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12 de Julho de 2017 às 20:45

Estado pós-paternalista

A dívida pública, não podendo aumentar por compromissos com o exterior, obrigará os governos a uma ginástica orçamental em que o declarado é distinto do realizado.

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A FRASE...

 

"E o que mais irá acontecer? Depois de Pedrógão, Tancos, demissões, só pode ser o diabo."

 

Raul Vaz, Negócios, 12 de Julho de 2017

 

A ANÁLISE...

 

O Estado pós-paternalista está em gestação acelerada. Os últimos acontecimentos catastróficos (incêndios e roubos) demonstraram a exiguidade de recursos para socorrer tudo e todos. Os portugueses não têm dinheiro suficiente (impostos retirados dos seus rendimentos) para distribuir para todas as competências (despesa pública) que a classe política quer oferecer em troca dos favores eleitorais e para satisfazer as corporações tradicionais.

 

A dívida pública, não podendo aumentar por compromissos com o exterior, obrigará os governos a uma ginástica orçamental em que o declarado é distinto do realizado, porque há verbas que não podem estar disponíveis (cativações), nem nunca verão a luz do dia. O panorama tornou-se sombrio para os que acreditam na infalibilidade e paternalismo estatais.

 

 Paradoxalmente, estamos a descobrir esta realidade através de uma plataforma de esquerda, porque a troikiana que nos ofereceram era jocosamente designada de neoliberal. A história orçamental começa a escrever-se direito por linhas tortas. Os comunistas inscreveram a irreversibilidade das nacionalizações, quando se ouvia a força do PCP, para depois a perderem quando escolhemos a União Europeia. A reversão atual do "neoliberalismo" ditou um novo modelo orçamental. Todavia, a reversão da reversão afinal não passavam de cortes. Não iremos sair deste ciclo político insano e sem destino se a sociedade civil não se organizar para denunciar ativamente o que se está a passar. E o sistema mediático não ajuda, porque não se vê como fazendo parte do "sistema" que lentamente vai à falência. Afinal havia uma alternativa: não a conhecíamos, mas compreendemo-la agora melhor. A bem da nação.

Artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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