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25 de Setembro de 2013 às 00:01

Merkel ganhou, acabaram-se as desculpas

Uma dívida de mais de 18.000 milhões e défices orçamentais constantes levaram o estado de Detroit a declarar há uns meses a bancarrota. À semelhança das empresas nos EUA, isto significa o início de um processo de insolvência e renegociação de dívida junto dos seus credores.

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Caso se tratasse de um país e não um estado ou região, teríamos um evento de proporções internacionais, envolvendo desvalorizações da divisa e consequente impacto na carteira de todos aqueles que lhe emprestaram dinheiro, tal como sucedeu na Rússia, na Argentina e mais recentemente na Islândia. Não sendo esse o caso, a bomba termina rebentando em ambiente mais ou menos controlado.


A protecção do Estado norte- - americano garante isso mesmo, os custos serão assumidos por quem os foi financiando. Transferências internas para apoios sociais e subsídios, assegurarão o resto da ajuda (ajuda essa aliás que já se tinha iniciado há cinco anos quando o estado interveio com dinheiros públicos para salvar a Ford e a GM).

Este evento não teria nada de extraordinário, não fosse esse precisamente o debate em surdina pelos corredores de Bruxelas. Não há uma única região monetária que sobreviva sem integração económica e mecanismos de transferências internas. Manter uma moeda comum sem ter a capacidade para fazer face a choques económicos via apoio das outras regiões mais saudáveis, não é sustentável. De todos os países que tentaram criar um regime de divisas indexadas ao dólar, apenas um sobreviveu, o regime do dólar de Hong Kong – o que não espanta, ao trata-se de umas das economias mais flexíveis do planeta, pela total mobilidade dos factores capital e trabalho!

A questão monetária é apenas um dos lados da equação e por si só não cria riqueza. Quando um pais sofre um choque económico, a sua balança comercial altera-se e, por conseguinte, o valor relativo da sua moeda (Ceteris Paribus quanto a investimento directo exterior e divisas do banco central). Ao deixar de importar porque o consumo externo abrandou, a divisa cai, tornando as importações ainda mais caras, mas ajudando nas exportações. O país vizinho não fica imune, pois perde nas suas exportações e vê a sua moeda apreciar relativamente à do seu parceiro comercial. No fundo, os restantes estados americanos, preferem que tal não ocorra e ajudam directamente Detroit perdoando dívida e transferindo recursos centrais, evitando assim uma factura que poderia ser ainda maior.

As reformas estruturais nos países do sul são indispensáveis dado que o modelo anterior não os levou a convergir com o resto dos seus parceiros (bem pelo contrário!). No entanto, o Euro não conseguirá nunca sobreviver se não se criar também um mecanismo de solidariedade económica e transferências internas. Se os choques nas economias que ocorrem ciclicamente por diversos factores, não forem compensados por esses mesmos ajustes, então manter uma divisa fixa agrava o problema. O país em crise, ao ter de se ajustar sem entrar em default, sem ajuda de fora e sem ver as razões de troca da sua divisa ajustada naturalmente é obrigado a sugar todo e qualquer recurso dos contribuintes e de um sector privado já em enorme dificuldade, correndo o enorme risco de o deixar ferido de morte. A oposição construtiva a Bruxelas, teria de passar pela discussão destes mecanismos de ajuda central e não apenas nas metas do défice e condições do empréstimo.

A Europa não tem como adiar mais esta decisão. Terá de optar por um dos caminhos e felizmente o mais duro para todos deixa alguma esperança de que no final imperará o bom senso. Veremos então agora, depois da re-eleição da Sra Merkel.

Economista e Managing Partner da ASK - Advisory Services Capital

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