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21 de Fevereiro de 2019 às 20:32

A boa e má radicalização

Uma das similitudes com o ocorrido no Estado Novo é o Presidente chamar-se Marcelo. O anterior levou 6 anos a originar uma revolução e o atual caminha para uma evolução na continuidade muito afetuosa na linha das conversas em família do Marcelo I.

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A FRASE...

 

"Não é por acaso que a União Europeia se tornou o alvo favorito dos defensores do chamado modelo democrático iliberal"

 

Francisco Assis, Público, 21 de fevereiro de 2019

 

A ANÁLISE...

 

O socialismo e a social democracia do Euro do Sul faliram irremediavelmente. Escondemos ao eleitorado os responsáveis pela morte e as razões profundas do falecimento, e ninguém se atreve a fazer a oração fúnebre. Ou melhor: estamos moribundos, mas ninguém caiu de uma cadeira como Salazar em 7 de setembro de 1968 (a data verdadeira continua em disputa) na fortificação erigida por Filipe II de Espanha. As forças políticas e as de "investigação histórica" resguardam-se na cortina de fumo dos ventos da Europa e do Mundo para ocultar o sucedido. A rotatividade democrática impede de personificar os responsáveis pelo estado lastimável do situacionismo português.

 

Uma das similitudes com o ocorrido no Estado Novo é o Presidente chamar-se Marcelo. O anterior levou 6 anos a originar uma revolução e o atual caminha para uma evolução na continuidade muito afetuosa na linha das conversas em família do Marcelo I, mas que agora podem ser reproduzidas em vários canais a qualquer hora. À época da ditadura, o monopólio público da comunicação era de lei; hoje temos o monopólio de pensamento quase único, em que as gentes de centro direita ou direita são invariavelmente apresentadas como próximas dos eleitorados da Alemanha Nazi, enquanto nos idos de Marcelo I os comunistas comiam criancinhas. Para nos distrair da bancarrota do modelo político, económico e social, a esquerda enclausurou-se nas lutas do racismo, misoginia, xenofobia, desigualdade de rendimento, plutocracia, poluição ambiental, homofobia, e os ataques ao Estado social como as tarefas a que uma sociedade inteira tem de se de dedicar para sair da cepa torta.

 

Paralelamente, os brancos, heterossexuais e homens são revelados como inimigos do progresso. As tribos que se estão a criar vão abalar as Nações. E cada um dos lados, vê a sua radicalização como boa. As elites não são admiradas, e são todas corruptas e não tratam do verdadeiro povo. Julgo que a tarefa de Marcelo II vai ser muito difícil. Quem como eu votou nele, vai reservar-se o direito de observar a sua utilidade para nos fazer sair deste retângulo opressivo.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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