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16 de Outubro de 2017 às 12:41

Ser comandante ou ser bombeiro

O debate sobre a proteção civil entrou na ordem do dia pelas piores razões. Deficiências na organização, falhas de comando, negócios pouco transparentes, partidarização das chefias, etc.

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Vida por vida é o lema dos bombeiros. Há uma admiração coletiva absolutamente justificada por estes homens e mulheres que de forma voluntária se entregam ao serviço de quem precisa, seja no combate a incêndios, no socorro às populações ou no apoio a sinistrados e a doentes. Mas em 308 concelhos existem 472 corporações. Fará sentido? Quantos bombeiros são voluntários? Ninguém sabe. Quantos são remunerados e de que forma? Também não. Quantos são necessários? Ainda menos.

 

O debate sobre a proteção civil entrou na ordem do dia pelas piores razões. Deficiências na organização, falhas de comando, negócios pouco transparentes, partidarização das chefias, etc. Por respeito aos bombeiros, que embora sendo uma parte desta equação não são a única, tendemos a desculpar estes problemas e a atribuir responsabilidades aos políticos que tutelam o setor.

 

É tempo de assumir que falar de proteção civil é também falar de bombeiros e das suas associações. Por trás de cerca de 30 mil homens e mulheres, que de forma mais ou menos altruísta e mais ou menos bem preparada prosseguem nobres missões, há toda uma estrutura envolvente composta por gente que não só não é voluntária como daí muitas vezes retira benefícios indevidos.

 

Não podemos cair em generalizações nem estigmatizar quem desempenha estas tarefas. Mas num momento em que se repensa a estrutura de proteção civil não devemos deixar de fora da discussão aquele que é o seu principal suporte operacional - as corporações de bombeiros. Agregar associações, racionalizar procedimentos, rendibilizar meios humanos e materiais, premiar a inovação, a eficácia e a qualidade dos serviços, medir os resultados, devia ser tarefa prioritária para os autarcas recém-eleitos num quadro de criação ou reforço de redes intermunicipais, regionais e nacionais de socorro em que mais importante do que a associação que se representa, a farda que se veste ou a divisa que se tem no ombro, são as vidas que se salvam e o património que se conserva.

 

Jurista

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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