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14 de Julho de 2020 às 09:20

O líder pós-covid-19, o líder PC19

Será ilusório pensar que nos podemos salvar sozinhos. É em conjunto, com os outros que teremos sucesso ou fracasso. Isto aplica-se a pessoas, a famílias, a comunidades, a países e, naturalmente, a empresas.

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Estamos a viver uma crise, sem culpados e inédita em todos os aspetos.

Sem precedentes, evidentemente, pela violência do seu impacto nas nossas vidas a nível pessoal, mas também pela amplitude que irá ter nas nossas economias.

Tudo terá de ser repensado, as cadeias de abastecimento estratégicas do setor que deixaram a Europa “descoberta”, a preservação do ambiente muitas vezes negligenciada, a relação no trabalho e nas empresas que perdeu a sua unidade ao ser descentralizada para as nossas casas.

O nosso futuro precisa de ser repensado, ao mesmo tempo que o devemos planear, deveremos implementá-lo o mais rapidamente possível. Uma figura-chave está no centro desta equação com muitas incógnitas: o líder.

Em primeiro lugar, compete-lhe não cometer o erro de pensar que nada mudará com o regresso à “normalidade” ou que nada será igual ao “antes” e que tudo deve ser virado do avesso.

O equilíbrio entre estabilidade e mudança será a chave do sucesso. Há sempre várias questões a colocar: o que é que a situação tem posto em evidência, o que é importante para a nossa empresa fazer que não estava a ser feito, o que deve ser alterado no que estamos a fazer (deixar de fazer, fazer com um nível de serviço diferente ou fazer de forma diferente…) e o que devemos continuar a fazer.

Cabe ao líder tirar partido das oportunidades criadas pela profundidade da crise. Repensando a estratégia, inventando ofertas em torno das expectativas de um consumidor que mudou os seus paradigmas de consumo em apenas algumas semanas. A necessidade de uma nova confiança, uma relação cada vez mais desmaterializada, mantendo ao mesmo tempo uma experiência de proximidade e de qualidade.

Cabe igualmente ao líder, reinventar a gestão de equipas, para pilotar “à distância” o desempenho a curto e médio prazo, para instalar “novas formas de trabalho” alinhadas com as novas práticas, mantendo viva uma cultura empresarial identificada e única.

Por último, o líder deverá assegurar que os interesses dos seus acionistas coexistem com os do ambiente e os da sociedade na qual a empresa está inserida.

Gostaria de chamar a este líder, o líder PC19.

A razão pela qual este nome faz sentido é porque iremos precisar de ter algumas referências temporais na história deste século. O último grande marco histórico que tivemos foi o período do pós-II Guerra Mundial, que pôs em causa o taylorismo, conduzindo-nos a uma era que mudou a nossa maneira de viver e de pensar, no mundo das empresas.

Do mesmo modo o PC19 colocar-nos-á de vez no século XXI, obrigando-nos a pensar nas mudanças atuais e a colocá-las no centro da nossa ação.

Para mim, este líder PC19 terá de respeitar quatro regras fundamentais para conseguir tirar partido do mundo que vai nascer, a saber:

1 – O líder PC19 dará sentido à mudança

Nenhuma restrição, necessidade ou ordem é cumprida se não tiver uma dimensão superior, um “propósito” superior ao mero interesse económico. O porquê será sempre mais importante do que o como.

2 – O líder PC19 será bottom-up

Em tempos de crise, a tendência da gestão é centralizar, controlar e produzir ideias. É exatamente isto que não se deve fazer, porque à dimensão económica acrescentamos a paralisia. Enquanto, pelo contrário, precisamos de velocidade e agilidade. Para isso, o líder deve envolver, capacitar e dar autonomia. Um controlo excessivo apenas mata a inovação e a iniciativa, e a uma cultura de sancionar as más práticas deve ser associada uma cultura de recompensar as boas práticas.

3 – O líder PC19

Irá tirar partido das inovações e em particular das neurociências aplicadas à gestão e à liderança. Torna-se mais fácil ancorar as boas práticas e compreender o seu poderoso impacto sobre os nossos interlocutores.

4 – O líder PC19 será solidário

Será ilusório pensar que nos podemos salvar sozinhos. É em conjunto, com os outros que teremos sucesso ou fracasso. Isto aplica-se a pessoas, a famílias, a comunidades, a países e, naturalmente, a empresas.

 

Cabe ao líder tirar partido das oportunidades criadas pela profundidade da crise.

 

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