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Galp: o presente no petróleo, o futuro no gás

O negócio internacional da Galp tem crescido, com o Brasil a arrecadar grande parte do volume de investimento. Contudo, Moçambique começa a afirmar-se.

09 de Outubro de 2019 às 15:00
Carlos Gomes da Silva afirma que a “exportação” ganhou um renovado significado. Miguel Baltazar
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A Galp é o maior exportador nacional. Mas dos territórios nos quais tem presença, há dois que ganham destaque: o Brasil, pelo peso que o pré-sal tem nas receitas, e Moçambique, onde as reservas de gás natural são a "grande aposta" para o futuro, aponta a empresa.

A petrolífera portuguesa investiu 900 milhões de euros nos últimos dois anos, um registo que pretende manter em 2019 e aumentar para os mil milhões em 2020. O grosso destes montantes tem-se destinado aos projetos de exploração e produção, com destaque para aqueles no Brasil dado terem a contribuição mais relevante para o EBITDA.

Contudo, o impacto dos projetos de gás natural no norte de Moçambique também já se faz notar: está a arrancar a construção e espera-se que estejam prontos em 2020. Um dos projetos mais exigentes é o Coral Sul, pois "envolve a implementação de uma sofisticada unidade flutuante de conversão de gás para o estado líquido". Este passo na direção de Moçambique e de um combustível fóssil menos poluente, o gás natural, é justificado pela empresa também tendo em conta o "contributo essencial na transição para uma economia mundial mais sustentável".


Empresa salienta que os projetos em Moçambique contribuem para uma economia mais sustentável.


Para além da exploração e produção, também estão em execução "investimentos importantes na manutenção e eficiência energéticas das refinarias, em infraestruturas logísticas e na renovação da rede de distribuição", acrescenta a empresa. Há ainda um plano de investimento para a transformação das linhas de negócio no que toca à tecnologia, digitalização e centralidade do cliente, a que acresce uma aposta nas geração de energia de base renovável primária.

O foco é no longo prazo

Confrontada com a trajetória de quebra nos lucros , a empresa afirma que, apesar de o contexto ter abalado os resultados dos dois primeiros trimestres deste ano, a Galp mantém "a expectativa de crescimento de médio e longo prazo". O EBITDA deverá superar em 2019 o de 2018, atingindo os 2,2 mil milhões de euros, e continuar a ascensão para ultrapassar os 3 mil milhões de euros de 2020 em diante. Os receios da aproximação de uma recessão económica são relativizados pela petrolífera, pois o estatuto de operador integrado de energia "permite mais resiliência a situações de desaceleração económica global".

SUSTENTABILIDADE

Do "ouro negro" ao verde

Biocombustíveis
Em 2018, a Galp introduziu em Portugal cerca de 130 mil metros cúbicos de biocombustíveis. Em 2020, conta atingir a meta de incorporação de 10%, utilizando os diversos complementos renováveis ao dispor, tanto em gasolinas como em gasóleos.

Eletricidade
A Galp foi pioneira na implementação da mobilidade elétrica em Portugal, e disponibilizou o primeiro posto de carregamento rápido elétrico numa área de serviço. Entretanto, lançou a primeira oferta integrada de mobilidade para as famílias portuguesas.


Em 2018, o valor das exportações da Galp foi de 3,1 mil milhões de euros, ou seja 5,4% do total das exportações nacionais, tendência que deverá manter-se em 2019. O negócio internacional tem vindo assim a aumentar o peso nas contas, representando atualmente cerca de 80% do EBITDA.

A justificar as vitórias da empresa, segundo a mesma, está uma estratégia clara e reconhecida, uma estrutura financeira sólida e uma cultura de gestão responsável em termos económicos, ambientais e sociais para todos os stakeholders.


Perguntas a Carlos Gomes da Silva
CEO Galp Energia

"Estamos a trabalhar num novo ciclo de investimento"

A Galp, como maior exportadora nacional, reúne uma vasta experiência de exportação. O CEO partilha parte da aprendizagem.

Que conselhos tem a Galp para partilhar com as empresas que pretendem tornar-se líderes na exportação?
A "exportação" ganhou um renovado significado em decurso dos desafios que o comércio digital e a globalização vieram colocar. Num mundo cada vez mais globalizado, a base territorial deve ser apenas um dos fatores a considerar, e apenas na medida em que possa contribuir para tornar o projeto de negócio mais competitivo e robusto. A prioridade deve ser dada à identificação de oportunidades, à mobilização de recursos em qualquer parte do mundo e, obrigatoriamente, na estratégia que enderece a dinâmica competitiva.


A Galp acredita que o segredo da exportação está em antecipar tendências.


Quais os maiores desafios da exportação?
O maior será essa mudança de mentalidade, assumindo o mercado à escala global. E naturalmente ter sempre presente que capacidade de antecipação e de adaptação a cenários cada vez mais voláteis é uma vantagem competitiva mais decisiva do que a dimensão.

Qual o segredo da Galp para se afirmar nos mercados internacionais?
Ter antecipado tendências e mobilizado os recursos para lhes dar resposta na altura certa, o que é especialmente desafiante em setores com ciclos longos de investimento como é o caso da energia. Os grandes investimentos que fizemos nas nossas refinarias no início desta década foram fundamentais. Neste momento, estamos a trabalhar num novo ciclo de investimento e de transformação para a próxima década, que será instrumental para que Portugal consiga fazer a transição para uma economia de baixo carbono nas duas décadas seguintes.
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