Opinião
Mas não eram contra a TSU?
Um dos episódios mais "estranhos" da política portuguesa foi a pressa com que os empresários recusaram a baixa da Taxa Social Única em 2012. A pressa foi tanta que até o "pobre" desconfiou: na altura houve sindicalistas a comentar que alguns empresários, em privado, diziam o contrário…
Vem isto a propósito de os patrões dizerem, agora, que aceitam o aumento do salário mínimo para 500 Euros em troca da baixa da TSU. Vou deixar de lado a tese de que não deve haver aumento de salário (mínimo, médio, "máximo…") sem aumentos de produtividade, concentrando-me na proposta em si. Mas estes senhores já se esqueceram do que fizeram no Verão passado? E já se esqueceram dos argumentos que utilizaram para recusar a baixa da TSU (de que não tinha impacto na competitividade, nomeadamente por via dos custos de produção)?
São coisas como esta que descredibilizam uma classe: como a teoria económica não mudou nos últimos seis meses, o que mudou foi o sentido de oportunidade dos empresários. No fundo eles sabem que a baixa da TSU faz diferença. Só que alguns não quiseram ser vítimas da ira do país, associando-se à forma desastrada como o governo expôs o seu plano. Outros, os que vivem do consumo interno, não queriam uma quebra do rendimento das famílias… Mas uma coisa é discordar da estratégia de comunicação, outra é matar a ideia de fundo. Que foi o que fizeram.
Baixar a TSU faz sentido (se o tivéssemos feito, o desemprego não teria subido tanto). Que os patrões tenham surfado a onda populista de Setembro de 2012, em vez de marcarem uma posição, para dizerem agora exactamente o oposto, só mostra uma coisa: estão à deriva. Já não nos chegava os políticos…