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Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt 04 de Setembro de 2017 às 21:46

Coreia do Norte: que fazer?

A Coreia do Norte tem um regime teatral feito para crianças mas que, nas suas brincadeiras, põe em causa o mundo de todos nós.

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Basta ver a forma como os norte-coreanos que surgem nas imagens, desde a apresentadora de televisão que anuncia o grande feito de lançar um míssil sobre o Japão, à forma como generais aplaudem frenéticos o sucesso de um teste militar qualquer. No meio sobra Kim Jong-un, herdeiro de uma dinastia nascida de uma guerra que dividiu a Coreia. Desta vez Kim encontrou em Donald Trump um adversário à altura e assim a comédia pode tornar-se numa tragédia. O teste nuclear norte-coreano é apenas mais uma jogada arriscada de Kim. Porque sabe que o pode fazer, porque com ataques militares americanos ou não, Seul não sobreviveria à sua artilharia tradicional. E uma crise política, militar, humana e económica seria o epílogo deste jogo onde dificilmente haveria um vencedor. Todas as opções parecem más, mas, se recuarmos na História, podemos pensar noutras tão perigosas , como a crise dos mísseis em Cuba em 1962 e a tensão nuclear no início da Guerra Fria. Tudo se resolveu da mesma forma: com paciência, dissuasão e contenção.

 

Coisa que agora não se vê. Trump gostaria de utilizar o poder militar no exterior para garantir uma vitória, já que tudo o que prometeu internamente tem falhado. Kim Jong-un encontrou alguém com uma retórica à sua medida, o que lhe permite ir alimentando este espectáculo deprimente. A China, que deseja tudo menos uma guerra na sua fronteira, está um pouco refém da Coreia do Norte: tem de a alimentar economicamente para que o desvario não se instale na elite de Kim e não deseja que um regime pró-americano estenda a sua alçada até às suas fronteiras. Com tantos interesses cruzados e díspares, que fazer? O certo é que hoje a Coreia do Norte é o último resíduo de um regime estalinista levado até ao último pormenor e que foi endeusado por muitos comunistas europeus (por exemplo, a Coreia do Norte e a Roménia chegaram a ser os principais financiadores do Partido Comunista Espanhol ). Muito mudou desde então. Só o culto da personalidade, que torna o regime norte-coreano patético, não mudou. O corpo do "pai da pátria", Kim Il-sung, está embalsamado no sumptuoso panteão de Kumsusam, onde estão também mais de 200 mil prendas que dirigentes de todo o mundo lhe deram em vida. Só que agora o teatro é nuclear. E, por isso, se a tentação militar americana é grande, a paciência poderá ser a grande virtude.

 

Turquia: o não absoluto de Merkel

 

Angela Merkel não poderia ser mais clara: "Não vejo a Turquia entrar na União Europeia e nunca acreditei que tal pudesse acontecer." A declaração da chanceler alemã foi feita num debate televisivo com o candidato social-democrata Martin Schulz. Mais: Merkel acrescentou que iria pedir à União Europeia para parar as negociações com a Turquia. Tudo isto acontece numa altura em que a tensão tem aumentado entre Berlim e Ancara e as declarações de Merkel prometem esfriar ainda mais as relações entre os dois países membros da NATO. A Turquia deteve mais dois cidadãos alemães (acusados de "motivações políticas"), o que aumenta o número de cidadãos daquele país para 12. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Ancara, Mevlut Cavusoglu, respondeu a Merkel, dizendo: "Quando prendemos um conspirador ligado à tentativa de golpe de Estado a Alemanha começa a ficar chateada. Mas o que é que havemos de fazer?"

 

As relações entre a Alemanha e a Turquia tem-se vindo a degradar, apesar dos acordos por causa da crise dos refugiados. Recorde-se que sob a batuta de Erdogan (primeiro como primeiro-ministro e depois como Presidente), a Turquia tem vindo a consolidar-se como um gigante exportador que aspira a repetir o "milagre" da Coreia do Sul. A Turquia vende muitos televisores aos alemães (refira-se que a Grundig é hoje propriedade da turca Beko). Na Turquia, construíram-se, no ano passado, um milhão e meio de veículos e, desses, um milhão destinou-se à exportação. Uma empresa do sector, a Ford Otosan (uma aliança com o grupo Koç) tornou-se a maior exportadora turca. Graças à sua posição geográfica (a lira desvalorizou 30% no ano passado e baixos salários), a Turquia compete comercialmente e de forma agressiva com o "made in China" na Europa, África e Médio Oriente. É este cobiçado mercado que está agora em jogo.

 

China: necessita de mais aviões

 

A China vai precisar de 1.070 aviões com entre 70 e 130 lugares nos próximos 20 anos, fazendo do país o terceiro maior mercado para a aviação regional, segundo um estudo da Embraer (construtora brasileira). Nesse período, o apetite chinês por este tipo de aviões representará 17% do total global. A Embraer tem uma quota de mercado de 61% no segmento da aviação comercial entre 70 e 130 lugares, seguida da Bombardier e da Sukhoi. Segundo os dados disponíveis as famílias da classe média crescerão de 100 milhões para 300 milhões na próxima década, muitos deles de pequenas cidades que serão um alvo preferencial deste mercado.

 

China/Brasil: acordo nuclear

 

A brasileira Eletrobras Eletronuclear e a China National Nuclear Corporation (CNNC) assinaram um acordo em Pequim para continuar os seus trabalhos conjuntos no sector da energia nuclear. O documento foi assinado durante a visita do Presidente Michel Temer à China. Trata-se do terceiro acordo entre as duas empresas. O primeiro foi assinado durante a visita do primeiro-ministro Li Keqiang ao Brasil em 2015. O segundo, de 2016, tinha a ver com o reinício da construção da central Angra 3.

 

Macau: receitas aumentam

 

As receitas dos casinos de Macau atingiram os 2,845 biliões de dólares em Agosto, mais 20,4% do que no mesmo período do ano passado. A variação face a Julho é, no entanto, inferior ao crescimento verificado em meses anteriores (23,7% em Maio, 25,9% em Junho e 29,2% em Julho. Há anos que os casinos de Macau inverteram a tendência de queda de receitas, algo que estava a afectar a economia local, muito dependente das receitas do jogo. A receita acumulada este ano atinge já os 21,502 biliões de dólares. Neste momento operam em Macau 39 casinos de seis concessionários.

 

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