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A economia social e a qualidade da democracia  

Muitos autores têm destacado o papel do exercício da cidadania no fortalecimento da democracia. Por exemplo, Robert Putnam sublinha, de forma muito clara, a importância do chamado "capital social" na "qualidade da democracia" nas sociedades.

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Hoje em dia, o envolvimento cívico dos cidadãos é pequeno e a sua confiança nas instituições deixa muito a desejar.

 

Se é verdade que em Portugal, em 1974, a seguir à renascida vivência democrática, a participação cívica ativa foi solução adequada para promover a cidadania e ultrapassar dificuldades e obstáculos, hoje em dia, sente-se que há um défice de participação, fruto da desconfiança e da desilusão que se instalou em diversas comunidades, que não se reveem no desempenho de muitos dos agentes políticos e dos agentes sociais.

 

A uma sociedade civil forte, viva e participativa, não só corresponderão melhores soluções de governo, como corresponderá também um fortalecimento da própria qualidade de vida democrática, em que a legitimidade e o bom funcionamento das instituições promoverão a confiança e o exercício da cidadania.

 

Diz ainda Robert Putnam que "quanto mais sentido cívico e participação cidadã houver, melhores serão as soluções para uma sã e equilibrada vivência em sociedade, e mais assertivas e solidárias serão as reivindicações dessas mesmas comunidades".

 

A este propósito, merece relevo o importante papel que as organizações de economia social e solidária têm vindo a dar e podem e devem continuar a dar à qualidade da democracia:

 

- Colaborando na construção de parcerias entre elas e delas com o Estado, nomeadamente a nível local e regional;

 

- Ajudando na implementação e na concretização de políticas públicas;

 

- Promovendo os caminhos da solidariedade coletiva, resultante do esforço e dedicação de milhares de cidadãos.

 

Estudos recentes realizados no espaço europeu revelam que o grau de satisfação com a democracia está associado às formas e à intensidade da participação política. Por outro lado, a satisfação com a democracia, enquanto sistema político, é maior junto dos mais jovens e dos mais instruídos, o que, não significa que estes mesmos cidadãos não sejam críticos quanto à forma como a democracia funciona nos seus países.

 

Abre-se, assim, uma janela de esperança em relação ao futuro, muito incerto, mas também muito prometedor, se soubermos ouvir as críticas, aumentar a participação cívica e, consequentemente, melhorar a qualidade das nossas democracias.

 

As virtudes democráticas, que Alexis de Tocqueville relacionava com o que chamava a "arte da associação", estão patentes nos países europeus em que a democracia está mais consolidada, e é nesses países que a maior satisfação com a democracia está correlacionada com uma maior participação em redes formais, nomeadamente as da economia social e solidária.

 

Aqueles estudos mostram, também, que a insatisfação com o regime democrático diminui quanto maior é o "capital social" associado à confiança nas instituições, o que, por sua vez, reforça as possibilidades de compromissos assentes na confiança existente entre os diversos atores sociais e onde se destacam os líderes das organizações da economia social.

 

Em suma, uma sociedade em que os valores da pertença, da partilha e da solidariedade façam parte intrínseca do seu ADN é, seguramente, uma sociedade mais preparada para contribuir para um mundo mais justo, fraterno, livre e solidário.

 

CONFECOOP na Comissão Permanente do Setor Solidário

 

Antiga reivindicação das cooperativas, a Confederação Cooperativa Portuguesa (CONFECOOP) foi finalmente incluída na Comissão Permanente do Setor Social e Solidário. Esta comissão é órgão nacional, no âmbito da cooperação, ao qual compete, nomeadamente, emitir pareceres e apresentar propostas e recomendações sobre a execução das medidas previstas no compromisso de cooperação anual firmado entre o Estado e entidades representativas das Instituições Particulares de Solidariedade Social (misericórdias, mutualidades e cooperativas, associações e fundações de solidariedade social).

 

A força do movimento cooperativo mundial

 

A Aliança Cooperativa Internacional e o instituto Euricse editaram recentemente o World Co-operative Monitor 2017. Esta publicação informa sobre as maiores cooperativas e mútuas, a nível mundial, fornecendo um "ranking" do Top 300 e análise setorial baseada em dados financeiros de 2015. As principais 300 cooperativas do mundo, que registam um volume de negócios total de 2,16 mil milhões USD, operam em diferentes setores: seguros (41%), agricultura (30%), comércio (19%), serviços bancários e financeiros (6%), indústria e serviços públicos (1%), saúde, educação e assistência social (1%) e outros serviços (1%).

 

Administrador da Associação Mutualista Montepio

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico 

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