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Há cortes estúpidos? Há... e muito

O governo não deixou que TAP e CGD fossem excepções ao corte de salários em 2013. Provavelmente com receio das críticas: o país anda numa deriva populista e qualquer coisa que fuja à anormalidade transforma-se estupidamente numa revolta social...

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Mas vamos ao que interessa: fez bem? Não. Pelo menos no caso da TAP. Porquê? Imagine o leitor que a Qatar ou a Emirates desata a fazer convites a pilotos e outros tripulantes para se transferirem, com bons salários, para o Golfo? Pilotos não se substituem do pé para a mão. E a TAP precisa desesperadamente de criar valor para mostrar aos escassos interessados na privatização que vale alguma coisa. Isso implica, entre outras coisas, abrir novas rotas. Mas para isso precisa de aviões... e tripulantes. Exemplo: este é o momento certo para abrir a linha Lisboa-Bogotá, para entrar num mercado dominado pela "encurralada" Iberia e ganhar quota...

 

E a CGD, devia ser excepcionada? Não. É verdade que compete num mercado de "cérebros tensaccionáveis", mas o péssimo momento da banca não favorece o aumento de salários. Pelo contrário: quem está na banca, se quiser segurar o lugar, provavelmente terá de aceitar uma baixa de salário (por causa do excesso de mão-de-obra)...

 

É injusto tratar separadamente TAP e CGD? Não. Porque o que conta é o poder negocial. A TAP tem-no porque o seu modelo de negócio assenta no mercado internacional. A CGD não tem esse poder... porque actua no mercado interno (em forte recessão).

O governo, que conhece a situação, devia ter a coragem de tratar diferentemente aquilo que é diferente. Até porque se não ajudar a TAP a criar valor não a conseguirá vender... sem pagar ao comprador.

 

camilolourenco@gmail.com

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