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João Nascimento: “Sem inteligência artificial não haverá transição energética”

Quando pensamos em energia e inteligência artificial, não é imediata a relação de simbiose entre os dois setores. Mas a verdade é que a IA depende a 100% da eletricidade para alimentar os centros de dados que proliferam pelo mundo.

Nem sempre a instalação de painéis solares leva a um aumento da capacidade produtiva de uma empresa.
Toby Melville/Reuters
28 de Maio de 2024 às 23:19
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“Sem inteligência artificial (IA) não haverá transição energética”. A garantia é dada ao Negócios por João Nascimento, responsável global pela Digital Global Unit da EDP. No espaço de quatro anos (entre 2023 e 2026), a empresa conta com um envelope de dois mil milhões de euros para investir em tudo o que é digital.

“Vemos o digital, os dados e IA como completamente críticos ao sucesso da transição energética, que a EDP quer liderar. E são críticos porquê? Porque não só aceleram a transição energética, como são um dos maiores facilitadores da mesma”, defende João Nascimento. Na origem está uma acelerada eletrificação da sociedade, que tem de ser acompanhada por um aumento significativo de toda a geração renovável. Juntos, os dois fatores vão exigir uma maior complexidade do novo sistema energético que será “gerida pelos mecanismos de IA”. E dá um exemplo: já desativada, a antiga central a carvão de Sines teve de ser substituída por outras fontes de energia renovável, uma descentralização que “vai implicar um maior esforço de coordenação e de eficiência do sistema elétrico como um todo”, com recurso a tecnologias de IA que a EDP começou a adotar há cerca de cinco anos.

No entanto, explica, a IA não será usada só para gerir redes elétricas, mas também para operar ao nível do consumo, em casa e no carro. “Há vários estudos que preveem que os carros elétricos vão ter um papel importante no futuro do sistema elétrico (mais avançado do ponto de vista digital), porque no fundo são baterias que se movem de um lado para o outro e que podem ir buscar ou entregar energia à rede, consoante as necessidades”, explica João Nascimento, acreditando que “toda esta camada de dados e de IA vai ajudar a tomar boas decisões com base em análises preditivas da meteorologia, dos padrões de consumo de energia, entre outras”.

Além disso, a elétrica tem uma espécie de ChatGPT interno, acessível aos cerca de 13 mil colaboradores da EDP em todo o mundo: “Não queremos deixar ninguém para trás neste movimento. Demos formação de IA Generativa a todos os níveis de empresa e temos métricas que nos dizem que para 80% das pessoas passou a ser uma ferramenta que usam e não querem voltar atrás”.

O responsável destaca alguns dos projetos de IA que estão já a ser aplicados no universo EDP, tal como o Analytics4Vegetation, que controla a vegetação em redor das linhas elétricas de média e alta tensão, para evitar falhas de energia. “Conseguimos saber daqui a quanto tempo aquele pinheiro, com aquele ramo, vai entrar na zona de segurança da linha”, explica. Soma-se o projeto Predis, que usa IA e “big data” para prever o consumo e a geração de energia para todos os clientes e ativos da rede em tempo real, usando diagramas de carga. E o Electric Dots, que define um plano de expansão da rede pública de carregamento elétrico. Nos call centers, a EDP tem o projeto Speech Analytics, projetado para melhorar a experiência do cliente.

Laboratório de IA

Também a Galp está a apostar na IA. Após ter integrado a primeira geração desta tecnologia nos seus processos e nas suas unidades de negócio há alguns anos, a empresa “está agora a evoluir para uma segunda fase, mais desafiante, de assimilação da IA Generativa”, disse ao Negócios fonte oficial da petrolífera.

A empresa criou mesmo um laboratório que acompanha cerca de uma dezena de provas de conceito (com vista a serem escaladas) na área industrial (projetos para ganhos de eficiência, sistematização e avaliação de dados, manutenção e segurança das operações) e corporativa (suporte, produção e análise de informação). Dois exemplos: o “TechPal”, “chatbot” que dá apoio informático aos colaboradores da Galp, lançado há poucas semanas, e no qual será incorporada GenIA para agilizar a resolução de incidentes; e o “CoPilot”, em parceria com a Microsoft, que apoia a criatividade e a produtividade dos colaboradores, e que também já foi adotado pela EDP.

Apesar de ser “uma das ferramentas mais poderosas que empresas e pessoas têm hoje à sua disposição, a IA não deve ser entendida como uma bala de prata”, diz fonte oficial da Galp. A petrolífera defende que “este processo deve responder a critérios de prudência e gradualismo, endereçando desde logo os desafios da escalabilidade da tecnologia e dos custos associados”.

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