme disciplina de gestão empresarial, que é incompatível com a ideia de generalizada de que nestas empresas não existem horários de trabalho, normas e regras de funcionamento, hierarquias, planos, projectos, objectivos e resultados.

 

As empresas químicas, farmacêuticas, de energia, telecomunicações e sistemas de informação, de base tecnológica e altamente inovadoras, adoptam todos estes processos disciplinadores para obterem os resultados adequados.

 

Recentemente, um jovem quadro português escreveu um artigo a valorizar o ambiente informal, livre, aberto e aparentemente com poucas normas de funcionamento, com que teve oportunidade de conviver numa empresa inovadora portuguesa, agradecendo os ensinamentos que tinha lá adquirido. A empresa em questão está em pré-falência.

 

Professor Associado Convidado do ISCTE

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