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25 de Julho de 2018 às 20:56

A reversibilidade da irreversibilidade

Vale a pena recuar no tempo. Os verdadeiros reformistas de Portugal (Mário Soares, Sá Carneiro e Cavaco Silva) indicaram-nos que o caminho de Abril não era o proposto pelos comunistas e pelas esquerdas tribalistas e folclóricas da época.

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A FRASE...

 

"Economicamente, o país estagnou por volta de 2000 e entrou num processo de empobrecimento relativo lento que o levará a ser uma das economias mais pobres da Europa no final da próxima década…"

 

Nuno Garoupa, Público, 19 de Julho de 2018

 

A ANÁLISE...

 

Os credores de Portugal fizeram nascer uma gerigonça. Esta sobrevive nos interstícios dos diversos poderes, o PR aplaude por pretender ser uma bissectriz consensual, mas a prazo estão a destruir a credibilidade da política em resolver os problemas do país. O negócio não vai acabar bem. Uns aceitaram os mais baixos défices da democracia, e em contrapartida abrem brechas na economia de mercado e no Estado de direito: tudo a troco de estabilidade da dívida soberana.

 

Vale a pena recuar no tempo. Os verdadeiros reformistas de Portugal (Mário Soares, Sá Carneiro e Cavaco Silva) indicaram-nos que o caminho de Abril não era o proposto pelos comunistas e pelas esquerdas tribalistas e folclóricas da época.

 

Lutaram para pertencermos à Europa do Estado de direito, pela adopção de uma saudável concorrência na iniciativa privada, pela reconstrução dos grupos privados, esbulhados em 1975, pela edificação de direitos sociais (saúde e educação) induzidos pelo Estado, quer a entrega fosse pública ou privada, e por uma política social de infra-estruturas que nos aproximava dos melhores padrões europeus.

 

Por razões tácticas do PS de hoje de ocupar o poder pelo poder, este modelo está colocado em causa pelas permanentes negociações dentro da gerigonça. O PS lutou pela irreversibilidade das nacionalizações, mas hoje pratica a reversibilidade do modelo europeu, estatizando sub-repticiamente o país com decretos, regulação, impostos e taxas, restringindo cada vez mais a liberdade dos cidadãos, atacando os direitos de propriedade e privilegiando grupelhos activistas nas redes sociais das causas do momento, apenas para promover a estabilidade governativa.

 

Os três atores mencionados acima tiveram em comum algo muito relevante: não tiveram no seu tempo medo das manifestações de rua estridentes do PCP, das greves, dos comícios e sessões de esclarecimento das esquerdas extremistas. O governo de Passos Coelho e de Portas seguiu o seu exemplo de afrontamento, pese embora a guinada de Mário Soares que desafiou o ex-primeiro ministro a ir para a rua, pois assim não demonstrava ter medo do povo.

 

O centro, quer seja de esquerda e ou de direita, conservador, liberal, social-democrata ou socialista só podem sobreviver em Portugal, se afastarmos do poder as esquerdas extremistas que tornaram o PS refém da sua própria estratégia de poder.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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