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01 de Fevereiro de 2019 às 18:36

O próximo passo para a banca

O desejo pela acessibilidade incondicional aos mais diversos serviços torna estes novos players especialmente atraentes aos olhos de um segmento da população que não é capaz de viver offline.

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A criação de um ecossistema de colaboração no setor financeiro constituirá um fator fulcral para um crescimento mais elevado a longo prazo.

 

Depois do impacto impiedoso da crise de 2008 no setor financeiro, poucos acreditavam na força disruptiva das empresas de FinTech, ou tecnologia financeira, dado que o consequente reforço da regulação e a desconfiança global face às instituições incumbentes constituíam barreiras significativas à entrada na indústria.

 

Contudo, esta mentalidade foi sendo invertida, de tal forma que as fintechs passaram a ser vistas como potenciais desestabilizadoras do sistema financeiro tradicional. Esta ideia advém do facto de várias startups nesta indústria emergente terem vindo a ganhar uma quota de mercado significativa, devido sobretudo à sua rápida capacidade de inovação e foco elevado no consumidor, algumas competindo atualmente ao nível de gigantes do setor. Neste âmbito, destaca-se a fintech londrina Revolut, que conta com mais de 2 milhões de clientes e obteve recentemente uma licença bancária, juntando-se assim à vanguarda da revolução da banca ao lado da Monzo e Starling Bank, entre outras. 

 

O desejo pela acessibilidade incondicional aos mais diversos serviços torna estes novos players especialmente atraentes aos olhos de um segmento da população que não é capaz de viver offline. A digitalização de pagamentos, investimentos, gestão de ativos e angariação de fundos (crowd-funding) são algumas das operações possibilitadas por fintechs que despendem do uso de intermediários, substituindo qualquer balcão ou multibanco por uma simples app. No entanto, apesar da sua reputação como empresas focadas na personalização dos serviços financeiros com vista à otimização da experiência do cliente, há ainda obstáculos à expansão e escalabilidade das fintechs que devem ser superados. A incerteza relativa à falta de um histórico regulatório substancial, bem como a ausência de uma marca e rede de distribuição fortemente estabelecidas no mercado constituem os principais desafios destas novas participantes na indústria e, simultaneamente, as vantagens competitivas dos bancos tradicionais.

 

Dada a complementaridade dos pontos fortes dos novos players e dos incumbentes, a criação de um ecossistema de colaboração no setor financeiro constituirá um fator fulcral para um crescimento mais elevado a longo prazo para ambos. O estabelecimento destas relações simbióticas será também crucial na competição com tecnológicas como a Apple e Google que cada vez mais procuram expandir o seu catálogo de produtos e serviços digitais para a indústria bancária, tendo neste contexto ficado conhecidas como techfins. Esta tendência cooperativa entre as instituições financeiras e as startups de tecnologia financeira já é uma realidade, tendo os dois últimos anos sido carregados de fusões e aquisições de fintechs por parte de grandes nomes no setor financeiro. Entre eles, encontra-se o gigante de Wall Street Goldman Sachs que adquiriu a app de finanças pessoais Clarity Money e a startup de cartões de créditos Final, assim como o rival J.P. Morgan Chase que comprou a plataforma de pagamentos online WePay. No entanto, de acordo com a CBI, até 2018 cerca de 80% dos maiores bancos americanos ainda não tinha adquirido nenhuma empresa de fintech.

 

Resta, portanto, saber se, apesar da dificuldade em encontrar fintechs com a visão e modelo de negócio ideais, os bancos vão efetivamente colaborar com estas startups, ou se vão inovar pelas próprias mãos. O que é certo é que não podem ficar parados.

 

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