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Esta nova fábrica na área da serralharia junta-se à capacidade adquirida antes nas componentes do estofo (Knot), da carpintaria (Woodskills) e do mobiliário (ADC). Esta última, por via da compra de uma empresa histórica do sector, acabou por ser o principal investimento, a rondar os 2,3 milhões de euros. Das 140 pessoas que trabalham neste grupo com sede na Maia, 70% estão afectas à produção, assegurando internamente 90% do abastecimento.
Em 2017, as vendas ascenderam a 16 milhões de euros e os lucros passaram de 500 mil para 1,4 milhões. O presidente, Carlos Santos, descreve uma "aposta grande na optimização das unidades produtivas e reforçar quadros nessa área", além da prioridade aos projectos que reforçam a sua própria cadeia de valor. "No ano passado, 80% do VAB (valor acrescentado bruto) foi criado com marca criativa nossa. É essa a aposta que queremos manter para o futuro", acrescentou.
Apesar de Portugal atravessar "um momento óptimo", a quota do mercado interno "pode crescer qualquer coisa, mas não passará de 2% a 3%". E concentrada na decoração de interiores. O foco continuará na exportação, que vale 99% da facturação e todos os anos conta com cerca de 40 destinos diferentes para os produtos da marca Frato (premium) e Altto (segmento médio-alto) - tem ainda a Idezi para a hotelaria -, o que demonstra uma "pulverização bastante grande".
Apesar das oscilações anuais justificadas por projectos de maior dimensão - foi o caso da remodelação do hotel Hilton em Abuja (Nigéria) ou do Kempinski, em Genebra -, o Reino Unido e o Médio Oriente mantêm-se no topo do ranking dos mercados preferenciais. "Tem a ver com a identificação com a Frato e também colhemos alguns frutos da presença física em Londres e no Dubai", justifica o empresário nortenho, em referências aos espaços comerciais próprios, respectivamente, nos conhecidos armazéns Harrods e no Dubai Mall, considerado o maior shopping do mundo e que recebe cem milhões de visitantes por ano. Além disso, este grupo familiar tem outras duas lojas em Xangai (China) e em Riade (Arábia Saudita), ambas em regime de parceria.
Outra aposta relevante, concretizada em Abril de 2018, foi a presença inédita na iSaloni, de Milão, a maior feira de mobiliário do mundo. Um evento muito orientado para o mercado 'trade' que "ainda tem um potencial de crescimento significativo nos próximos anos", assegurando Carlos Santos que o grupo que lidera já está a "tirar benefícios" dessa passagem por Itália.
Perguntas a Carlos Santos
Presidente do grupo Triva
"Temos de ser argutos para obter quota de mercado"
O presidente do grupo Triva dramatiza a aposta na flexibilidade para conseguir afrontar a forte concorrência internacional.
Que conselhos dá a uma jovem empresa?
Incentivo-a a apostar nos mercados externos, que são bastante seguros em termos de investimento. Estamos a viver um óptimo momento em Portugal, mas vamos ter ciclos. Nos mercados externos esses ciclos são diluídos por vários países, o que traz menos riscos. E a dimensão desses mercados é superior [à portuguesa].
Mas também mais desafiantes.
Sim. É preciso entender que são bastante competitivos. Mas há sectores, como o do mobiliário, em que produzimos bem e somos competitivos. As feiras são um bom arranque - foi assim que começámos - e devem aproveitar o Portugal 2020 para tornar este investimento mais leve. Mas, de facto, a produção nacional neste sector do mobiliário e estofo - tal como acontece no têxtil ou no calçado, por exemplo -, tem condições para vingar nos segmentos altos dos mercados externos. E depois é muito importante aliar a parte criativa à produtiva.
É relevante ter marca própria?
Sim. Mas bem estrutura, bem pensada, com criatividade. Bem trabalhada a nível comercial e de marketing. O relevante é a criação de valor e isso depende sobretudo da área criativa e do marketing.
Como concorre com as grandes marcas internacionais, como a Fendi, Versace ou Bentley, que agora tem linha de mobiliário?
Os concorrentes têm uma capacidade de marketing e um nome estabelecido no mercado, que nós não temos. Por isso, para lhes fazermos face temos de ser flexíveis - no preço não tanto, embora tenha de estar um pouco mais baixo -, mas na rapidez de resposta, na qualidade de produção e na criatividade. Temos de ser inventivos e argutos para obter alguma quota de mercado.
Empresa familiar dá emprego fabril
Negócio de família criado em plena crise
Fundado em 2010 por Carlos Santos e pela esposa, Patrícia, que antes tinham tido uma empresa de importação e exportação de acessórios de decoração -, o grupo Triva continua a ter uma estrutura accionista familiar.
70% dos empregados no chão de fábrica
Com instalações dividas pela Maia (escritórios e unidade de estofos) e Paredes (fábricas de mobiliário, carpintaria e serralharia), o grupo nortenho tem 140 funcionários, estando 70% deles dedicados à produção.