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PS, PSD e CDS, censura e ignorância

A proposta para legislar a cobertura jornalística dos actos eleitorais é uma combinação de ignorância, leviandade e vontade de censurar, de condicionar a liberdade de informar com pseudo-planos, fiscalizações e multas. Características e vontades que foram capazes de unir PS, PSD e CDS.

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Ignorância ao expor até que ponto os deputados que elaboraram a proposta desconhecem os processos de produção de notícias e reportagens, o actual perfil muito exigente de procura de informação imposto por parte dos leitores. Com as oportunidades abertas pelas novas tecnologias os leitores querem qualidade em tempo real, exigindo dos jornalistas uma enorme capacidade de reacção a qualquer imprevisto.


Exigir um "plano" para ser entregue a uma equipa administrativa que o vai validar, fiscalizar a sua execução e depois multar traz-nos à memória histórias antigas do lápis azul. Queremos acreditar que a intenção do PS, PSD e CDS não é lançar as sementes da censura derrubada vai para 41 anos. Queremos acreditar que é apenas superficialidade e ignorância.


Os pormenores a que chegam os autores do projecto limitam o espectro hoje muito mais alargado do que é a produção e os géneros jornalísticos. Os leitores querem, e bem, notícia, análise, comentário ao mesmo tempo, o mais depressa possível. Mais uma vez, os deputados que elaboraram esta proposta parecem viver na pré-história dos media.


A superficialidade vai ao ponto de o diploma exigir a entrega dos planos de cobertura jornalística dos actos eleitorais ainda antes de se conhecerem todos os candidatos. Se não fosse triste ver deputados da Nação escreverem este tipo de coisas, seria cómico. Planear antes de se conhecer todos os protagonistas deve ser um novo tipo de plano.

A fúria controleira está bem clara nos pormenores a que chegam na descrição do que exigem nos planos de cobertura. Um exemplo é a proibição "expressa" de incluir juízos de valor ou comentários em matérias noticiosas. O que significa isto? Dizer que a sala do comício do partido X está cheia quando a do Y está vazia pode ser um juízo de valor.

O distanciamento da realidade dos deputados do PS, PSD e CDS que propuseram este diploma vai ao ponto de ignorarem que, hoje em dia, a cobertura jornalística da actividade política é feita, na maioria dos casos, por dever de prestar um serviço público.

A proposta de diploma que quer limitar a cobertura jornalística dos actos eleitorais revela vontade de limitar a liberdade e é um triste espectáculo de ignorância e superficialidade. O Negócios não estará disponível para ser cúmplice de tentativas de condicionar a liberdade.  

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