Opinião
Infraestruturas para um mundo melhor
Estima-se que o tráfego de dados móveis tenha crescido, em todo o mundo de 3 Exabytes, por mês, no 4º Trimestre de 2014 para 40 Exabytes, por mês, no 4º trimestre de 2019, representando um crescimento médio anual de quase 70%.
Desde tempos antigos que as evoluções em infraestruturas estiveram na base do progresso. Aconteceu assim com as infraestruturas de transportes, de saneamento, de saúde, de energia e, num passado mais recente, também com as infraestruturas de telecomunicações.
As telecomunicações assumem um papel incontornável na economia, no comércio, no funcionamento das instituições, na vida em sociedade e no lazer ou no desenvolvimento individual. Sem elas estaríamos pior. Muito pior: mais distantes, mais limitados nas mais variadas áreas de actividade e mais alheados dos nossos direitos e deveres cívicos.
Este crescimento da abrangência e da importância das telecomunicações tem assentado, fundamentalmente, em três pilares: no significativo alargamento da cobertura das redes fixas e móveis de alto débito, no crescimento acelerado da penetração de smartphones e no aumento do número e da relevância das aplicações em que se apoia o uso do digital, com destaque cada vez maior para imagens e vídeo.
Estima-se que o tráfego de dados móveis tenha crescido, em todo o mundo de 3 Exabytes, por mês, no 4º Trimestre de 2014 para 40 Exabytes, por mês, no 4º trimestre de 2019, representando um crescimento médio anual de quase 70%.
Se as telecomunicações já eram essenciais antes desta crise da covid-19, agora tornaram-se absolutamente cruciais.
No plano familiar e social, constituíram-se como a forma fundamental de contacto entre pessoas que se viram, de repente, privadas do contacto físico. No plano educativo, permitiram através do ensino remoto, assegurar a continuidade dos processos de aprendizagem. No plano económico e profissional foram um factor fundamental para a continuidade das mais variadas actividades com recurso ao trabalho remoto, evitando-se, assim, um impacto ainda mais negativo sobre os níveis de emprego e de produção.
Esta realidade só foi possível devido à enorme robustez e resiliência de muitos elementos da cadeia de valor do sector de telecomunicações – os sistemas de informação, os processos operacionais, os mecanismos de continuidade de negócio e os processos de serviço a cliente, entre outros. Mas nada disto teria sido possível sem infraestruturas de ponta e de muita elevada disponibilidade como as que existem em Portugal.
O lançamento próximo do 5G virá reforçar ainda mais a abrangência e importância das telecomunicações, introduzindo diferenças, sobretudo, em três áreas: no crescimento significativo da largura de banda disponível (superiores a 1 Gigabit por segundo), na instantaneidade no estabelecimento das comunicações (uma latência inferior a 5 milissegundos) e numa muito mais elevada concentração de equipamentos ligados à rede (até 1 milhão de equipamentos ligados por Km2).
Estes novos atributos irão potenciar uma nova vaga de crescimento de consumo de dados e de tecnologia através de novas aplicações e de novos casos de utilização que, à data de hoje, têm ainda pouca expressão ou não se encontram, sequer, disponíveis. A Indústria 4.0, o desenvolvimento dos veículos autónomos, a "eHealth", o "shopstreaming" e a realidade aumentada ou virtual encontram-se, por exemplo, entre muitas das áreas muito impactadas pelo 5G.
Para que os benefícios do 5G se materializem na sua plenitude será necessário, mais uma vez, uma evolução das infraestruturas em que o sector de telecomunicações assenta. Replicando, assim, o padrão que, desde há muito, se vem repetindo nos mais variados sectores e áreas da actividade humana.
CEO da Cellnex em Portugal
Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico