Opinião
Que se lixem os trolls
De repente, Portugal está cheio de trolls. Não são uns trolls quaisquer, são uma elite de trolls.
De repente, Portugal está cheio de trolls. Não são uns trolls quaisquer, são uma elite de trolls. Não podemos comer bifes todos os dias mas, dia sim, dia não, somos obrigados a engolir doses cavalares de trollismo.
Penso que tudo começou quando o ainda actual primeiro-ministro resolveu chamar piegas a grande parte dos portugueses. Foi o abrir de porta para os trolls. Desceram do sótão e vieram cá abaixo dar lições de moral e comportamento aos piegas.
Primeiro, veio a senhora Jonet dizer que uma criança só com uma refeição por dia não tem fome: tem uma carência alimentar. Tinha começado o trollismo de categoria A. De cada vez que Isabel Jonet fala rebentam cem pacotes de massa, azedam mil pacotes de leite e um milhão de latas de atum ganham botulismo. A carência de humanidade e de inteligência da senhora ficou bem espelhada nos comentários que produziu. Uma pessoa que trabalha com comida e não sabe que é feio falar com a boca cheia.
Depois tivemos o banqueiro do povo (ou auxiliado pelo povo), Fernando Ulrich, e o seu "ai aguenta, aguenta", e o "se os sem-abrigo aguentam por que é que nós não aguentamos?". Como accionista do BPI, senti-me trollado. É uma contradição que o homem forte do banco que tem como símbolo a flor de laranjeira tenha tanta falta de chá. Apetece-me trollá-lo, com dois ll. Fazia mais sentido um banco que tem Ulrich como presidente ter como símbolo o centauro do Banif. Tudo indica que Portugal tem um cartel de trolls.
Mais recentemente, surgiu a nossa águia Sam dos Marretas, (e actual membro do Conselho Económico Social), João Salgueiro, a sugerir que os desempregados fossem limpar matas. Acho estranho que quem manda os outros limpar matas não tenha o cuidado de desbastar as próprias sobrancelhas - aquilo está num estado lastimoso. Numa entrevista à TSF e ao "Dinheiro Vivo", Salgueiro cita uma frase de Keynes: "se não sabem o que fazer, ponham metade dos desempregados a abrir buracos e a outra metade a tapá-los. O que interessa é que estejam ocupados". Faço como ele e cito Keynes: "A dificuldade real não reside nas novas ideias, mas em conseguir escapar das antigas".
E da mata passamos para o Pinhal, perdoem o trocadilho. Esta semana ficámos a saber que Filipe Pinhal, ex-presidente do BCP condenado por "dolo efectivo" (não confundir com tolo efectivo) foi escolhido para liderar o Movimento dos Reformados Indignados. Consta que está tão indignado que vai pagar uma rodada a todos. Presumo que terá sido escolhido para porta-voz do movimento porque é o único que tem dinheiro para ir às reuniões. Mas é estranho escolherem para líder dos magros o tipo mais gordo. Já nem falo de quem o convida. O pior de tudo é: como é que ele aceita?
O autor do livro "O Dever do Bom Nome" é um insulto a quem vive com pensões de duzentos euros. Pinhal faz lembrar aqueles indivíduos que, nos dia de chuva, passam de carro, de vidros fumados, por cima das poças, a acelerar, dizendo mal do tempo, enquanto encharcam quem anda a pé.
Filipe Pinhal está no lugar errado à hora errada. Devia ter ido para as ilhas Caimão. No seu posto, de indignado, devia estar um busto de Cavaco Silva.
Uma dose de bullying
1. Daniel Oliveira abandona o Bloco de Esquerda - Não fazia ideia que ele ainda lá estava. Esperemos que abandone mais que o Louçã.
2. Presidente da República terá dito que as vozes da manifestação de sábado têm de ser escutadas - segundo a porta-voz da presidência da república, a médium Anne Germain.
3. Proibida pelo Governo a venda de cogumelos mágicos - vão começar a acertar nas contas.
4. Vítor Gaspar diz que extensão de 15 anos aos empréstimos é "inconcebível" - Afinal, o Governo não vai a reboque da Irlanda. Pelo contrário, está a puxar a Irlanda para trás. Nunca mais chega o pós-Gaspar.
5. Aníbal volta a sair de Belém, 35 dias depois. Quarta-feira apareceu na inauguração da nova moagem da Nacional, no Beato. - Felizmente não apareceu a comer bolachas. De Cavaco já só esperamos as migalhas.