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Empresas exportadoras mostraram um grande poderio

O peso das exportações em Portugal tornou-se relevante, mas o comércio internacional está muito concentrado na Europa, onde as perspetivas de crescimento são baixas.

26 de Novembro de 2019 às 13:30
Vítor Fernandes: as empresas precisam de diversificar mercados. Nuno Fonseca
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"Temos um contexto bastante desafiante, abrandamento do comércio internacional, temos incertezas sobre o Brexit e a guerra comercial com a China e os EUA, que terá o seu epílogo, e, em seguida, vai abrir-se uma guerra comercial dos EUA com a União Europeia e, muito especialmente, a Alemanha, que tem sido um país com superavits comerciais consecutivos que tende a não equilibrar", alertou Vítor Fernandes, administrador do Novo Banco.

"Portugal passou défices crónicos da balança comercial de bens e serviços e talvez o problema de Portugal não fosse o défice público, embora fosse um tema relevante. O maior problema foi sistematicamente o défice da balança de comércio de bens e serviços", referiu.

Sublinhou que "houve uma mudança crítica que ocorreu em 2011-2012 e nos sete anos seguintes estamos em superavit comercial. Em 2019 deveremos tem um défice mas tudo aponta que seja pequeno, e se tiver a ver com o investimento, for produtivo, e transformar os nossos produtos em mais competitivos no mercado, será uma boa notícia".

Poderio das empresas

Considerou que a subida em dez anos do peso das exportações de 27% para 44% do PIB é uma boa performance mas "países com mercados internos de pequena dimensão têm que ter o peso de comércio externo muito maior".

Temos um comércio muito concentrado na Europa, onde as perspetivas de crescimento são baixas.

Em 10 anos, o peso das exportações passou de 27% para 44% do PIB.
Vítor Fernandes
Administrador do Novo Banco

As empresas exportadoras mostraram um grande poderio neste processo de internacionalização, passando de 4% de empresas exportadoras para 6%, mas mais importante, o volume de negócios cresceu de 20% para 35%.

"O peso das exportações tornou-se relevante, mas temos um comércio internacional muito concentrado na Europa, onde as perspetivas de crescimento são baixas, e diversificamos pouco para outras geografias como a Ásia, a África e as Américas, que vão registar crescimentos mais elevados" disse Vítor Fernandes.

Novo Banco resistente

Na agenda das empresas têm de estar a diversificação para mercados com maior pujança económica, bem como a digitalização e os temas do ambiente e das mudanças climáticas, tendências do comércio internacional.

"O Novo Banco é um banco muito focada nas empresas, com mais de metade do seu ativo investido nas empresas portuguesas. O banco resistiu este tempo todo porque era imprescindível para o tecido empresarial português", disse Vítor Fernandes. Salientou que têm "uma quota em geral de 15% nas empresas, maior do que nos particulares, mas temos 20% em tudo o que tem a ver com relacionamento com o comércio externo, trade-finance".

"Estamos num momento crucial de mudança de paradigma marcado pela predominância dos serviços sobre os bens. As guerras comerciais provavelmente serão resolvidas por um maior equilíbrio entre blocos, pois não poderiam persistir os desequilíbrios entre a China e os EUA e entre a União Europeia e os EUA. Mas o comércio internacional é fundamental para o desenvolvimento das economias e do PIB global" concluiu Vítor Fernandes.
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