Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
25 de Novembro de 2019 às 20:25

Copo meio cheio, copo meio vazio

Ilustre desconhecida do setor agrícola e agroindustrial, a nova titular da pasta começa o seu mandato no difícil papel de gerir um ministério que parece ter ficado para segundo plano na orgânica governamental.

  • ...

Tive há dias, no Porto, a feliz oportunidade de assistir a uma intervenção pública da nova ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque - uma das suas primeiras aparições para dizer ao que é que vem.

 

Ilustre desconhecida do setor agrícola e agroindustrial, a nova titular da pasta começa o seu mandato no difícil papel de gerir um ministério que parece ter ficado para segundo plano na orgânica governamental.

 

A retirada do importante pelouro das Florestas, e consequente "envelope" financeiro dos fundos comunitários, para o entregar ao Ambiente, deu a entender que a Agricultura não é uma prioridade para o atual Governo.

 

Este sinal já era visível no programa eleitoral do PS, tornado público em setembro, no qual as propostas para a Agricultura era colocadas debaixo do chapéu de chuva das alterações climáticas.

 

Como escrevi então no meu Facebook, com alguma ironia à mistura, dava a impressão de que o PS ia transformar a Agricultura numa Secretaria de Estado do Ambiente.

 

António Costa não foi tão longe, mas a perceção ficou. Maria do Céu Albuquerque tem tudo para virar esta perceção a seu favor e mostrar que a realidade é bem diferente.

 

Foi com esta curiosidade e expectativa que fui ouvir a nova ministra da Agricultura. A impressão com que fiquei é que Maria do Céu Albuquerque parece, para já, querer jogar pelo seguro.

 

O que disse foi praticamente decalcado do que está escrito no programa eleitoral do PS - construir uma agricultura sustentável e competitiva, algo com que qualquer partido e qualquer cidadão concordará.

 

O que a partir de agora eu espero é que a ministra, num prazo máximo de três meses, definida objetivos e metas quantitativas para atingir aqueles desígnios vagos.

 

Quando e como se vai fazer a integração entre pequenos agricultores, agricultura familiar e grandes agricultores? Quando e como se vai começar a gerir melhor o Ministério da Agricultura por forma a cumprir os prazos legais na tramitação dos processos burocráticos de apoio ao investimento dos jovens agricultores - PDR 2020? Quando e como se vão financiar todos os projetos aprovados dos jovens agricultores? Quando e como se vai operacionalizar a linha de crédito do BEI?

 

Se há quem olhe para o atual Ministério da Agricultura como um copo meio vazio (desmantelado porque lhe retiraram as Florestas), eu olho para a mesma situação como um copo meio cheio: uma maior oportunidade para se focar no essencial - melhor gestão, melhor acompanhamento do PDR, e melhor interação com os organismos do Ministério da Agricultura (oportunidade para reunir regularmente com as direções regionais).

 

Com as expectativas baixas, a nova ministra da Agricultura tem um campo enorme à sua frente para fazer a diferença e para fazer história. Quando chegar a hora serei justo e imparcial a fazer a minha avaliação!

 

Blogger, consultor agrícola

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio