Opinião
O degelo da economia
É difícil prever os impactos das alterações climáticas nas avaliações de risco das empresas de seguros e devido a isso, as mesmas vivem num clima de incerteza.
A indústria seguradora ocupa um papel importante no desenvolvimento económico e social das sociedades modernas, dado que contribui para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de qualquer país. Tem impactos profundos na vida das populações e fazem parte do quotidiano das pessoas coletivas e singulares.
Garante serviços de proteção de pessoas e dos ativos de empresas nos vários setores da economia, de forma a que as empresas possam dar continuidade ao funcionamento e expansão dos negócios, proteger a estrutura e o património. Reforça a segurança e tranquilidade aos seus negócios, mobilizando poupança e impulsionando a criação de investimentos a nível do setor empresarial.
O planeta está a aquecer, as estações do ano estão a mudar, as espécies estão a migrar e os cursos de água estão a adotar novos padrões. Ao mesmo tempo, riscos de eventos extremos, como furacões, secas e cheias, estão a ocorrer com mais frequência e intensidade.
O equilíbrio da Natureza está ameaçado e, em alguns casos parece irremediavelmente comprometido. A exploração intensiva de determinados recursos naturais e o uso da energia tradicional contribuem para a degradação do meio ambiente. É obrigatório conciliar ecologia com economia.
As três catástrofes de que resultaram as maiores perdas da história para o setor segurador aconteceram todas no passado recente. A saber:
• o furacão Katrina que devastou em agosto de 2005 o sudeste dos EUA e as Bahamas, originou indemnizações de seguros no valor global de USD 72.000.000.000,00;
• o furacão Andrew que atingiu em agosto de 1992 o sudeste dos EUA e as Bahamas, originou indemnizações de seguros no valor global de USD 24.000.000.000,00;
• o furacão Ike que em setembro de 2008 afetou o sul dos EUA e o Caribe, causou indemnizações de seguros no valor global de USD 20.400.000.000,00.
Como se pode verificar nos números, a Natureza em pouco tempo e, sem avisar encarrega-se de deixar um dramático balanço de milhões de prejuízos, pelo que as mudanças climáticas podem desencadear ainda mais as injustiças do passado, do subdesenvolvimento, que ajudaram a criar o mundo desigual em que vivemos.
Portanto, muitos serão os danos e adaptações em matéria de emprego provocados pelas alterações climáticas, em setores económicos como: as pescas, turismo de praia e agricultura.
É difícil prever os impactos das alterações climáticas nas avaliações de risco das empresas de seguros e devido a isso, as mesmas vivem num clima de incerteza. Receiam que o aquecimento global produza eventos meteorológicos catastróficos. Poucos desastres são precisos para que as empresas de seguros entrem em bancarrota.
Os gastos excessivos das seguradoras com a ocorrência de catástrofes naturais manifestam a necessidade de redesenhar e formular políticas que ponham no centro do debate o ambiente e a sua sustentabilidade.
A eficiência energética na construção, nos transportes públicos e privados e, as energias limpas podem-se tornar em setores de elevado potencial de empregos, os denominados empregos verdes.
Por isso e, para a salvaguarda do mundo económico e finanças públicas/privadas é urgente desenvolver e criar condições que estimulem a investigação e inovação relacionada com a defesa do clima.
A eficiência energética é fundamental em todos os processos relacionados com o setor doméstico e dos serviços, setor dos transportes e indústria.
É de enaltecer todas as políticas atuais que visam a descarbonização da economia e a eficiência energética.
Esta é a reforma estrutural de que o país necessita. Talvez possa dar impulso à economia e contribuir para o desagravamento do défice orçamental e da dívida.
Sem investimento nas energias limpas, as ondas de choque das alterações climáticas serão mais devastadoras do que aquela crise financeira que se iniciou nos Estados Unidos e atravessou o mundo.
Lamentavelmente, o Presidente eleito, Donald Trump, parece querer fazer renascer nova crise, agora com a indústria dos hidrocarbonetos nos EUA.
Suspeito de que, estamos perante um novo conceito de risco sistémico.
Licenciado em Gestão Comercial e Contabilidade da UFP
Mestre de Contabilidade e Finanças do IPVC-ESTG
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico