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13 de Novembro de 2017 às 20:25

Que futuro para o Líbano?

Até prova real em contrário, o primeiro-ministro Saad Hariri, está detido em Riade. Qual é então a estratégia de Mohammed bin Salman, o homem-forte da Arábia Saudita?

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De acordo com a opinião generalizada em Beirute, o primeiro-ministro Saad Hariri foi chamado a Riade com urgência pelo rei Salman e quando chegou o seu avião foi cercado pela polícia que lhe retirou o telemóvel e o impossibilitou de contactar com o exterior. Tornou-se um refém da casa de Saud e do homem-forte de Riade, Mohammed bin Salman, que nessa mesma noite, levou a cabo uma verdadeira noite das facas longas, prendendo e afastando potenciais rivais na elite saudita. Isto perante o aplauso de Washington e de Telavive. Hariri demitiu-se das suas funções em directo na televisão saudita, acusando o Irão e o Hezbollah libanês de desejarem o seu desaparecimento, algo que pôs em causa aquilo que tinha sido a sua política, dentro do princípio da repartição de poderes em Beirute. O efeito não foi o desejado: a elite libanesa não se dividiu, como desejavam os sauditas, e o próprio presidente Michael Auon (maronita) pediu já explicações a Riade sobre o que se passa com Hariri. A Arábia Saudita, parece evidente, deseja que o Líbano seja a linha da frente de um conflito contra o Irão, mas que dificilmente passará por uma guerra clara entre ambos. O Líbano era assim uma boa forma de pressionar o Irão, entre uma devastadora guerra no Iémen e o bloqueio económico ao Qatar.

 

Tem o apoio de Washington, fascinado pelo seu ódio ao Irão e pelos contratos de muitos milhares de milhões de dólares de compra de armamento. Além disso, Trump quer que a OPV da Saudi Aramco seja na bolsa de Nova Iorque. Os negócios são a estratégia da Casa Branca. Tudo isso há-de ter sido discutido nas três visitas, nos últimos meses, a Riade de Jared Kushner (casado com Ivanka Trump), para encontros com Mohammed bin Salman. A ideia central é fazer o cerco ao Irão. A história da corrupção, argumento usado para a prisão de vários príncipes sauditas, é um disfarce óbvio. No Líbano, os primeiros-ministros são sunitas de acordo com a Constituição e eles quase sempre combinaram os seus interesses políticos no país do cedro com os seus negócios na Arábia Saudita. As coisas não têm corrido bem para a empresa principal de Saad Hariri, na Arábia Saudita: a construtora Oger está à beira da falência. Segundo corre em Beirute, o Estado saudita deve à Oger nove mil milhões de dólares. Que resta assim, para lá do desejo de poder de Mohammed bin Salman, que com o seu golpe alienou o equilíbrio entre a causa de Saud, a elite teológica e as tribos, o triângulo que dividiu o poder no reino até agora?  

 

Ásia: o adeus de Donald Trump à liderança asiática

 

As principais nações do Pacífico, excluindo a China, anunciaram que vão desenvolver o seu acordo comercial Transpacífico (TPP), depois de Donald Trump ter reiterado mais uma vez, no encontro dos países desta área geopolítica e económica, a APEC, que decorreu no Vietname, a retirada dos EUA. Países como o Japão, a Austrália, o México ou a Malásia decidiram prosseguir este caminho multilateral, que foi promovido pela administração Obama para fazer face ao crescente poder da China na região. Depois de uma visita à China, onde foi recebido pelo cada vez mais fundamental Xi Jinping na cena internacional, Trump fez um discurso em Da Nang que deixou pouca margem de manobra para os seus (outrora?) aliados na região: avançarem sem os EUA.

 

Com a declaração de Trump, que sublinhou que prefere acordos bilaterais a multilaterais, e que "colocará a América sempre primeiro", palavras pouco amáveis numa cimeira destas, ficou evidente que os EUA renunciaram ao seu papel de líderes mundiais para ceder esse lugar à China. País que ocupará o vazio deixado por Washington. Trump enterrou assim uma política americana de várias décadas destinadas a garantir a sua influência global, e que teve como base os acordos comerciais na Ásia, o que lhe garantiram enorme influência ali. Por seu lado Xi Jinping, frente à altivez de Trump, veio dizer que a globalização "é uma tendência histórica irreversível" e que por isso o sistema multilateral de comércio deve crescer. Washington empurra assim os seus velhos aliados para os braços da China que faz da sua política comercial agressiva uma ponte para criar maior influência global. Tudo isto sucede depois de uma visita de Trump à China em que foi acusado de excesso de deferência verbal, depois de tudo o que disse sobre o país durante a campanha eleitoral, em que aparecia como o "inimigo externo" total.

 

Tailândia: compras em Sines

 

O grupo químico tailandês Indorama Ventures Limited (IVL) vai adquirir os activos da Artlant PTA, empresa situada no Complexo Industrial de Sines, que incluem equipamento, direitos de superfície e contratos de trabalho, anunciou o grupo. A Artlant, empresa declarada falida no Verão passado, é o maior produtor de ácido tereftálico purificado (PTA). O grupo IVL vai adquirir igualmente a empresa Artelia Ambiente, que tem uma capacidade de produção de energia eléctrica de 40.390 megawatts e dispõe de instalações de desmineralização da água, de tratamento de resíduos líquidos e de hidrogénio.

 

Macau: Banco Well Link avança

 

O novo banco de Macau, Banco Well Link, foi inaugurado na semana passada numa cerimónia realizada nas instalações do Banco da China, tendo como presidente executivo, Zhang Shengman. Este disse que, para já, o objectivo é trabalhar para estabilizar a instituição bancária, admitindo ainda que quer ser também uma ponte para a região e para o mundo de língua portuguesa. O Banco Well Link tem como accionistas o Grupo Well Link, com 26%, o Novo Banco mantém 25%, a família Ma com 15% e o Grupo KingKey, de Shenzhen, também com 15%. O capital deverá ser aumentado nos próximos anos, prevendo-se que, na altura, o Novo Banco reduza a sua participação.

 

China/Cabo Verde: acordo na aviação e FA

 

Cabo Verde e a China estão a negociar um acordo aéreo que deverá permitir às companhias chinesa Capital Airlines e cabo-verdiana TACV voarem entre os dois países. Luís Filipe Tavares manteve um encontro com o ministro chinês da Defesa em que foi debatida a possibilidade de renovação, no próximo ano, do acordo de defesa. Aqui contempla-se a formação de militares cabo-verdianos nas academias chinesas, fornecimento de fardamento e material diverso para as forças armadas.

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