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Empreendedorismo, a nova religião

O empreendedorismo é algo fantástico que faz uma sociedade avançar, gera desenvolvimento social e económico e acredito que é parte da solução para a situação atual do país. Os cursos, artigos, conferências têm também grande utilidade para que se evitem alguns erros de percurso.

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Agora que o "Whatsapp" foi vendido por US$19 mil milhões de dólares vamos ter uma nova onda de empreendedores a criarem o próximo "Whatsapp". O mesmo aconteceu após o sucesso com o Facebook e o Twitter, que desencadeou tentativas para novas empresas baseadas no mesmo conceito. Se alguém teve sucesso, então eu também consigo. Muita gente começa a pôr mãos à obra, com um denominador em comum, intitulam-se empreendedores e vão fazer muito dinheiro rapidamente. Só que, esta ambição geralmente é focada num negócio sobre o qual nada sabem e não têm particular interesse.

O empreendedorismo tornou-se numa espécie de religião. Passou a ser, para muitos, mais um fim do que um meio, com muita gente a passar mais tempo a ler artigos, discutir conceitos e a falar sobre todo o "gossip" e transações do que a trabalhar. Todos parecem saber analisar melhor do que a equipa do "Facebook", se a compra do "Whatsapp" foi barata ou cara (pessoalmente não faço ideia, mas considerando o que fizeram até hoje, dou-lhes o benefício da dúvida, de que não são totalmente tontos). Muitos destes empreendedores focam-se tanto em ser empresários que por vezes esquecem-se de algo… dos próprios clientes. Ao estudar a história de "empreendedores" de sucesso como Steve Jobs, fundador da Apple, do Sam Walton, fundador do Walmart ou do Jeff Bezzos, fundador da Amazon, há algo em comum: o foco não foi ser empreendedor ou bilionário, mas a obsessão na total satisfação do cliente, fazendo as coisas de uma forma melhor, diferente e mais eficiente que a concorrência. Numa palavra PAIXÃO.

Segundo a "wikipedia" "empreendedor é o termo utilizado para identificar o indivíduo que dá início a uma organização". É o indivíduo que dá início. Mas se não dá início e não faz mais nada, e só fala sobre a ideia de criar uma empresa, não é empreendedor, é desempregado. Para ser empreendedor há que começar a fazer. No entanto, esta situação pode ser justificada, em parte, pela dificuldade, pois abrir o seu próprio negócio não é, nem tem de ser, para todos. Muita gente gosta da ideia de ser empreendedor, mas poucas pessoas gostam realmente de sê-lo. Por cada "Whatsapp", existe um milhão de empresas que vão à falência, ou quase não pagam as contas. Noites e noites sem dormir, stress, a "corda continuamente ao pescoço", e a insegurança, não são, para a maioria das pessoas, a melhor forma de viver o dia a dia. Para outras realmente sim, e em muitos casos, viciadas em adrenalina, é a única forma de se sentirem felizes.

Outro tema referido normalmente, a propósito de empreendedorismo, é o fracasso, celebrizado em frases como "O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo" (Winston Churchill). Apesar de estar bastante de acordo, quando se sente na pele, não é tão sexy como quando o lemos num poster inspiracional. Recentemente tive um projeto que falhou, e como consequência, bastantes custos financeiros, pessoais, profissionais e emocionais. Aprendi muito, mas também foi o período mais duro da minha vida, e se me levantei mais forte, de fácil este processo não tem nada.

Não quero transmitir a mensagem que o empreendedorismo é algo negativo. Totalmente o contrário, o empreendedorismo é algo fantástico que faz uma sociedade avançar, gera desenvolvimento social e económico e acredito que é parte da solução para a situação atual do país. Os cursos, artigos, conferências têm também grande utilidade para que se evitem alguns erros de percurso. Mas o empreendedorismo é acerca de fazer negócios, ter sucesso, o que exige muito esforço e uma obsessão e paixão pelo seu cliente.

Partner litsebusiness.com e professor de e-commerce e marketing digital na Nova SBE

Este artigo de opinião foi escrito em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.

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