Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

2017

Em adolescente via o ano 2000 como um momento mágico. Pensava: se chegar lá vai ser extraordinário. Cheguei. Vamos entrar em 2017 e eu tinha razão: este é mesmo um tempo extraordinário.

Adjetivo que se aplica nos dois sentidos: bom e mau. Ao mesmo tempo que assistimos, numa base diária, a avanços tecnológicos dignos da ficção científica, temos por outro um regresso às guerras mais bárbaras, aos atentados indiscriminados, ao crescimento de uma cultura e de uma civilização do obscurantismo, da degradação humana e do ataque às liberdades. Trata-se objetivamente de uma minoria regressiva. Mas causa um enorme dano pela insegurança que gera e porque o medo tende a levar as populações a apoiarem as piores soluções. O crescimento da extrema-direita é o resultado direto do fascismo islâmico. Dão-se bem uns com os outros.

 

Mas falemos do futuro que é bem mais interessante.

 

Nenhuma visualização futurística, das tantas que se fizeram sobretudo a partir do século 19, passava sem imensas coisas a voar. Para os nossos antepassados o futuro era definitivamente aéreo. E tinham razão. Em menos de cinco anos os pequenos drones, acessíveis e pessoais, tornaram-se no gadget mais procurado no mundo. Já se contam na ordem dos milhões e começam a voar por todo o lado com as mais diversas funções. Os drones fazem entregas, vigiam florestas, são essenciais na agricultura moderna e na meteorologia, procuram sobreviventes nas catástrofes ou simplesmente fotografam e filmam. O ar vai-se enchendo destas criaturas robóticas, de tal maneira que os governos, sempre atrasados, se apressam agora a legislar.

 

O ano de 2017  vai certamente trazer surpresas na utilização de drones. Dos muito pequenos, quase insetos, começam agora a surgir os grandes, capazes de transportar uma pessoa. Já estão em testes. Em breve andaremos a voar por cima e não nas ruas.

 

Até lá teremos os carros sem condutor. Também em poucos anos passou-se de uma ideia futurista para a realidade. Neste momento já circulam em muitos locais milhares de carros e camiões sem condutor. Ainda só são notícia quando causam um acidente. Mas na verdade são bastante mais seguros do que os conduzidos por pessoas. Na era das máquinas o erro é sempre humano.

 

Os carros sem condutor vão alterar radicalmente os nossos modos de vida e sobretudo as nossas cidades. Desenhadas para os carros e não para as pessoas as cidades vão ter de se reformular. Basta pensar no problema do estacionamento, hoje maior, que irá perdendo relevância já que o carro sem condutor não precisa de ficar parado, a maior parte do tempo, diga-se de passagem, à nossa porta. Mais carros elétricos, silenciosos e não poluentes, e sem condutor é o que nos reserva 2017.

 

Também a Inteligência Artificial  (IA) promete mudar significativamente as nossas vidas. Desde logo porque, já hoje, a IA se vai apoderando dos nossos computadores, telemóveis e comunicações em geral. Cada vez mais a IA trata de operações em meio digital das mais simples às mais complexas. A Internet, por exemplo, está cheia de bots que incessantemente analisam dados e os transformam em algo coerente e útil e não só na perspetiva comercial. Nesse domínio, o comercial, a IA é o mercado do futuro. As lojas, os vendedores, os intermediários humanos vão-se tornando obsoletos. Do mesmo modo a indústria é crescentemente uma operação de IA. As fábricas extensamente robotizadas dispensam a presença humana.

 

Em suma, 2017 promete ser mais um ano extraordinário. E eu, espero, ainda cá estarei para ver.


Artista Plástico

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio