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03 de Janeiro de 2017 às 19:19

Gerald Ford e a CGD

O cómico Bob Hope dizia que era extremamente fácil descobrir onde o antigo Presidente norte-americano Gerald Ford estava a jogar golfe. Bastava seguir a fila de feridos.

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A chacina não abonava a favor do "handicap" do político, mas mostrava como os campos de golfe eram locais de convívio salutar. Se seguirmos o jogo de golfe iniciado para criar uma nova administração para a CGD, o seu resultado parece saído das tacadas de Gerald Ford. Há feridos para todos os gostos. Tudo começou com a desastrada escolha de António Domingues para gerir a CGD. Erro colossal de Mário Centeno que um dia ainda terá de explicar melhor como foi possível criar esta comédia de enganos onde parece que poucos tinham a noção de que gerir um banco público da dimensão deste não é a mesma coisa que administrar um restaurante gourmet ou uma loja de gelados. Este vazio de poder na CGD é uma vergonha. Para todos os envolvidos, por mais explicações que todos tentem arranjar para se isentar da enorme trapalhada criada. A CGD é central na economia portuguesa. Não merece ser tratada como se fosse uma pária da sociedade. Sujeita aos humores de figuras menores.

 

Max Weber saudava a virtude como um valor criador de riqueza. Por isso, o pensador alemão acreditava que a ética protestante tinha tido um papel essencial no impulso do capitalismo. Nas margens do Tejo, mesmo que muitos se reivindiquem desses princípios ideológicos, o certo é que a virtude se evaporou. Serve apenas para ser servida como prato frio depois de refeições quentes em que se tratou de tudo menos do bem comum. Os últimos anos, divididos entre os geridos por Sócrates e os administrados por Passos Coelho, exemplificaram como a virtude passou a ser uma palavra oca. Sem sentido. Um dia se fará a história da destruição do sector financeiro português que, nalguns casos, tornou anémica muita da economia nacional. Gerald Ford andou por aqui. A ensinar como se jogava golfe e provocava feridos sem fim.

 

Grande repórter

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