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13 de Julho de 2015 às 00:00

Referendo na Grécia

Depois do voto contra os planos da União Europeia, no que diz respeito ao orçamento financeiro da Grécia, a miséria económica na Grécia agrava-se. Os bancos continuam fechados e as filas em frente aos multibancos tornam-se mais longas.

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Com serviços internacionais de pagamento como o Paypal a deixar de funcionar, os "debentures" - empréstimos cujo colateral é apenas a reputação do emitente - tornam-se mais comuns no últimos dias. O ministro grego dos Assuntos Económicos, Giorgos Stathakis, já avisou que o seu país está a entrar numa era de desastre económico, ao mesmo tempo que implora ao Banco Central Europeu mais um empréstimo de 3 mil milhões de euros para suportar a liquidez dos bancos gregos. Este empréstimo - cujo BCE já recusou - serviria para ajudar a Grécia durante os próximos dias até o acordo para o 3.º "bailout" estar fechado. O mesmo ministro avisa que sem este empréstimo os bancos entrarão em bancarrota até ao fim desta semana. Visto que o BCE insiste no limite de 89 mil milhões de euros, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, parece ter percebido que não haverá mais concessões feitas por outros credores europeus sem que o seu governo mude a sua posição na negociação. Com a saída de Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças, a poder ser vista como o primeiro sinal de que é possível chegar a um acordo, a principal questão mantém-se: será que um 3.º "bailout" resolve a corrente situação da Grécia?

 

Com a crise de 2009, a políticas da Zona Euro têm sido aplicados de modo a ganhar tempo para perceber os problemas e encontrar soluções económicas na tentativa de reduzir ao máximo danos na união monetária. A pior parte deste referendo é que a esta estratégia naufragou no país que inicialmente desencadeou a crise. Os últimos governos gregos comandados por Samaras e Tsipras tiveram más decisões ao sobrecarregar as suas políticas com expectativas ideológicas o que levou a uma falta de entendimento com os parceiros europeus e eventualmente impedindo um compromisso. Não foi a Zona Euro que atirou a Grécia para fora do euro. Pelo contrário, mais e mais concessões foram feitas em relação ao governo grego. Provas foram dadas que, para chegar a acordo, dentro do pacote de medidas foi considerada a hipótese de um novo corte na dívida grega.

 

Este voto levou a Zona Euro a acreditar mais do que nunca na possível saída da Grécia, o que trará um fardo pesado política e economicamente para a União Europeia, no curto e no médio prazo. No longo prazo, a tendência de quebrar as regras existentes e as consequentes perdas de credibilidade dos credores podem levar à demolição da união monetária.

 

Obviamente, a saída da Grécia terá danos maiores nos pobres, nos doentes e nos idosos, e causará um nível de desemprego esperado de 30%. Isto quererá dizer que a União Europeia deverá continuar a apoiar a Grécia de modo a também aliviar a disputa monetária e assegurar uma maior adesão do país na União e concessão de fundos estruturais. Ao mesmo tempo, a economia local tem de ser apoiada por reformas para que as estruturas existentes possam ser modernizadas.

 

Na minha opinião, o impacto económico sobre a Zona Euro não seria enorme. A Grécia representa menos de 2% do PIB da união monetária. Esta poderá ser a razão pela qual os mercados estiveram calmos durante a manhã de segunda-feira após o resultado do referendo e que nos fez acreditar na saída da Grécia do euro. O valor da moeda euro, que devia reagir a uma provável saída de um membro, quase não se alterou. Isto pode ser devido ao facto de que notícias relacionadas com a Grécia ultimamente têm-se tornado comuns no mercado Forex. As taxas de juro em Itália e Espanha subiram ligeiramente, visto que os mercados financeiros não estão a prever um grande risco de contágio para outros países da periferia da Zona Euro.

 

Para concluir, acredito que os líderes da Zona Euro deviam também prestar atenção para outros problemas que possam afectar a Zona Euro como, por exemplo, um afundamento dos mercados de capitais da China, o conflito na Ucrânia, e por último a possibilidade de uma Brexit - saída da Grã-Bretanha da Euro.

 

Membro do Nova Investment Club

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