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O PS e a quarta via

Enquanto se erguem "jovens turcos" para o futuro, António Costa domina o PS de hoje. A sua estratégia é simples: manter o poder em 2019, seja com a "geringonça" seja com um "parapente", à direita.

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O PS passou o fim-de-semana a descobrir qual é o caminho marítimo para se manter no poder após 2019. Deverá caminhar sobre as águas, deve construir uma piroga, ou deve seguir as lições de mestre Yoda, que propõe uma quarta via para o futuro? É certo que algum PS ainda sonha com a terceira via (essa alquimia estragada que queria conciliar a social-democracia com a economia de mercado), que levou Tony Blair ao poder no tempo de Harry Potter. Mas os resultados foram trágicos, como se sabe: os Trabalhistas (ou o SPD ou o PSOE ou o Pasok) não foram bons "chefs" desse menu e deixaram de ter respostas para o que era o seu eleitorado tradicional. Os outros eleitores, passado o fascínio adolescente, refugiaram-se à direita. Com essa tentação da terceira via os partidos sociais-democratas perderam o tino: não têm respostas para o fim do trabalho (e do seu valor) como o conhecíamos, não conseguem reformar o Estado social que vai falindo por causa das novas lógicas económicas, não têm um projecto cultural alternativo, não têm um discurso sobre as questões ambientais que vão ser cruciais nos próximos anos. É certo que os partidos foram feitos para conquistar e manter o poder. Mas têm de ter ideias que sejam o reflexo dos tempos que se vivem e sejam respostas para os novos desafios. Foi esse, em parte, o desastre do PS de José Sócrates: vivia o poder pelo poder.

 

Enquanto se erguem "jovens turcos" para o futuro, António Costa domina o PS de hoje. A sua estratégia é simples: manter o poder em 2019, seja com a "geringonça" seja com um "parapente", à direita. À sua volta há quem prefira uma coisa ou a outra. Mas ele vai gerindo isso, como o Congresso do PS mostrou. O que ele não controla são "lapsos" como os de Pedro Siza Vieira, que minaram para sempre este ministro, que agora (se não for demitido) andará a saltar ao pé-coxinho por entre os dossiês que tem entre mãos. Esta é a terceira via que o PS tem de deixar para trás. Se quiser continuar a caminhar sobre as águas. 

 

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