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A carta que arrisca não chegar a Garcia  

Há estações dos correios que vão fechar em pequenas vilas do interior, destruindo ainda mais o frágil tecido económico e social dessas localidades. É fundamental que o serviço público postal seja garantido e  a correspondência chegue a tempo e horas às localidades mais remotas do País.

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O plano de redução de custos dos Correios é mais uma machadada no interior do País. Obviamente que as estações encerradas serão maioritariamente nas áreas cada  vez mais pobres e despovoadas, onde  há menos negócios. E os carteiros dispensados também serão destas regiões, alguns dos quais protagonistas de um estimável serviço de público de apoio social a populações isoladas.

 

A empresa CTT foi privatizada, mas há um serviço público postal que é obrigatório cumprir e cabe ao Estado fazer com que os cidadãos dos territórios mais periféricos não sejam prejudicados.

 

Não é que o Estado tenha um bom registo em defesa destas populações. Antes pelo contrário, tem sido o maior factor de despovoamento. Quando encerra serviços públicos básicos, desde unidades de saúde, às escolas, está a dar um sinal às famílias mais novas que aquelas localidades não têm grande futuro.

 

Aliás, nota-se em alguma elite de Lisboa enfado com os custos e os problemas do interior. Provavelmente até preferiam que o Minho, Trás-os-Montes, as Beiras, o Alentejo e até o Algarve a norte da estrada 125, nem pertencessem a este Estado.

 

As duas grandes tragédias deste ano, os mortos em Junho em Pedrógão e os de 15 de Outubro nas Beiras, reflectem o abandono a que as populações e o território do interior está votado por parte do poder político em Portugal.

 

Num país tão pequeno, condenar o interior ao abandono é um crime sem perdão. Um desperdício de riqueza potencial e de território.

 

É utópico salvar todas as aldeias, assim como foi um erro a multiplicação de infra-estruturas em todas as sedes de municípios, desbaratando fundos comunitários. Agora quase todos os municípios do interior têm pavilhões de exposições, palácios de vaidade com pouco uso e menor proveito. As câmaras municipais mais preocupadas em segurar os votos nas eleições do que em garantir a sustentabilidade económica dos concelhos também têm muitas culpas no cartório. Gastaram demasiado dinheiro em obras inúteis, sem se preocupar  verdadeiramente com a geração sustentável de riqueza.

 

Mas voltando aos Correios, a nacionalização é o pior dos caminhos.

 

Contudo há obrigações de serviço que a empresa tem de cumprir e cabe ao Estado exigir. É inconcebível que haja algum concelho sem estação dos CTT. E as cartas têm de continuar a chegar a Garcia, quer seja Vila Garcia, aldeia de Trancoso, ou Penha Garcia, e a todas as localidades  isoladas, a tempo e horas.

 

Saldo Positivo: subida do salário mínimo 

Regatear um valor de salário mínimo abaixo dos 580 euros é socialmente indigno, por isso a subida desta remuneração, que é cada vez mais referência no mercado laboral, é um sinal de justiça social. O trabalho merece ser respeitado e o salário deve ser uma retribuição aceitável. Porém, num país com problemas de produtividade, esta subida cria desafios a muitas empresas, que terão de encontrar maneiras de melhorar a eficiência para compensar agravamento de custos.

 

Saldo Negativo: Santa Casa no Montepio 

O Montepio é uma instituição estimável e agora é dos poucos bancos que permanecem com o poder de decisão em Portugal. A entrada da Santa Casa no Montepio até pode ser a solução para manter o banco sólido, mas a operação tem de ser feita de forma clara, com o preço justo, porque o dinheiro da instituição que ganha milhões no jogo não pode correr o risco de ser perdido numa operação política para resolver os problemas do banco e da associação mutualista.

 

Algo completamente diferente: a lição e o trabalho do treinador do FCPorto

 

O FC Porto passa o Natal na liderança da Liga portuguesa. Os dragões têm sido a melhor equipa nacional e são os únicos sobreviventes lusos na Liga dos Campeões. Sérgio Conceição é o grande artífice deste sucesso. E depois de tantos milhões desperdiçados nas quatro épocas anteriores, esta equipa feita com aperto financeiro, sem contratações de vulto, é uma lição de como aproveitar melhor os recursos disponíveis. Sérgio recuperou jogadores que antes tinham sido dispensados, como a fabulosa dupla atacante: Aboubakar e Marega.

 

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